Maria Madalena - Margaret George
A MULHER QUE AMOU JESUS
Com este sub-título e os supostos seios da santa de Magdala retratados na capa, imagina-se um tórrido romance. Após 662 páginas concluímos que a autora ateve-se aos freios do chamado cristianismo imposto por São Pedro e São Paulo que pregavam a mulher calada, submissa e culpada. Culpa, culpa e mais culpa.
O amor entre ela e Jesus é platônico e culposo. Claro que a culpa da santa está em ela olhar desejosa para o mestre e ter nascido mulher.
Quem esperar que a mulher do terceiro milênio faça uma defesa mais construtiva da seguidora de Cristo vai se decepcionar, pois a autora limitou-se a livrá-la da pecha de prostituta, dando-lhe uma família, da qual acaba sendo expurgada.
Ví mais ousadia feminista em Dan Brown, que seguindo outras correntes, cita em O Código Da Vinci, Maria Madalena, como sendo o Santo-Gral, um útero santo para abrigar o santo Sangue-Real.
Dan Brown não tirou isso do nada, em A Linhagem do Santo Graal, Laurence Gardner, historiador e genealogista, rastreou os rebentos da Videira-Santa e encontrou um ramo em Camelot/Avalon (pg 224).
No romance, A Sacerdotisa de Avalon, Marion Zimmer Bradley, a autora, ousou gerar no Grande Rito de Avalon, nada mais nada menos, que aquela que viria a ser nomeada Santa Helena.
Este ramo da Videira-Santa, impregnado dos poderes do Merlin (seria descendente de um dos três Reis Magos?), fecundou-se na espada romana gerando Constantino, o Grande. Este foi o mega alavancador do Cristianismo, tendo como marco inicial o, por ele fomentado, concílio de Nicéia. Não que fosse um grande cristão, mas o argumento de um deus único, invisível, inatingível, onipresente... servia aos seus propósitos de prolongar seu tempo de imperador. Para tal não poupou a espada nem aos do próprio sangue. Fez da mãe seu elo com o cristianismo, desde o evento de Nicéia à busca de relíquias na Terra Santa, recuperando entre outras, as cabeças dos Reis Magos. Fica fácil imaginar que os poderes do Merlim ou dos Reis Magos, estiveram a serviço do Cristo, refazendo seus passos três séculos após sua morte.
Voltando à obra em apreço, e diante do que já circula no meio literário, ouso dizer que a obra acrescenta muito pouco à imagem de Maria Madalena. As mais de 600 páginas servem mais para retratar a vida do Cristo, como se fosse um evangelho segundo Maria de Magdala. De novidade apenas que nos evangelhos masculinos, Cristo envia os doze apóstolos e neste envia quatorze, pois Madalena e Joana estão inseridas entre eles.
É uma boa leitura, porém, o conteúdo é repetitivo para quem já leu o Novo Testamento.
Abraços...