TARJA BRANCA

Um de meus maiores desejos como leitor, sempre foi encontrar alguém que conseguisse reunir num só livro, o prazer em ler com a vontade de cantar as palavras e mais, ver as cenas produzidas pela vida através delas. Eis que eu tiro o meu pijama, visto uma roupa que seja branca para me despir de todas as impurezas que as cores possam por ventura representar e fico feito uma “tarja branca”.

Pego não um livro. Pego “o livro” e vou caminhando e cantando por ai com ele debaixo do braço. Assim é que me senti lendo a Rosa Pena, essa magnífica autora de Tarja Branca. Ou se preferirem lendo Tarja Branca, esse magnífico livro da autora Rosa Pena, num trocadilho que não altera em nada a satisfação de um leitor bem fornido e que não abre mão de uma boa prosa.

Quando eu disse... Vontade de cantar e assistir cenas, estava me referindo à ligação direta que a sua narrativa tem com a fina poesia musical e com o mais bem elaborado mosaico de flashs cinematográficos que alguém pode traduzir em palavras. Estilo em termos literários, alguns falam que o melhor é não ter nenhum. Dizem outros que o melhor é ter todos mesclados. Em Tarja Branca eu digo que se houve alguma intenção da autora em estilizar a obra, o leitor é quem saiu ganhando. Se o que conta é o prazer que a literatura evoca, eis o auge de gozo entre palavras. Ler as crônicas desse livro é ao mesmo tempo ler poesia, pela linguagem extremamente doce, leve e lírica é ler prosa e rir com vontade. É mais...

É cantar, é assistir a um filme a cada vez que se depara com uma nuance analisada pela autora, por uma cena vista por ela, por uma conversa com um personagem, ou dele conosco.

Viver, para ser prazeroso, tem que ir além de alimentar-se bem, vestir-se bonito e acumular bens. “A vida não é só isso que se vê: é um pouco mais. Os olhos não conseguem perceber, as mãos não ousam tocar, os pés recusam pisar.” Eis o espírito que se nutre com substância mais fértil, vinda da pena de Rosa.

É apaixonante do início ao fim sem nenhuma pedra no meio do caminho.

TARJA BRANCA

ROSA PENA

2010

Obs: A autora escreve também aqui no Recanto

josé cláudio Cacá
Enviado por josé cláudio Cacá em 22/06/2010
Código do texto: T2334033
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