"O Símbolo Perdido", Dan Brown
Gosto tanto de ler que costumo mesclar leituras, digamos, mais eruditas, com o mais popularesco, sem preconceito ou culpa. Muitas vezes por conta dos amigos, que me sabem voraz apreciador de presentes literários me cumulam de bestsellers; outras por minha própria culpa, tão grande culpa, e a vontade simples de me divertir, acho que já li tudo que saiu no Brasil do tal Dan Brown, o cara do Código Da Vinci.
Desta vez estava empacado nas Cartas do Tolkien, bicando aqui e ali as aulas de literatura italiana do Prof. Bruno Enei, estudando as metodologias ativas no ensino superior da minha amiga Gil de Brasíla, quando resolvi dar um tempo na seriedade e ler o novo do cara como quem vê um filme, sem grandes pretensões. Afinal, é para isto que o "Código" e, especialmente, "Anjos e Demônios" (meu favorito) prestavam, não?
Aqueles sim, este "Símbolo" não. Mais que pelo amontoado de clichês, o livro peca pela ausência de "pathos", pela narrativa frouxa, pelo caráter raso de seus personagens, pelos "furos" no roteiro. Uma pobreza generalizada que nem os "mistérios" maçons e as esquisitíssimas história e arquitetura de Washinton DC conseguem salvar.
Para fechar, em um livro que tenta promover um desfile de novas tecnologias, há um "facão" impressionante (ou um lapso, ou ainda mais um exemplo de pobreza imaginativa do autor), justo no momento crucial da história - acontecimento que não discuto aqui em respeito a quem não leu o livro, mas que ao leitor atento não passará despercebido.
Cada época tem seus mais vendidos, e sempre respeitei quem consegue criar um público cativo com a literatura hoje. Mas que dá saudades de um Forsyth, um Ludlum ou uma Patricia Highsmith, isso dá. E como!