Mecanismos propulsores da vida afetiva: os sonhos

Sonhar sempre fez e fará parte da história do ser humano. A sociedade necessita de sonhadores e sonhadoras com vontade de realizar os seus ideais para tornarem o mundo cada vez melhor.

O livro “Nunca desista dos seus sonhos”, de Augusto Cury, aborda inúmeras situações positivas que os sonhos provocam nas pessoas. Trata-se de uma obra com cento e cinquenta e quatro (154) páginas, e dividida em cinco (5) capítulos. Cada subtítulo traz uma palavra referente a sonhos. De suma importância não só para o meio acadêmico, mas também a toda pessoa, esse verdadeiro “tesouro” reúne informações cientificamente comprovadas pelo autor, que é psiquiatra e cientista.

Além de expor seus argumentos de forma convincente, Cury faz uso de uma linguagem poética: “Precisamos sair da plateia, entrar no palco de nossa mente e nos tornarmos atores e atrizes principais da nossa inteligência” (p.54). É assim do início ao fim do livro.

O autor conta a trajetoria de quatro pessoas: Jesus Cristo, Abraham Lincoln, Martin Luther King e ele próprio, Augusto Cury, que no capítulo quatro (4) compõe o enunciado: “Um sonhador que desejou mudar os fundamentos da ciência e contribuir com a humanidade” (p.92).

A vida de Cury ou simplesmente “A.C.”, como ele mesmo se denomina, passou por vários percalços, pois tinha uma visão crítica, discordando de seus professores: “Pouco a pouco, A.C. libertou sua criatividade e sua consciência crítica. Apesar de ter bons professores de psiquiatria, expandiu suas críticas a muitas ideias que eles ensinavam (p. 105). A partir daí, criou uma tese porque tinha suas próprias ideias, e foi em buscas de seus sonhos.

Por esse motivo, decidiu partilhar sua história com os leitores: “Decidi compartilhá-la com vocês para dar um exemplo mais próximo de alguém que chorou, atravessou crises, abandonou seus sonhos, resgatou-os e investiu neles” (p. 111).

Dessa forma, Cury afirma a existência, ainda, de professores que não permitem o senso crítico a seus alunos, pois querem simplesmente despejar informações:

“A.C. considerava que o sistema acadêmico estava doente, pois formatava universitários para consumir informações sem crítica, sem contestação. Os jovens estavam se tornando meros repetidores de informações, sem adquirir capacidade de enfrentar desafios e assumir riscos. O templo do conhecimento havia perdido os fundamentos do livre pensar” (CURY, 2003, p. 108).

O autor diz haver dois pilares que formam os pensadores: o da filosofia (a arte da dúvida) e o da psicologia (a arte da crítica), sem os quais, “os que não aprendem a duvidar e criticar serão sempre servos. A aceitação passiva das respostas pode abortar o desenvolvimento da inteligência” (Cury, 2003, p. 108). Essa afirmação pode ser confrontada com o “Mito da Caverna”, idealizado pelo filósofo Platão.

Nessa caverna há pessoas presas ao longo de sua existência, ou seja, nasceram e cresceram ali. Elas estão acorrentadas de tal forma, que só conseguem olhar para o fundo da caverna, jamais para a entrada. Do lado de fora há um muro, e também outros homens que carregam estatuetas, cujas sombras são projetadas no interior da caverna por intermédio de uma fogueira. Os acorrentados, ao verem essas sombras, confundem-nas com pessoas reais. De repente, alguém se rebela, e deixa a caverna. O rebelado, então, vai perceber a luz do sol, inclusive o equívoco, isto é, descobre que dentro da caverna não havia pessoas, apenas a sombra delas refletida pela claridade da fogueira.

Segundo Platão, caso a pessoa que se libertou resolvesse alertar os demais companheiros sobre a descoberta, provavelmente seria desacreditada, até mesmo ridicularizada. Se insistisse, certamente seria espancada e morta.

“O que é a caverna? O mundo em que vivemos. O que são as sombras das estatuetas? As coisas materiais e sensoriais que percebemos. Quem é o prisioneiro que se liberta e sai da caverna? O filósofo. O que é a luz exterior do sol? A luz da verdade. O que é o mundo exterior? O mundo das ideias verdadeiras ou da verdadeira realidade. Qual é o instrumento que liberta o filósofo e com o qual ele deseja libertar os outros prisioneiros? A dialética*” (CHAUI, 1997, P.41/41).

Nas escolas, infelizmente, também acontece o mito acima citado: “Damos o conhecimento pronto e acabado para os jovens. Não os estimulamos a criticar, questionar, discordar. Os alunos não descobrem, não criam, não ousam pensar, não se aventuram. O sistema, sem perceber, encarcera o ‘eu’, aprisionando-o na plateia, não o estimulando para que assuma seu papel de diretor do script da sua história” (CURY, 2003, p. 141).

Dessa forma, cabe tanto aos estudantes quanto aos professores se libertarem do “sistema falido”, e irem ao encontro de atitudes benéficas para que ambos possam sonhar. Os alunos, com uma formação baseada no dever e direito de discordar, duvidar e sugerir; os docentes, com a capacidade de compreender que ninguém nasce pronto, e por isso mesmo é necessário haver dúvidas. Elas geram a discussão, que aponta novas opiniões.

Finalmente, as opiniões remetem aos sonhos. E ninguém deve, jamais, desistir de sonhar.

*Dialética - A arte da argumentação, de trocar ideias.

REFERÊNCIAS

CHAUI, Marilena de Sousa. Convite à filosofia. 8 ed. São Paulo: Ática, 1997.

CURY, Augusto Jorge. Nunca desista de seus sonhos. Rio de Janeiro: Sextante, 2003.

Poesya
Enviado por Poesya em 06/10/2010
Reeditado em 07/10/2010
Código do texto: T2541727
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