A Menina Que Roubava Livros – Markus Zusak

(quando a morte conta uma história, você deve parar para ler)

Este é o texto da última capa. Concordo com ele. Você deve ler! Parado ou andando, leia!

Na primeira página o estilo do humor:

"Eis um pequeno fato: Você vai morrer."

Não tenho dúvidas. Morrerei.

Quando escrevo meus textos, preocupo-me com a fonte de informação. Pode o narrador ser onipresente? O narrador pode contar a história de quem morreu, se o defunto não lhe contou nada? Talvez possa. Eu é que tenho dificuldades para assimilar. Não houve um grande nacional que se meteu dentro da cabeça da cachorra Baleia e relatou suas emoções ao morrer? Faz sucesso até hoje!

Eu prefiro aplaudir a idéia de Markus Zusak que fez da senhora Morte a narradora do seu A Menina Que Roubava Livros. Achei genial, pois aí sim temos um narrador onipresente.

Mesmo estando super atarefada para colher as almas dos judeus, dos seguidores e dos inimigos do Führer alemão, a inusitada narradora tira uma folguinha para seguir os passos de uma pequena órfã (bis in idem) que por três vezes assiste ao seu trabalho. Uma vez quando colheu a alma do irmão da Roubadora de livros, outra quando colhia a de um aviador inimigo de Hitler e uma terceira durante uma tragédia que se abate sobre o pequeno vilarejo alemão, onde a menina vivia, deixando-a órfã até de amigos.

No meio de campo temos futebol, sanfona, medo, coragem, a juventude hitlerista e até um judeu que declara o Mein kampf (obra de Hitler) como o melhor livro do mundo, não pelo conteúdo, é claro, mas por ter salvado sua vida.

É uma obra abrangente, indo do amor platônico infantil às rabugices, de uma madrasta de meia idade, contra o mundo e é claro contra o marido. Rememora o drama dos judeus e a dor que também foi, novamente, imposta ao povo alemão, que nem cicatrizara as feridas da 1ª g guerra. A guerra faz vítimas em todos os lugares, entre inimigos, amigos e entre irmãos. Patriotas de outrora hoje está no rol de inimigos ou de cidadão não confiável.

Vejo ainda o texto como um alerta permanente àqueles que fazem de seus lideres uns totalitários. A unanimidade é um perigo!

Quando terminei de ler, reiniciei. Li novamente os três primeiros capítulos, vale a pena.

Abraços e boa leitura.

Eloy Fonseca
Enviado por Eloy Fonseca em 24/10/2010
Código do texto: T2574820
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