...É o meu corpo transformado em monte!

 
                                                                     "  Quem me dera encontrar o verso puro
                                                                                             O verso altivo e forte, estranho e duro, 
                                                                                                 Que dissesse a chorar isto que sinto!"
                                                                                                                         (Florbela Espanca)
 
 
Quem dera Florbela, eu pudesse encontrar os versos, nãos os duros e estranhos, mas os belos e ricamente rimados para dizer de minha paixão por sua obra!

Como dizer que minh´alma não está perdida, nem meus olhos estão cegos, que não vejo nada assim enlouquecida, sem negar meu encanto por seus versos?
 
A verdade é que vejo tudo misterioso e, mesmo as mesmas histórias tantas vezes lidas são mais ricas quando contadas por você...

 Concordo, tudo no mundo é frágil, tudo passa, mas sua poesia permanece, como a nos lembrar que toda regra tem exceção, pois somente Ele, Deus, é princípio e fim.
  
A poesia de Florbela é suave, lírica e sensual, ela usa os elementos naturais para falar, com leveza, das paixões do corpo e da alma. Há em seus versos a beleza de quem sabe fazer o verso erótico sem torná-lo banal.  "Panteísmo"  é um, dos muitos sonetos, marcados pelo pansensualismo.   
 
Tarde de brasa a arder, sol de Verão
Cingindo, voluptuoso o horizonte...
Sinto-me luz e cor, ritmo e clarão
De um verso triunfal de Anacreonte!
 
Vejo-me asa no ar, erva no chão,
Oiço-me gota de água a rir, na fonte,
E a curva altiva e dura do Marão
É o meu corpo transformado em monte!
 
E de bruços na terra penso e cismo
Que, neste meu ardente panteísmo,
Nos meus sentidos postos, absortos
 
Nas coisas luminosas deste mundo,
A minha alma é o túmulo profundo
Onde dormem, sorrindo os deuses mortos!

Esta foi uma vã tentativa de resenhar a obra florbeliana, cuja identidade literária mais marcante, talvez seja o pansensualismo – a utilização da natureza enquanto metáfora do corpo e da sensualidade, mas não pode, nem deve,  assim ser resumida. Ela é muito mais que isso. 

Encontramos em seus versos fortes traços passionais, onde o inconformismo com a condição das mulheres de sua época aparece gritando sua solidão, seus amores, sua tristeza e desilusão e erotismo...
 
O amor, uma espécie de acontecimento mágico, para ela, mistura-se a morte e ao sentimento religioso de forma encantadora. Em Florbela nada é pequeno, nem mesmo o mistério que envolve sua morte. 


 
 


  

N. A:

1. Isto deveria ser uma resenha, por incapacidade de encontrar o gênero deixei como resenha, já que o exercício pedia uma. Nos parágrafos iniciais usei versos da própria Florbela para expressar meu pensar/sentir sobre sua obra.

2. A obra lida foi Poesia de Florbela Espanca. Volumes I e II.
 
3. Obrigada Nena, adorei meu presente!!!!!


Este texto faz parte do Exercício Criativo – Resenha. Saiba mais, conheça os outros textos: http://encantodasletras.50webs.com/resenha.htm
Ângela M Rodrigues O P Gurgel
Enviado por Ângela M Rodrigues O P Gurgel em 04/03/2011
Reeditado em 04/03/2011
Código do texto: T2827869
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