SONETOS

(Guilherme de Almeida)

 

 

Outro dia recebi de presente, de uma amiga muito querida (que conhece minha preferência pelos sonetistas brasileiros), o livro SONETOS, reunindo a obra do poeta Guilherme de Almeida, constante em Toda a Poesia, organizado e prefaciado pelo poeta paulistano Paulo Bonfim, amigo e companheiro de boemia do poeta em questão.

 

Nesse prefácio, Paulo Bomfim cita a grande amizade e companheirismo com o poeta Guilherme de Almeida e suas participações políticas durante a Revolução de 32, em constantes reuniões na casa de seus avós maternos à Rua Rego Freitas, aqui em meu bairro, na capital paulistana. Guilherme de Almeida foi um dos combatentes nesse movimento revolucionista.

 

O livro reúne o que há de mais belo em matéria de sonetos, em sua essência profundamente romântica com ênfase nos processos rímicos, ritmos e verbais, no sentir, pensar e dizer, que fez com que Manuel Bandeira o considerasse o maior poeta e ensaísta em língua portuguesa. Sobressai, sempre, o artista dos versos.

 

A leitura é uma bela viagem pelos caminhos da poesia em sonetos, magistralmente escritos pelo Príncipe dos Poetas, a qual recomendo a todos que apreciam a magia e perfeição desse gênero de poesia, a meu ver, o melhor dentre todos.

 


SONETO

 

Mas não passou sem nuvem de tristeza

esse amor que era toda a tua vida,

em que eu tinha a existência resumida

e a viva chama de minha alma, acesa.

 

Nem lemos sem vislumbre de incerteza

a página do amor, lida e relida,

mas pouquíssimas vezes entendida,

sempre cheia de engano e de surpresa,

 

Não. Quantas vezes ocultei a minha

dor num sorriso! Quanta vez sentiste

parar, medroso, o coração de gelo!

 

- É que nossa alma às vezes adivinha

que perder um amor não é tão triste

como pensar que havemos de perdê-lo.

 

(Guilherme de Almeida)



Este texto faz parte do Exercício Criativo
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