O amanuense Belmiro-Cyro dos Anjos

“A alma descarrega suas paixões sobre objetos falsos quando lhe faltam os verdadeiros.”

O livro amanuense Belmiro conta-nos as confidências deste solteirão, que sofria do mal dos poetas de se entregar demasiadamente as imaginárias inquietações e se esquecer de viver a realidade.Escrever era a forma que ele tinha de libertar o seu pensamento e sentimentos, durante muito tempo ele almejava escrever um livro, e para isso mantinha um caderno de apontamentos onde escrevia suas memórias para futuramente publicá-los.

“Quando perguntado por sua amiga Jandira por que um livro?Já não havia tantos? Ele respondeu-lhe que perguntasse a uma gestante por que razão iria dar à luz um mortal , havendo tantos.”

Em uma noite de natal teve o desejo de reiniciar essa tarefa cem vezes interrompida.Belmiro cuidava de suas irmãs, uma carrancuda e a outra perturbada, não conversavam muitos mas por vezes a solidão faziam trocar umas poucas palavras.

A vida do amanuense era repleta de amores platônicos, e uma noite de carnaval conheceu a sua nova musa inspiradora a “Donzela Arabela” por quem mesmo sem conhecer sua verdadeira identidade nutria belíssimos sentimentos.Ao descobrir que o seu amigo Glicério a conhecia buscou estreitar a amizade e confidenciou a este o seu amor platônico e poético pelo “ Mito Arabela”.

Seu amigo Redelvim vai preso acusado de ter envolvimento com o partido comunista, porém o amanuense sabia que ele não passava de um anarquista lírico, nessa ida a delegacia Belmiro foi detido e acusado de mandar livros extremistas a Redelvim por seu intermédio, sua casa fora revistada e suas notas confiscadas, estas porém após a leitura do delegado serviram como provas incontestáveis da inocência de seu amigo e principalmente da sua.

Belmiro ver Carmélia sua amada “Arabela” ficar noiva de um primo, o distinto médico-radiologista Dr. Jorge de Figueiredo e partir para passar as núpcias na Europa.Não demorou muito viu seus amigos se distanciando, eles já não tinham o mesmos objetivos de antes e cada um tomava um novo rumo, o amanuense sentia-se na vida como apenas um procurador de amigos.

O amanuense Belmiro, nos fornece uma leitura agradável, envolvente e reflexiva; é fascinante o desenrolar da história desse homem de amor platônicos, que carregava consigo uma capacidade de sentir de incomparável intensidade, mas que porém não conseguia sair do papel, um homem que passou pela vida sem realmente vivê-la e que com menos de quarenta anos já via-se no fim.

Paula Dias
Enviado por Paula Dias em 02/02/2012
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