Guimarães Rosa: Imagem da internet

     Segundo Guimarães Rosa, as personagens do Corpo de Baile se entrelaçam como numa dança.  No Urubuquaquá, No Pinhem faz parte desta obra, está nele: A Estória de Lélio e Lina, que trata da relação homem e mulher e os vários tipos de amor, dentro de uma narrativa coerente e cativante.
 
     “Na entrada-das-águas, tempo de afã em toda fazenda-de-gado nos Gerais, um vaqueiro de fora chegou à do Pinhém”. Era de tarde, sob um rebuço de calor – o quente de chuva – quando as nuvens descem com peso e a camisa se cola em corpo de homem; dia de meio céu. A pulso fora o esforço: trezentas vacas parideiras, quantia delas aviavam parição, com a passagem da lua, e as boiadas bravas, trazidas de outros sertões, já ao primeiro trovão de outubro se lembravam de lá e queriam a arribada, se alçando dos enormes pastos sem cercas; carecia rebatê-las."
 
     A história se passa no sertão mineiro, onde o homem que não tem mulher está à procura de uma. Quando Lélio chega à fazenda está meio que fugindo de um amor platônico por Sinhá-Linda, moça da cidade, mesmo à distância é um sentimento forte que vai persegui-lo ao longo da narrativa.
     Ao chegar ao Pinhém, Lélio é apresentado às “tias” apelido dado à Tomázia e Conceição, que não eram prostitutas comuns, pois não cobravam dos vaqueiros, faziam por gosto, sendo assim respeitadas por eles. Vale salientar um fato curioso em toda a obra de Guimarães Rosa, a maneira que trata as “mulheres da vida” nunca são ambiciosas ou más. Na visão do autor são mulheres que amam o prazer e acham isso natural.
     Adiante, Lélio conhece Jini, uma mulata sensual na flor da idade, companheira do vaqueiro Tomé Cássio. Aqui, a atração física e o instinto falam por si em cenas picantes. Porém, Lélio sente-se culpado diante do amigo, ao dormir com Jini, durante sua ausência.
     Lélio tenta mudar de vida cogita a possibilidade de se casar com uma das moças solteiras; Manuela ou Mariinha, ambas bonitas. A falta de opção o faz confundir amor com amizade. Desiste da ideia quando percebe que seria apenas conveniência, então arruma noivado para Manuela com um dos vaqueiros e descobre que Mariinha ama em segredo, Seo Sencler o patrão casado.
     Lélio busca em todas as mulheres algo que não encontra em nenhuma delas. É aí que entra Dona Rosalina, uma velhinha simpática, e sábia que sempre o  aconselha, é uma espécie de mentora, o chama sempre de “meu mocinho” mostrando a Lélio a vida através do olhar poético. Ao seu lado ele encontra as respostas que tanto precisa para as dúvidas de seu espírito angustiado. A poesia constante nos conselhos e ensinamentos da senhora é essencial  na busca de Lélio.
 
     “Desde aquele ano todo, quase dia com dia, se acostumara a buscar da bondade dela, os cuidados e carinho, os conselhos em belas palavras que formavam o pensar por caminhos novos, e que voltavam à lembrança nas horas em que a gente precisava.”
 
     
 “(...) Meu mocinho, agora é você que vem vindo, e eu já vou-m`bora”. Agente contraverte. Direito e avesso... Ou fui eu que nasci demais cedo, ou você nasceu tarde demais.”.

 
    
 Com Lina, Lélio entende que o amor é uma “saudade sem razão”. Está ali a sua metade perdida.
 

     No final da história..............

 

 
Nota: Os trechos escritos na cor vermelha fazem parte  do livro. Gosto de tudo que o autor escreveu mas este  é um dos meus preferidos,  recomendo.

 

Este texto faz parte do Exercício Criativo. Leiam os outros textos com o mesmo tema, acessem o link abaixo:
 

http://encantodasletras.50webs.com/resenha2011.htm

Maria Mineira
Enviado por Maria Mineira em 05/03/2012
Reeditado em 05/03/2012
Código do texto: T3536215
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