ENSINO DA GRAMÁTICA. OPRESSÃO? LIBERDADE?

ENSINO DA GRAMÁTICA. OPRESSÃO? LIBERDADE?

DUARTE. Toni da Silva.

BECHARA, Evanildo. Ensino da gramática. Opressão? Liberdade? 12a. ed. SP: Ática, 2006.

Nascido em Recife (PE), Evanildo Bechara é o quinto ocupante da Cadeira n. 33 da Academia Brasileira de Letras.

Nesta obra, o autor traz à tona as interpretações a respeito do ensino na língua portuguesa, ora focada na norma culta ora focada na oralidade. Fazendo uso de argumentos técnicos, ele ressalta a importância do aprendizado da gramática, não desprezando a maneira de se comunicar de forma coloquial, haja vista ser uma é solidária da outra.

1. PROBLEMATIZAÇÃO

A opressão do ensino da língua pode ser facilmente observada. Tal observação se torna ainda mais clara quando surgem ideias taxativas do “certo” e do “errado”. Conforme afirma Bechara, optar exclusivamente entre a oralidade ou a gramática normativa é oprimir toda a capacidade de pensar e de se comunicar que o indivíduo possui. As mudanças no ensino da língua, proporcionaram o culto à oralidade. Isso, agravou a antiga distância entre o falar e o escrever, perfazendo uma crise institucional do ensino do português.

2. RESENHA

Um aluno das primeiras séries dificilmente perceberá o elo existente entre a gramática normativa e a fala do dia a dia. Para ele, existem dois mundos: um escolar, baseado em regras para serem decoradas e outro possuidor de uma linguagem simples e sem regras. O aluno não percebe que ao solicitar algo no seu próprio lar, mesmo de forma coloquial, obedece à estrutura da oração. Afinal, ninguém diz: “com fome eu estou”. A forma direta “eu estou com fome” é a pura estrutura sujeito, verbo, predicado se fazendo presente. O eminente professor Bechara é categórico ao citar a posição de Halliday. Para Halliday as funções da linguagem vão além do tradicional conceito de emissor, receptor. Ou seja, o tradicional processo da comunicação engessa a possibilidade de o aluno explorar horizontes linguísticos.

Com bem afirma Bechara, não há como optar pela oralidade ou pela gramática, pois ambas têm seu papel no processo do aprendizado e do uso da língua. Como exemplo, o simples conhecimento das classes gramaticais já capacita o aluno a não cometer erros básicos de ortografia, já que os substantivos derivados de adjetivos são grafados com a letra “z”. Esse simples conhecimento fará com que o discente escreva “limpeza” e não “limpesa". Ainda exemplificando a importância da gramática, podemos citar a simples forma plural do termo “pé-de-moleque” que é “pés-de-moleques”, pois se sabe que, na forma plural, os substantivos compostos ligados por preposição terão apenas o primeiro termo flexionado.

Resolver tais problemas de ensino até poderia ser fácil, mas a solução esbarra na carência na formação do professor de português. Ele, por sua vez, também fora prejudicado quando aprendiz da língua materna. Com isso, como em um ciclo, os erros têm sempre continuidade. Bechara, de uma forma bastante clara, explicita a importância de o professor criar, no aluno, bases de uma política linguística, capacitando-o a alcançar uma cultura integral. Ou seja, chegar à cultura que compõem os programas de ensino superior. Por fim, é importante concordar com o citado professor, no que tange aos limites no papel do docente. Pois é ele quem carrega, injustamente, toda a culpa da crise no ensino.

3. CONCLUSÃO

A obra resenhada, possibilita uma reflexão entre a comunicação oral e escrita, estabelecendo que ambas são necessária para o ser humano. É possível ainda refletir sobre importância da continuidade do ensino da gramática nas escolas, já que ela é a estrutura da língua, ainda que seja na oralidade do aluno. O que o indivíduo desconhece é a estreita ligação entre o falar e o escrever. Tendo o conhecimento desse elo, o aluno compreenderá as possíveis variações linguísticas da língua materna.

Toni Duarte
Enviado por Toni Duarte em 23/03/2012
Código do texto: T3571876