Ei, Senhora Aviação! Trecho do livro "Tripulantes - A Dor do Glamour"

E aqui estamos, todos nós com os olhos fixos nela: cientistas, estudiosos, pesquisadores, técnicos, engenheiros, psicólogos, médicos, empresas, acionistas, a mídia, o mercado financeiro, tripulantes e passageiros... Todos com os olhos em uma única estrela: A Aviação.

Sim, ela nos fascina e nos provoca. Ela é enigmática, complexa, moderna, frágil e ao mesmo tempo maravilhosa.

Um Sistema que envolve milhares de vidas em todo o mundo em uma sincronia: Ir e vir. Levar e trazer. Decolar e pousar...

A Aviação tornou-se necessária a todos nós. Para que o nosso mundo de hoje em dia “funcione”, precisamos da “Sra. Aviação”.

Mas e quando ela nos rouba? E quando perdemos pessoas queridas em acidentes? Ou quando nós mesmos perdemos nossa qualidade de vida para a Aviação? Como nos comportamos?

Então aquela imagem de “estrela” fica um pouco ofuscada...

Ficamos “magoados” com a Aviação. Ela não precisava ser assim... Ou precisava? Então nos viramos e perguntamos a ela:

“Ei Sra. Aviação, o seu lema é segurança ou lucro? Sra. Aviação, posso lhe sugerir algo?”

Ela sequer vira-se para nos responder... Continua soberba pelos céus do Brasil, e algumas vezes pelo chão, feita em destroços e vidas perdidas. Mas lá estão os cientistas, investigando porque a Sra. Aviação foi parar no chão, reduzida a destroços... Eles pesquisam, pesquisam e pesquisam... E continuam com suposições, estudos, teses, testes, e lindas palavras complicadas de cientistas. Palavras que fazem com que os meros mortais precisem estar com seu colega o “Sr. dicionário” ao seu lado durante a leitura tão elaborada.

Mas por que tanta pesquisa? Para quê tantas leis? Por que tanta retórica? A resposta aos estudos, pesquisas, dúvidas e questões, é tão simples...

A Sra. Aviação precisa ter AMOR.

Você não está rindo de mim não é leitor? É verdade o que eu digo! O amor pode evitar acidentes. Estou apenas passando para o papel o que a maioria dos tripulantes conversa com seus familiares, colegas e até consigo mesmo. E os tripulantes são para a Aviação o que os cozinheiros são para os restaurantes. Um cozinheiro sabe o segredo dos alimentos, os tripulantes sabem os segredos da aviação. E esses segredos serão desvendados agora, como em um livro de receitas.

“Aviação” pode até rimar com “humanização”, mas não tem agido com humanidade.

Existe uma união de Hospitais em Curitiba chamada “Aliança Saúde”, eles distribuem um informativo chamado “Saúde Integrada”. Lendo um de seus informativos, achei interessante o título de um Congresso:

II Congresso de Humanização com o tema: “A Dimensão do Cuidado”. O objetivo do evento foi fomentar a reflexão e a discussão sobre a dimensão do cuidado e da espiritualidade na humanização hospitalar.

(Informativo: Saúde Integrada, Edição n° 24, pg 04 – Agosto 2011)

Louvável a atitude dos Hospitais que estão observando a necessidade de humanização hospitalar. Aqui estudaremos a humanização na aviação. Tal congresso foi organizado pela gerente de Humanização da “Aliança Saúde”, Vanessa Ruthes.

Frederico Unterberger, provedor da Santa Casa de Curitiba, diz no encarte: “A sociedade começou a se especializar, desenvolver tecnologias, mas só estas não resolvem todos os problemas do paciente.” (Informativo: Saúde Integrada, Edição n° 24, pg 04 – Agosto 2011)

André Luiz Oliveira, coordenador nacional da pastoral da Saúde da CNBB, diz: “O ser humano está muito carente de atenção, compreensão e diálogo...” (Informativo: Saúde Integrada, Edição n° 24, pg 04 – Agosto 2011)

Mas por que iniciar um livro sobre tripulantes falando de humanização hospitalar? Começamos assim porque o foco desse livro não é a Aviação, mas a falta de respeito pelas vidas que fazem a aviação acontecer. Vidas que são prejudicadas por vários fatores, e esses problemas poderiam ser tratados com HUMANIDADE, assim como esses profissionais da saúde hospitalar têm feito.

Se houver AMOR na Aviação, ela se preocupará com a confecção de uma Escala de vôos HUMANA, porque será executada por um ser humano. Será “um problema” confeccionar tal Escala? Custará muito? Exigirá muito? Demanda muitas mudanças? Mexe com muitos setores?

Um avião custa muito mais, exige muito mais, mexe com muito mais setores, e nem por isso as Empresas deixam de adquiri-los. O amor se importa com vidas em primeiro lugar, e não com lucro. Investir em vidas não é perda... Esse é o verdadeiro lucro.

Certamente é muito mais complexo montar uma Aeronave completa, equipá-la e colocá-la no céu, do que confeccionar uma escala de vôos HUMANA. Se conseguem realizar a primeira “proeza”, como se isentar da segunda?

Como dizer: “Oh, é muito complicado, muito complexo, muito caro, é um grande passo, é um trabalho árduo, é demorado, etc, etc...” E muitos outros empecilhos que são inadmissíveis quando o resultado final é a qualidade de vida das pessoas que fazem a Aviação funcionar.

As Empresas acabam gastando da mesma maneira ou até mais quando não se preocupam em HUMANIZAR a Escala de seus tripulantes. Vejamos o “dominó”:

1. Empresas têm contas a pagar.

2. Passageiros contratam o serviço das Empresas.

3. Empresas contratam tripulantes para atender aos passageiros.

4. Empresas pagam aos tripulantes para que exerçam função a bordo.

5. Tripulantes precisam de uma escala HUMANA.

6. Empresas podem alegar que “custa caro” organizar uma Escala HUMANA.

7. Os tripulantes ficam doentes por falta de uma escala HUMANA.

8. Vôos são cancelados por falta de Tripulação, que estava doente.

9. Empresas PERDEM o dinheiro que poderia ter sido utilizado com a confecção de uma Escala HUMANA porque não quiseram “perder dinheiro confeccionando uma escala HUMANA.”!

10. As Empresas, ao tentarem se poupar financeiramente de gastos com a tal escala HUMANA, acabam gastando muito mais por terem tantos tripulantes afastados de vôo por depressão e outros problemas crônicos adquiridos pela escala em nada HUMANA que recebem para executar.

O amor praticado minimizará o trabalho do cientista que passa horas em seu laboratório de pesquisas tentando “descobrir” o motivo de tanta fadiga que acomete os tripulantes...

Falta de AMOR é o nome do motivo principal...

Se houver AMOR na Aviação ela se importará com o piloto que não dormiu devido à Escala e terá que transportar vidas, se importará com os comissários que estão efetuando um serviço de bordo perigoso à sua segurança, e se preocupará com centenas de passageiros que pagam justamente para que a Sra. Aviação continue funcionando com “segurança”.

Alguém aí, por favor, avise aos cientistas que a resposta é o AMOR... Tudo é válido, todas as pesquisas são úteis, e enriquecem nosso conhecimento, mas sem AMOR, as “descobertas” não serão colocadas em prática... E não passarão de meras estatísticas... E novos acidentes podem ocorrer. O AMOR não “acabará” com os acidentes, mas diminuirá tremendamente o número de acidentes e incidentes.

Sem AMOR por parte das VIDAS que dirigem as Empresas Aéreas, os cientistas trabalham em vão muitas vezes. Eles podem descobrir a raiz de vários problemas... Podem gastar milhões de reais, euros e dólares em testes e simulados, mas sem amor pelas vidas, as empresas não irão aplicar as “descobertas”, continuarão apenas focando no lucro, no lucro, e no lucro...

Alguns líderes de empresas pensam:

“O Brasil é um País tão grande em extensão, as pessoas PRECISAM pegar um avião, elas não podem dar-se ao luxo de tentar atravessar o Brasil pelas Estradas, por isso, as pessoas precisam se submeter à minha Aviação!”

Hum... Algumas empresas que se envolveram com a Sra. Aviação estão um pouquinho, mas apenas ‘um pouquinho’ soberbas... Vamos falar então sobre o AMOR. Se eu amo, eu cuido: Cuido das vidas que pagam e são conhecidas por “passageiros”, e cuido das vidas que recebem meu pagamento para levar os passageiros, e são conhecidos por “funcionários”.

Ainda que eu fale a língua dos homens e dos anjos, [...] e ainda que eu conheça todos os mistérios e toda ciência [...] e ainda que eu desse meu corpo para ser queimado, se não tenho amor, nada me valeria... (1 Coríntios 13: 1-3)

Permita-me traduzir para a linguagem do nosso livro?

Ainda que eu tenha uma Empresa com um nome reconhecido internacionalmente...

E ainda que eu tenha a maior frota de aviões...

E ainda que eu tenha o maior número de horas de vôo...

E ainda que eu tenha o melhor serviço de bordo...

E ainda que eu tenha parcerias internacionais...

E ainda que eu tenha prêmios internacionais...

E ainda que eu tenha vôos internacionais...

E ainda que eu tenha qualquer coisa internacional...

E ainda que eu tenha qualquer coisa que não foi citada aqui e que me faz sentir soberba e altivez...

SE NÃO TENHO AMOR, nada me valeria.

NADA ME VALERIA...

Vejamos então na continuação, o que afinal é esse tal “AMOR”:

O AMOR é...

Paciente, é bondoso, o amor não arde em ciúmes, não se orgulha, não é soberbo. Não se porta com indecência, não busca seus próprios interesses, não se irrita, não considera o mal. Não se alegra com injustiças, mas se alegra com a verdade. O amor nunca falha. (1 Coríntios 13: 4-8)

Vamos traduzir novamente para nosso livro?

O AMOR é:

Paciente com o passageiro, paciente com o tripulante, não se orgulha da classe onde vai viajar, não busca os próprios interesses, mas dos funcionários, e os tripulantes buscam os interesses dos passageiros, e os passageiros buscam os interesses dos tripulantes, os tripulantes buscam os interesses do pessoal da escala, que por sua vez busca os interesses dos tripulantes...

O amor não se alegra com a injustiça cometida contra os tripulantes pela escala de vôos, ou com as injustiças cometidas pelos tripulantes contra os passageiros ou contra a escala de vôos e com as injustiças cometidas pelos passageiros contra os tripulantes... O amor NÃO SE ALEGRA... Ele não se alegra! O AMOR NUNCA FALHA.

Diretores de Empresas Aéreas: O amor de vocês pelos tripulantes nunca falha.

Chefia: O amor de vocês pelos tripulantes nunca falha.

Escala: O amor de vocês pelos tripulantes nunca falha.

Passageiros: O amor de vocês pelos tripulantes nunca falha.

Mas ele tem falhado... E é sobre isso que falaremos. Sobre a dor do glamour... Dor que milhares de tripulantes têm sentido na pele. Porque o AMOR tem falhado.

Vamos ministrar AMOR aos tripulantes!

Tripulantes, sintam-se muito AMADOS enquanto lêem essas páginas!

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http://pt.scribd.com/doc/105426107/Tripulantes-A-Dor-Do-Glamour

Rosaine Dalila
Enviado por Rosaine Dalila em 09/09/2012
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