Os 10 melhores livros de crônicas que li em 2012

Devo ser a pessoa que mais lê livros de crônicas no Brasil. Embora seja um gênero até certo ponto popular, não imagino que outra pessoa saia garimpando sebos e bibliotecas atrás de cronistas obscuros ou já esquecidos. Também não acho que mais alguém dedique mais de 70% dos livros de literatura para a crônica. Então, quero acreditar que tenho ao menos algum conhecimento de causa. E, com base nele, escolhi os 10 melhores livros de crônica que li este ano, a exemplo do que fiz ano passado.

(Veja aqui os livros de 2011: http://www.recantodasletras.com.br/cronicas/3392565)

Novamente, quem ganhou foi o Nelson Rodrigues. Como já li todos os livros do Rubem Braga, o nosso cronista mais ilustre só aparecerá eventualmente nestas minhas listas, quando me disponho a relê-lo. Eis o resultado:

10. Inverno em biquíni - Henrique Pongetti. Cronista famoso nos anos 60 e 70, Pongetti escreve textos cultos, nem sempre fáceis, marcados pela elegância no estilo e serenidade no tom, em abordagens pouco tradicionais que, vez ou outra, nos levam ao riso de canto de boca.

9. Bom dia para nascer - Otto Lara Resende. Com um início difícil, a adaptação ao estilo de Otto ao longo da leitura garante diversão em bons textos sobre assuntos gerais, mas também específicos como etimologia, literatura, política e até mesmo animais.

8. Melhores crônicas - Ferreira Gullar. Famoso pela poesia, Ferreira Gullar é um nome que merece ser mencionado também entre nossos bons cronistas. Esta coletânea mistura textos marcados pela singeleza, pela crítica social, pelo humor e por algumas experimentações.

7. Quarta-feira - Eric Nepomuceno. É um livro em que os gêneros se misturam (crônica, conto e ensaio). Mas Eric também esteve sujeito á memória pessoal, e com ela escreveu casos singelos, alguns humorísticos, além de mini-reportagens típicas da crônica.

6. Diário da patetocracia - José Carlos Oliveira. É o testemunho incisivo mas bem-humorado de Carlinhos Oliveira diante da evolução dos acontecimentos políticos e sociais que fizeram de 1968 um dos anos mais marcantes da nossa história recente.

5. As terras ásperas - Rachel de Queiroz. Na casa dos 80 anos, Rachel de Queiroz escreveu crônicas que em nenhum momento resvalam em saudosismo. São textos maduros e concisos em que se posiciona criticamente sobre questões importantes e contemporâneas.

4. O caos nosso de cada dia - Carlos Eduardo Novaes. Herdeiro de Stanislaw Ponte Preta, Novaes destila um humor certeiro, mordaz, divertidíssimo, diante dos problemas sociais e urbanos que, quase 40 anos depois, continuam gerando o caos em nossos cidades.

3. Um cartão de Paris - Rubem Braga. Crônicas da velhice de Braga, cheias das mesmas belezas e desencantos. Relatos episódicos, impressionistas, ou simples recordações, nascidas de livros, dicionários, revistas, e temperados com a ironia tão típica do gênero.

2. A Semana - Machado de Assis. Mestre do gênero, só não é melhor saboreado pelo tempo, que deixou referências obscuras em seus textos. Comparações, associação de deias, o exagero claro e desnorteador revelam a ironia em seu mais perfeito estado. Um primor.

1. A cabra vadia - Nelson Rodrigues. Aqui estão algumas das coisas mais divertidas e originais que já se escreveu em português. Entrevistas imaginárias, personagens caricatos e sacadas extraordinárias aplicadas nas suas principais argumentações dos anos 60.

Henrique Fendrich
Enviado por Henrique Fendrich em 15/12/2012
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