UMA CHAVE IMPORTANTE – A CURA DA CRIANÇA FERIDA

CELANO, Sandra. Corpo e mente na educação: uma saída de emergência. Petrópolis: Vozes, 1999. Cap 3.

Somos a história de nosso ser, onde o corpo é a lápide de nossos acontecimentos, tudo que revelamos paira sobre nossas cabeças como forma de anúncio de uma vida que tivemos antes. Assim, somos a construção de nossas energias psíquicas infantis, ou seja, o ser humano que se revela é a síntese de uma infância bem ou mal vivida, o nosso organismo projeta, no presente, aquilo que em nós, foi passado.

De acordo com Celano (1991), tudo que vivemos na infância reflete em nós como espelho, são as ações adultas que dirão nossa infância. Se, por acaso uma criança vive em sua plenitude, em um ambiente onde possa expressar seus desejos, tenha liberdade, possa ousar, experimentar, sem repressão, viva em sintonia com o ambiente, com a natureza, ela terá maiores possibilidades de ser um adulto “saudável” tanto físico, como espiritualmente.

Por outro lado, o abandono, a rejeição, as diversas formas de opressão, a humilhação, manifestam no adulto as mais variadas formas de desequilíbrios emocionais, afetivos e cognitivos, e ao invés de mel, distribuiremos fel por onde passarmos. Seremos, visivelmente, seres intransigentes, intolerantes, venenosos, pois carregamos dentro de nós um “núcleo energético vivo que vai insistir em buscar sua própria resolução em nossa vida adulta, chamando a atenção o tempo todo através de sintomas/linguagens que precisam ser decodificados e compreendidos”. (p. 46-7)

O que nos cabe, como seres que buscam o melhoramento de suas ações, é atender às necessidades que surgem ao longo da vida adulta. É buscar a sintonia com nossa essência, eliminando a carência afetiva, emocional, a frustração, a infelicidade, visto que, se conduzimos tal sentimento, não podemos entrar em sintonia com nosso cosmo, com nossas energias positivas, essenciais para que nos tornemos educadores de verdade, pois dificilmente conseguiremos transmitir segurança, conhecimento, afetividade, auto - estima se em nós próprios esses elementos não existem.

O mesmo cabe as famílias, reconhecerem, em seu interior, a criança que pede passagem. Pois, se a atropelamos não lhe damos a devida importância, e refletirá nos seus atos em relação ao seu próximo. Seja educador, pai, mãe, enfim, qualquer que seja que ocupe uma posição de poder sobre o outro, que não procurar trabalhar sua energia interior não passará bons fluídos ao seu semelhante. É como o velho ditado: “A sua boca só fala daquilo que seu coração está cheio”, isto é, você reflete somente o que guarda em seu interior.

Assim, o caminho para a transformação está dentro de nós, e, como educador, devemos usar a humildade e procurar trabalhar primeiramente nossas crianças internas, a luz de muita observação, pois quando adentramos o campo educacional são muitas vidas que estão em jogo e que dependem de nossos olhos e ouvidos atentos, e se não nos conhecemos a fundo, jamais vamos conhecer o outro.

Fran Souza
Enviado por Fran Souza em 01/02/2013
Código do texto: T4118012
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