Resenha: A Bagaceira ganha adptação de escritor paraibano

A Bagaceira, de José Américo de Almeida

Adaptação: W. J. Solla

Direção: Fernando Teixeira

Elenco: Elton Veloso; Walmor Pessoa; Kilma F. Bezerra; Tião Braga; João Dantas; Sebastião F ormiga; Maria Betânia; e Damião Rodrigues

Capa: Fotos Dagoberto – Fabiana Veloso

Soledade – Gilberto Stuker

Fundação Cultural de João Pessoa

Apoio: FALTEC

SONETO CV

Não chame o meu amor de Idolatria

Nem de Ídolo realce a quem eu amo,

Pois todo o meu cantar a um só se alia,

E de uma só maneira eu o proclamo.

(Wiliam Shakespeare)

A Bagaceira, adaptação do escritor W. J. Solla, ensaio teatral sob a direção do teatrólogo Fernando Teixeira; obra produzida, na década de noventa, por ocasião de sua dissertação de mestrado.

O texto reproduz, em formato dramático, o romance considerado como marco inicial da Literatura Brasileira Regionalista. História contemporizada à fase de intensa seca no nordeste.

Trata-se de uma tragédia contemporânea aos séculos XIX e XX, enfocando uma briga, de ferro e fogo, entre pai e filho por causa de um ‘amor sem futuro’. A pretendente, além de ser pobre, era também de cor escura. Lúcio, filho do senhor de engenho, e ainda doutor-advogado se apaixonara pela filha de um dos empregados da fazenda do pai.

Soledade, filha de Valentim, na verdade, era prima de Lúcio, daí a semelhança com sua mãe morta; o pai dela era irmão da mãe do iozinho; enigma destrinchado apenas no desfecho final. Lúcio ao retornar da capital, onde concluíra os estudos, fora seduzido pela formosura de Soledade. Porém, chegara tarde, pois seu pai Dagoberto já havia se ‘enrabichado’ pela beldade Soledade; e mais, ela era sua amante. Valentim assassina o feitor Manuel Broca, após Soledade denunciá-lo pra safar o patão e amante do pai enfurecido e deshonrado.

Fragmento:

(…)

Soledade

Pois bem: foi o feitor (“cruzou os braços, acintosa”.)

Agora quero ver!…(“Silêncio aterrador”. Valentim se descontrola. Solta Soledade, vai à frente. E, rapidamente, sem Broca perceber, esfaqueia-o para espanto e terror de Soledade…) p.49

A obra é o quadro fiel expressionista marxniano e realista, onde se encontram preconceito e fragilidades sociais; falsos juízos de valores profícuos nos meandros das aparências e condições humanas; peculiares numa sociedade de classe de prepotentes senhores de terras com arraigados princípios; e ridículos caracteres do homem.

Assim, fecho essa breve escrita sobre A Bagaceira (adaptada pelo o eminente roteirista Solla) obra que, no mínimo, é inspiradora pra um eventual produtor teatral.

Deixo aqui os meus parabéns a todos que fizeram parte desse fabuloso trabalho.

MERDAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!

Lourdes Limeira
Enviado por Lourdes Limeira em 01/03/2013
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