Névoa

Título: Névoa – Contos sobrenaturais de suspense e de terror

Organizador: Cristiana Gimenes

Autores: A. Schermak, Ademir Silva, Aislan Coulter, Alexsandro Menegueli, Anderson José, André Cardoso, André Annansi, Cláudia Banegas, Clovis de Moraes Fajardo, Daniel Rocha Silveira, Danilo Souza Pelloso, Davi Paiva, Di Acordi, Eliane Verica, Felipe T.S, G. Lamounier, Gabriel Réquiem, Gabriella Lara Silva, Gaby Souz, Giulia Alzuguir, Johnathan Bertsch, K. Melquíades, Lily Silva, Lucas Scoppio, Mandy Porto, Mara S., Marcus Achiles, Mateus Mourão, Melina Souza, Paulo R. Ongaro, Rafaela Albuquerque, Rafael Bellozi, Ramón da Silva, Samuel Medina, Sheila Schildt, Thais Pampado, Victor Bertazzo, Victor Lopes, William Wagner Westphal

Editora: Andross

Ano: 2013

Número de Páginas: 224

O terror é hoje um dos gêneros mais explorados na arte, seja nas telas de cinema ou em livros. Isso se dá por ele ser produto de uma das emoções mais sinceras e primordiais, e não de todo humana: o medo. Assim, grandes artistas têm se destacado na literatura de terror, das mais variáveis formas, trazendo os mais diversos temores e cenas, às vezes asquerosas, doutras sanguinolentas, ou ainda abordando horrores existenciais, de universos distantes.

Dentro deste contexto mais que diversificado, algumas antologias de terror tem surgido no cenário da literatura nacional.

Estruturar uma antologia de contos de vários autores deve ser um trabalho extenuante, ainda mais que editar de um único autor. Imagino isso por causa de algumas experiências que tive ao ler rascunhos e manuscritos de amigos várias vezes e perceber a relutância de alguns em admitir um erro em seu trabalho. Desta forma, trabalhar com o estilo de várias pessoas, analisar e corrigir o que escrevem, adaptando-as quando necessário e permitindo que a diversidade exista, mas que se adeque à proposta inicial do livro, deve ser um desafio e tanto.

Assim, acho que Cristiana Gimenes fez ótimas seleções para a antologia Névoa – Contos sobrenaturais de suspense e terror, publicada recentemente pela editora Andross. Porém, não sei se por descuido dos revisores ou pela correria para atender aos prazos, alguns erros ortográficos podem ser encontrados durante a leitura. Erros são perfeitamente naturais em obras literárias, aceitáveis, mas acredito que mancha um pouco a imagem da editora perante o público.

Outra crítica pertinente, referente agora aos textos apresentados no livro, é referente aos diálogos. Apesar de eu não ser um rígido seguidor de diálogos esdrúxulos, vejo-os como necessários para uma nos aproximarmos da verossimilhança enquanto lemos ou escrevemos. Diálogos mais fluídos e próximos do discurso falado NÃO tornam um texto pior, só por ser afastarem da norma culta. Dois contos foram extremamente interessantes para mim neste quesito: Preta Velha, de André Annansi, narra o fim de um escravista quando encurralado por uma magia e as falas dos personagens são bem próximas da que imagino terem sido as reais; e Que se foda o amor, do professor Anderson José, que apresenta em primeira pessoa a morte dum homem grosseiro, tornando suas palavras divertidas, mas intensas.

Falando em primeira pessoa, dentre os textos que mais me agradaram, está o de Mandy Porto, de nome Uma noite no sanatório Waverly Hills. Filmes com o protagonista carregando uma câmera se tornaram até clichês nos últimos anos. Apesar disso, o estilo muito me agrada e foi a primeira vez que o vi em letras. Achei extremamente criativa a ideia da autora e acho que foi extremamente bem aplicada, e que o terror no conto se aproximou muito de filmes como 13 ghosts.

Afastando-se um pouco do terror com espíritos e locais assombrados, acho importante destacar dois textos bastante interessantes: o conto de Felipe T.S, de nome Devoradores: tributo aos grandes antigos, lembrou-se bastante as narrativas de H. P. Lovecraft, um dos grandes nomes da literatura de horror do século passado e é, sem dúvida nenhuma, um dos pontos altos do livro; e, numa homenagem mais clara e com uma ideia bem interessante, há o conto de Gabriel Réquiem de nome O último apóstolo, onde um escritor de horror gótico se encontra com outros membros do gênero numa espécie de além. Ainda no quesito de se aproximar a grandes nomes do horror, o conto A Invasora, de Lily Silva, que aterradoramente remete aos contos do Stephen King, não pela temática, mas pela maneira de escrever, limpa, com um toque de brutalidade e sarcasmo.

Determinados contos possuem uma aura intensa de terror cósmico e outros são mais sanguinolentos, e estas atmosferas se reúnem numa mistureba desorganizada, sendo que talvez os textos mais similares pudessem ser organizados para não haver quebras tão frequentes na “melodia” do livro como um todo. Infelizmente, tive que parar a resenha por aqui, já que me mudei para outra cidade recentemente e deixei o livro e minhas anotações na casa dos meus pais, então muito do que eu tinha para falar acabou se perdendo.