Resenha: William Medeiros não deve nada ao Poeta Shakespeare

Resenha: William não é o Shakespeare, mas tem tudo a ver!

“Eu aprendi que são os pequenos acontecimentos diários que tornam a vida espetacular.” William Shakespeare

Caíra em minas mãos, um dos livros mais lindos que meus olhos já viram desde que eu me entendo por gente. O livro chama-se Traços de Trinta, do cartunista Wiliam Medeiros.

Obra que marca qualquer pessoa de bom gosto. É uma síntese de trinta anos de humor gráfico, com participações e premiações nos principais salões de humor em todo país. Estilo que não fica a desejar em nada dos melhores cartuns dos grandes mestres, tipo Jaguar, Millôr, Ziraldo e tantos outros dessa monta.

Desenhos que encantam não só por seus temas do cotidiano, mas também pela linguagem crítica que o artista esbanja em cada quadro que pinta. Exemplos:

Logo de início, na pg. 06, o seu primeiro cartun, intitulado O goleiro, 2º lugar no Concurso Pasquim/Malt-90, de 1986.

Nas pgs. 08/09, William explora com maior singeleza, a temática circense. Na pg. 08, um casamento belíssimo de gente do circo. O casal em pernas-de-pau, lá no alto, e cá embaixo, o padre se esforçando no alto-falante pra ser ouvido. Lindo demais! Na pg. 09, Vladmir perna-de-pau dando os últimos retoques pra sua apresentação; ainda no chão, esmera-se no laço do sapato de suas pernas-de-pau. Sublime! Reflete todo carinho para com suas ferramentas de trabalho.

Já na pg. 11, humor negro, estilo picante, o quadro Grande Mágico Odim, solitário e triste num seu cômodo de dormir, sacando da cartola uma mulher-coelha. Depois, segue na mesma linha; na pg. 18, uma mulher telefonando, mas ao invés da cabeça, ela apresenta uma metralhadora atirando a mil por hora, e com uma cartucheira de mais de metro.

Por aí vai, a sua criatividade é muito sugestiva e picante, explorando os mais

corriqueiros fatos do cotidiano. Com pitadas de escárnio, é o caso do desenho na pg. 42, onde aparece uma árvore, em forma humana, e está ajoelhada, sangrando muito, com uma motosserra bem no peito.

Enfim, é uma obra espetacular. Vale a pena folear essas oitenta e cinco páginas de humor e beleza. Resumo de toda uma vida dedicada com carinho àquilo que sabe fazer, Humor Gráfico de primeiríssima qualidade. Trabalho que encanta e merece todo os nossos aplausos. Deverasmente, encantou-me e indico-a com maior prazer a todos vocês.

Bravo, William Medeiros!

Lourdes Limeira
Enviado por Lourdes Limeira em 30/10/2013
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