Contos de Verão: A casa da fantasia (Resenha)

Imagine que você descubra que ler é a melhor forma de você adquirir informação segura e proveitosa. Você achava que a multimídia, por ser mais completa, é o melhor meio de se assimilar instruções. Você via na instrução programada uma grande ferramenta para aprender e ainda experimentar virtualmente o que aprendeu. E isso, então, era o fator que lhe deixava preguiçoso para desenvolver por seu próprio esforço seu cérebro e que o mantinha longe dos livros.

Mas, aí alguém te fala sobre pretensão ou sobre tendência. Te mostra que a Globo, por exemplo, não tece opinião em suas reportagens, mas as apresenta de modo que subliminarmente se chega a opinião a que ela quer se chegue por ter sido paga para isso. Essa pessoa leva até você uma dessas reportagens. No caso, uma que revê o atentado feito ao Riocentro em 1981, deslanchada de forma que só se conclui que os militares do antigo Governo foram os responsáveis pelo atentado e devem ser punidos. Ele, seu amigo, faz um passo a passo que te convence que realmente a reportagem não tece claramente uma opinião, mas que é tendenciosa, então você diz para si mesmo que essa prática existe. E, mais do que isso, é lhe informado que essa tática de apresentação e persuasão, que você acabou de conhecer, não é legitimamente possível se acontecesse apenas no plano do texto, sem o auxílio luxuoso da imagem e do som cuidadosamente elaborados. A tendência se vale desse conjunto de mídias, o que faz, em vez do contrário, a informação fragilizar-se.

Ao lhe falar sobre presunção ou tendência a um polo dentro de uma questão, seu amigo lhe faz refletir: Se ao escutar uma versão de um fato de forma que só se possa aceitá-la e a conclusão a que se chega não lhe trouxer vantagem ou não feder e nem cheirar, talvez a versão omitida ou combatida ofereça o contrário, por que então não procurar saber mais sobre o assunto ou saber sobre as outras possibilidades de conclusão? Toda tendência quer que se aceite uma ideia, ao mesmo tempo que quer evitar a aceitação de outra ou de outras.

Você se sente um coelho que corre para uma cenoura sendo balançada e que deixa para trás tantas outras, até melhores, bem mais fáceis de se arrancar. Daí para frente vem a luz e você acha que é melhor confiar em textos tão somente porque a conclusão conseguida por meio de um texto bem escrito, se for leviana, não acontece por meio de persuasão, o erro é todo de quem lê e se erra apenas até que se desenvolva, após muita leitura e porrada, o senso crítico-analítico. De qualquer forma, não se pode duvidar da honestidade do autor do texto ao oferecê-lo à interpretação do leitor.

Imagine, agora, que você precisa de informações que o leve a se preparar para exercer as atividades de algumas profissões, atuar em um segmento de mercado e liderar pessoas. É muita coisa para você encontrar em um único curso. Teria que escolher um curso apenas e procurar por livros para ficar mais viável em matéria de tempo e dinheiro a absorção do que precisa. E você se vê tendo que se preparar para atuar no setor turístico, no segmento hoteleiro ou de alimentação a la carte, podendo exercer atividades no ramo da informática; da educação física; da nutrição ou do atendimento; da publicidade e do marketing, da coordenação de eventos ou de relações públicas; pode atuar como guia turístico, como administrador de empresas, de recursos humanos ou financeiro. E muitas outras coisas dentro desse escopo.

Você precisa também lidar com pessoas que saem de distantes e diferentes partes do país, cada um trazendo sua cultura, seus costumes, seus vícios e linguajar. Pode ser que você vá precisar de companhia para aguentar a barra de estar distante de casa e dos amigos. Certamente, precisará conhecer algumas dicas para se relacionar em um ambiente que não é o que você conhece bem. Você é do centro do País e estará no litoral. E em pleno verão, precisará de algumas informações geográficas também.

Só para piorar um pouquinho, o emprego que almeja ou que está prestes a alcançar inicialmente tem o mote de ser temporário, três meses, os do verão, e você, que viajará boa quantidade de quilômetros até ele, quer vencer na empresa ou criar condições de estabelecer um negócio próprio no local, isso é melhor do que voltar para o seu local de origem e continuar amargando o desemprego. É uma oportunidade que não se pode desperdiçar, por essa razão, é imprescindível se preparar o melhor possível para abocanhar com louvor a chance.

O que ameniza um pouco é saber que o dono da empresa onde você provavelmente irá trabalhar é um homem moderno e aberto a experiências administrativas, convencionais ou não, de preferência esta, e isso pode ser um ótimo agente motivador. Você, que em sua vigorosa carreira, ainda não encontrou sequer respeito por parte de seus empregadores anteriores, tem agora uma chance de vingança, pois não estará perto de um empresário tradicional, que só explora seus funcionários para obter lucro apenas. Você encontra um homem lúcido, o sr. Wilson, no início de seus cinquenta anos, dez como empresário, disposto a fazer uma espécie de socialismo de competição de mercado, que ele mesmo inventou, a fim de modificar plenamente a competição, a mente empresarial e sindical e o comportamento dos funcionários no sistema onde está a sua empresa. Ele quer desenvolver uma forma de atuação no mercado em que todos saem ganhando: empresas, empregados, fornecedores, clientes, comunidade, município e etc.

Criativo, esse homem bola um jogo que decide experimentar em sua empresa. Esse jogo tem como objetivo alavancar o potencial empreendedor que existe em cada funcionário seu e o sucesso disso é que garantirá o êxito do socialismo imaginado. E é muito bom ver essa gente desenvolvendo suas táticas empreendedoras e deixando de bandeja para o leitor ideias perfeitamente aplicáveis no mundo fora do livro. E isso é contado na forma de novela, que é bem mais fácil de digerir por causa da linearidade, a qual não dispensa casos de relacionamentos afetivos, discussão de problemas sociais, passeios turísticos pela região onde acontece a história, reflexões da área da espiritualidade, reflexões sociopolíticas, lições, contendo dicas, aplicadas à rotina de várias profissões, exercícios para desenvolver a intuição, o ímpeto de empreendedor, o perdão e o amor ao próximo. Até o fracasso é lembrado para se mostrar como se lida com ele. E sem falar no grande mistério que envolve o livro, que é o elemento surpresa que consagra o livro, e no desfecho que analisa tudo que é vivido nos trinta e seis capítulos que compreendem a publicação.

"Contos de Verão: A casa da fantasia", de A.A.Vítor, é um livro que propõe, seguindo a vertente atual, contar uma história que pode ser aproveitada por quem lê como um ideal para se buscar na prática. Ao fim da trama, o leitor terá se deparado com uma série de sugestões em vários assuntos, que muito provavelmente irá inspirá-lo a tentar transportar algumas delas do papel para a sua realidade. E mais do que isso: ele saberá que isso é perfeitamente possível, pois o livro também tenta cumprir o papel de agente de motivação e de materialização. Boa leitura para você!

Lista de capítulos do livro na ordem de aparição.

Partindo

À sua boa conversa

O poder de veto da roupa que Solange usava

Se estão mesmo preparados, tomem uma grata surpresa

Sr. Wilson: Sr. Roarke?

Odete e sua peneira de malha grossa

Povoando uma empresa

Hoje o tempo voa, amor

A cor da pele

A música fala por mim

Sempre é bom perguntar

Comida, banho de água salgada ou um remédio que cura paixão?

Boas amizades: nem tão bons negócios

Que tenha sido apenas um tombo

Pedro Augusto vem cantar

A verdade no Vinho

Um peixe que respira fora d'água

De volta àquela estrada daquela noite fria

Com os cumprimentos o sr. ideia

O espírito de liderança

Lenha no fogo

Parece ter sido um bom salto, sr. Roarke

Aleluia, Solange

Com vocês: A pousada Contos de Verão

Obstruções causadas pelos males sociais

A embarcação da amizade

Uma chocante visita ao passado

Os apuros de Solange

Conseguindo êxito onde outros falharam

Ambientes inóspitos

Mudanças de planos à vista?

Carnaval de surpresas

Nem sempre as coisas acontecem como esperamos

O melhor carnaval de todos

Hora de ir embora