Steve Heslin - Capítulo 21
 
   Meu tio estava melhorando, com sorte poderíamos ir para casa em dois dias, não via a hora de ir embora daquele hospital, queria poder dormir um pouco, sem tantas preocupações na cabeça.
   Respondi algumas cartas para Hallie, na verdade ela que teve a ideia, me mandou uma a algumas semanas então comecei a mandar uma ou outra também, assim pudemos conversar mesmo estando longe.
   Dois dias depois levei meu tio para casa, à tarde um advogado foi até a nossa casa entregar alguns papéis a ele, não pude ler o que diziam apenas vi que ele estava os assinando e logo o homem se foi, fiquei curioso sobre aquilo mas meu tio não quis falar nada sobre os documentos.
   Logo no começo da noite ele voltou a sentir dores, Tanner me ajudou a levá-lo para o hospital. Depois de mais três dias de tormento recebi a notícia, meu tio não resistiu mais ao câncer, faleceu após vinte anos lutando contra a doença.
   Will ofereceu ajuda, ofereceu um tempo para conversar, na verdade ele precisava mais de um amigo do que eu naquele momento, mas o entendi e deixei que se aproximasse. Muitas pessoas rondavam o cemitério, pensei ter visto minha mãe mas logo alguém me chamou e perdi de vista a mulher que estava entre algumas árvores perto da igreja. 
   Encontrei George e Taylor perto ao caixão, a família de Hallie incluindo até o Senhor Dodgers, alguns amigos de infância de meu tio que eu nem sabia que lembravam dele e claro a maioria dos moradores de Blagey compareceram, o que fazia me sentir um pouco melhor.
 
  Dormi até tarde na manhã seguinte, não havia mais motivos para que acordasse cedo, para que preparasse um café, levasse alguém para pegar um ar e ver o sol. Me senti abandonado no mundo.
   Duas semanas depois o advogado voltou e me entregou uma folha assinada por meu tio, era seu testamento:

"Deixo para meu sobrinho minha casa e minhas economias guardadas no banco da cidade, todos os bens e objetos da casa também devem ser destinados a Steve, espero que ele tome conta de meus bens e da casa.  Thompson"

   
Fiquei surpreso quando li o final e muito agradecido, nunca pensei em ficar com a casa, foi um presente inesperado que eu não poderia recusar, suas economias poderíam me ajudar por algum tempo mas era claro que eu precisaria começar a trabalhar para manter tudo.
   Henry me visitou no sábado, o encontrei na varanda depois de tocar a campainha por um bom tempo, não queria receber ninguém mas ele esperou até que eu aparecesse:
-Como você está? - perguntou.
-Eu não sei dizer, estou indiferente e você?
-Bem, pensei em vir aqui, você me ajudou uma vez e seria justo fazer o mesmo, claro que é difícil querer ajudar em uma hora tão desagradável, mas você sabe que deve erguer a cabeça.
-Obrigado.
   Passei mais alguns dias em casa, comendo pouco e tornando o sofá e a cama amigos próximos, com uma grande bagunça começando a se desenvolver. Tanner me chamou para dar uma volta enquanto Noemi, mãe de Hallie, arrumaria um pouco a casa, esperava que ela tirasse as roupas de meu tio entre outras coisas, e foi exatamente isso que ela fez. 
   Doamos as roupas no domingo, após a missa, algumas pessoas se sentiram muito felizes em ganhar novos casacos e calças, me senti feliz aquele dia afinal estava ajudando outras pessoas, meu tio deixava ali uma marca em cada um que usaria suas antigas roupas.
   

 
 
Johan Henryque
Enviado por Johan Henryque em 31/07/2014
Reeditado em 31/07/2014
Código do texto: T4904559
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