Romeu e Julieta (William Shakespeare)

"Melancólica paz nos traz esta manhã."

Logo no primeiro ato há um desentendimento entre Montéquios e Capuletos. Romeu está inicialmente "morto de apaixonado" por Rosalina, que faz voto de castidade e isso colabora para ele ir definhando de tristeza por conta da tal mulher. Enquanto isso, Julieta está com 13 anos e querem que ela consiga um marido logo, mesmo que o pai não concorde muito, alegando que meninas em sua idade já são mães. Páris, parente do Príncipe, é um pretendente para a família. Ocorre um baile na casa da família Capuleto, onde Páris teria a chance de cortejar Julieta, e Mercúcio e Benvólio (parente do Príncipe e primo de Romeu, respectivamente, e seus amigos) levam Romeu para encontrar outras jovens mais belas que Rosalina. Lá, Capuleto não se incomoda com a presença de um Montéquio, e permite que fiquem. Romeu e Julieta dançam juntos, e logo se apaixonam.

Uma das cenas mais belas é a troca de votos de amor entre Julieta e Romeu, na sacada do quarto dela. É combinado que ela mandará alguém procurá-lo no dia seguinte. Romeu então vai até o Frei Lourenço, e marca o casamento. Quando a Ama de Julieta o encontra, ele avisa quando e onde ela deve estar para que se casem. É a primeira esperança que poderia surgir ao longo da história, de que pudesse acabar bem para eles, se já não soubesse que o fim é trágico...

Contudo, antes da noite de núpcias, Teobaldo vai atrás de Romeu, e acaba entrando provocando um confronto com Mercúcio, o qual morre. Teobaldo foge, mas volta depois, e mais uma vez há luta, nessa envolvendo ele e Romeu, que mata-o. O Príncipe é chamado e Romeu recebe sentença de exílio, que fica sabendo depois, pelo Frei Lourenço. Enquanto isso os pais de Julieta marcam o casamento dela com o Páris. Mais uma vez a esperança se vai.

Como é conhecida mundialmente, a história de Romeu e Julieta tem o final triste, onde ambos morrem, e há o veneno. Portanto, isso nem chega a ser considerado spoiler.

Mas continuando, o Frei acha uma solução para Julieta se livrar, que é tomar o "falso veneno", tornando-a aparentemente morta. e aí a esperança do leitor retornaria. Contudo a carta que ele enviaria à Romeu para avisar do plano não chega por conta de um imprevisto, e o mesmo consegue um veneno.

Minhas considerações.

Se não já soubesse que acabaria da forma que acaba, dava para ter uma expectativa de que eles iriam terminar juntos, porque o plano do Frei tinha tudo para dar certo, não fosse Romeu tão desesperado.

No início, até pensei na frase da Vitória Scritori sobre o Gus do livro A culpa é das estrelas, "porque eu não tenho um Augustus na minha vida?", sendo para o Romeu, porque a conversa dele com Julieta, a primeira na sacada dela é muito linda. Mas com o tempo ele vai se tornando tão desesperado ao longo dos fatos, que passa a incomodar porque talvez se ele tivesse um pouco mais de calma e não fosse tão precipitado a ideia do Frei teria dado certo. No fim a Julieta e o Frei Lourenço fizeram tudo certo, quem acabou com tudo? Romeu. Ele é um cavalheiro no início, mas depois se torna um desesperado completo.

Mas vale a pena ler, mesmo que por saber o final se perca um pouco da montanha-russa da esperança. E é interessante que ao final, as famílias consegue se reconciliar, por verem a situação de seus filhos. Foi preciso o sacrifício deles para que isso acontecesse. É uma lição que acaba ficando no final, que algumas coisas tem que ser perdidas para que se consiga outras. Não sei exatamente o sentido exato, mas é um pensamento bem comum, pode servir para algo depois, e pode ser tirado da história.

A edição é a da L&PM Pocket, mas não encontrei nada dizendo se o texto é integral.

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"Benvólio - Sim. - Mas que tristeza é essa que faz as horas de Romeu arrastarem-se? / Romeu - O fato de não ter aquilo que, quando se tem, faz as horas voarem." (p. 21)

"Romeu - [...] Amor é uma fumaça que se eleva com o vapor dos suspiros; purgado, é o fogo que cintila nos olhos dos amantes; frustrado, é oceano nutrido das lágrimas desses amantes. O que mais é o amor? A mais discreta das loucuras, fel que sufoca, doçura que preserva." (p. 23)

"Não se pode estar em dois lugares ao mesmo tempo." (p. 41)

"Só ri de cicatrizes quem nunca sentiu na própria pele uma ferida." (p. 51)

"Ir devagar seria mais sábio. Só tropeça quem corre." (p. 63)

"A mim me basta poder chamá-la de minha." (p. 77)

"Perdoar aos que matam é clemência que cria assassinos." (p. 88)

" Julieta - Que o amor me dê força; e a força me dará recursos." (p. 120)

Ana P A
Enviado por Ana P A em 10/09/2014
Código do texto: T4957195
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