Apresentando a narradora: a Morte [A menina que roubava livros]

Número 33, rua Himmel. É onde se passa toda a história de A menina que roubava livros, após a parte da estação de trem, onde o irmão de Liese Meminger morre (o que não entendi bem como ele morre, mas...).

Liesel é uma menina de nove anos (mas o livro termina com ela tendo quatorze) que está prestes a ser levada com o irmão, pela mãe, para pais adotivos. Ainda na estação de trem, o menino morre, e é o primeiro encontro entre a morte e Liesel. No enterro dele, ela vê o livro O manual do coveiro caído na neve, do jovem aprendiz que ajudou o coveiro no processo. É o primeiro livro de outros roubados por ela mais adiante. Liesel vai para a rua Himmel, morar com Hans e Rosa Hubermann, uma rua pobre e lá conhece Rudy e os Steiners, entre outros vizinhos. Há algumas coisas que marcam a ela e a sua história:

O acordeão.

O pai.

Max Vandenburg, o judeu.

Ilsa, a mulher do prefeito.

Rudy, o namorado que ela não sabia que tinha.

E livros.

A partir da ida para a casa dos Hubermann, se da sequência com ela e Rudy se aventurando pelas ruas próximas, pela biblioteca da casa do prefeito, na Juventude Hitlerista, e Liesel no porão do número 33. É relatado uma história de 1939 a 1943, logo, na época de Adolf Hitler, e dos judeus em campos de concentração. A mostra dessa realidade da época acontece por todo o livro, e começa quando um dos filhos de Hans sai de casa, nunca mais os vê e o rejeita, por ele não se filiar ao partido Hitlerista, se fazendo mais forte com o desfile dos judeus rumo ao campo próximo dali.

É suave mas mostra em alguns pontos o sofrimento do judeu Max, o qual Hans abrigou em seu porão devido a uma promessa ao pai do rapaz, que era seu amigo, e dos que passaram no desfile de judeus (rumo ao campo de concentração). Sem falar nos que tentaram os ajudar e acabaram com chicotes. As cenas mais intensa foram essas, do sofrimento de Max, ao do povo dos anos de guerra, e a partir daí é basicamente esse sentimento que se destaca, e o amor que ela demonstra quando vê o resultado da guerra em sua vida.

Há no final um entendimento de toda a narração da história, que para mim, junto aos relatos da vida de alguns na época de Hitler (a mesma em que os pais do autor, Markus Zusak, viveram) são o que mais chamou a atenção em toda a narração, sem falar na graça de todos os personagens, como eram unidos, de certa forma. Mas é um livro tranquilo, gostoso de ler também devido aos personagens, que não se pode esperar nada de muito intenso, mas uma convivência marcada, já que todos estavam presos ao modo como o país vivia. Mas o final é fiel à história, e mesmo com ela sendo em geral no mesmo local, sendo grande parte na rua Himmel e nas próximas, ela não se torna monótona, por ser envolvente e ao mesmo tempo um pouco leve.

"Era segunda-feira, e eles andavam na corda bamba em direção ao sol." (p. 224)

***

"Como a maioria dos sofrimentos, esse começou com uma aparente felicidade." (p. 76)

"É muito mais fácil, percebeu, estar à beira de alguma coisa do que ser de fato aquilo. Isso ainda levaria tempo." (p. 79)

"Mas, afinal, será que é covardia reconhecer o medo? Haverá covardia em ficar contente por ter vivido?" (p. 97)

Era uma coleção de ideias ao acaso, e ele escolheu abraçá-las. Soavam verdadeiras." (p. 245)

"Angst - Medo: Emoção desagradável, amiúde intensa, causada pelo pressentimento ou pelo reconhecimento do perigo.

Vocábulos correlatos: terror, pavor, pânico, susto, sobressalto." (p. 328)

"O silêncio não era quietude nem calma, e não era paz." (p. 346)

"Na página três, sua mão estava dolorida. As palavras pesam muito, pensou ela, mas no decorrer da noite conseguiu terminar onze páginas." (p. 457)

"Odiei as palavras e as amei, e espero tê-las usado direito." (p. 459)

"Diga uma coisa um número suficiente de vezes e você nunca mais as esquece." (p. 461)