O.k. [A culpa é das estrelas]

Uma breve história de amor e adolescentes com câncer, onde não percebi sentimentalismo explícito.

Apesar de antes de ter lido o livro ter visto o vídeo da Vitória Scritori, do canal AViViu, sobre o mesmo, o que influenciou no início da leitura por ela ter falado tão bem, houve as considerações próprias.

A leitura é leve, e a história lembra livros de romance adolescente "meloso" e clichê. Contudo, não foi exatamente isso. Hazel Grace é uma jovem de quase dezessete anos, que não chega a completar no livro, e não pretende viver os prováveis últimos dias de sua vida ao modo carpe diem, aproveitando cada minuto, no fundo ela se sente como uma granada e é isso que diz sobre si. Não que ela demonstre sinais de depressão, apenas de conformidade. Por a narração (feita pela própria Hazel) não enrolar, logo no início ela diz um pouco como vive, o que gosta de fazer e dá algumas pistas de como entende o câncer; conhece o Augustus Waters, por meio do amigo de ambos, Isaac. Entre eles, de início não há nenhum interesse que ela demonstre por ele, na verdade há um interesse que só é passado para os leitores, mas não demora muito a ser demonstrado entre eles. Ela não quer ser uma granada, e explodir deixando ele sofrendo, como a última namorada do Gus. Além do amigo Isaac, Hazel e Augustus compartilham o livro Uma aflição imperial, de Peter Van Houten, o autor preferido de seu livro preferido e um livro que ele compartilha com ela.

Hazel e Gus vivem uma breve história de amor que se passa nas casas dela, do Gus e do Isaac, no Grupo de Apoio na igreja Coração Literal de Jesus, e em mais um lugar (o qual não vou dar spoiler, e tirar um pouco da graça).

Quase o mesmo que ocorre com o livro Uma aflição imperial, o qual não possui um final explicado e é uma das coisas que eles querem descobrir ao longo da narração, acontece com o próprio "A culpa é das estrelas": não sei se foi intencional ou não mas o John Green poderia dizer se a Hazel se cura ou morre algum tempo depois. Se morre, se é logo ou demora muito. Se o Peter Van Houten escreve mesmo a continuação do Uma aflição imperial ou acaba como ficou o final do livro.

Como considerações finais: quem for ler não se empolgue pelos comentários elogiando extremamente o livro. Ele é bom, sim, mas não é esse tipo de história. Vale a pena ler sem muitas expectativas: acho que qualquer livro lido com muitas expectativas acaba não sendo o que se esperava. A impressão que dá é a que elas consomem toda a graça dele. Na minha opinião, é muito rápida e breve e por isso não chega e envolver tanto, mas ao mesmo tempo se fosse maior seria entediante.

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"Senhor, dê-me serenidade para aceitar as coisas que não posso modificar, coragem para modificar as que posso, e sabedoria para reconhecer a diferença entre elas." (p. 16)

"- Esse é o problema da dor - o Augustus disse, e aí olhou para mim. - Ela precisa ser sentida." (p. 63)

"Você está tão ocupada sendo você mesma que não faz ideia de quão absolutamente sem igual você é." (p. 117)

"A tristeza não nos muda, Hazel. Ela nos revela." (p. 259)

"[...] e me ocorreu que a ambição voraz dos seres humanos nunca é saciada quando os sonhos são realizados, porque há sempre a sensação de que tudo poderia ter sido feito melhor e ser feito outra vez." (p. 275)

"Os verdadeiros heróis, no fim das contas, não são as pessoas que realizam certas coisas; os verdadeiros heróis são as que REPARAM nas coisas." (p. 282)

"Não da para escolher se você vai ou não se ferir neste mundo, meu velho, mas é possível escolher quem vai feri-lo." (p. 283)