Constituição Sacrosanctum Concilium, sobre a Sagrada Liturgia, Concílio Vaticano II

(Uma resenha em forma de crônica daquela como “flagrantes da vida real”)

Os primeiros artigos da Sacrosanctum Concilium, especificamente, os de número 5 a 8, sinalizam a teologia litúrgica do Concílio Vaticano II, ao se referirem à “liturgia como momento da história da salvação e como exercício do sacerdócio de Jesus Cristo”. “Do lado de Cristo nasceu o admirável sacramento de toda a Igreja” é, seguramente, afirmação muito importante que justifica a ação eclesial na busca incessante da salvação dos homens.

O artigo 8 se refere à liturgia terrestre e liturgia celeste, trazendo-me à memória aquelas duas dimensões que comentamos exaustivamente em sala de aula, com alguns mestres de diversas disciplinas (Cristologia, Sinóticos, Deus e Criação, Eclesiologia, Revelação e Trindade), acerca do Reino de Deus, ou Reino dos Céus (em Mateus). Refiro-me ao “já” e ao “ainda não”. Aquele no presente quando se vive e se constrói um ambiente de fraternidade e justiça e este que é aguardado na plenitude dos tempos, na era escatológica.

Estava a iniciar o trabalho acadêmico sobre a Constituição, mas interrompi ante um episódio assaz curioso do qual participei ativamente, eis que o interlocutor assim o exigiu. Disse-me que o padre que presidiu a celebração da Santa Missa do Domingo de Ramos, fez sozinho a leitura do Evangelho de Mateus sobre a Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo (Mt 26, 14-27, 66) em que há orientação no folheto POVO DE DEUS em São Paulo, para que seja uma leitura compartilhada em que há o leitor 1, leitor 2, além do Presidente (P) e a assembleia toda (T). E me perguntou: Você que estuda Teologia, o que tem a dizer sobre a atitude do Padre, que inclusive é da Região Belém?

De imediato, meu semblante fê-lo perceber a minha pronta discordância, porém, não quis comentar que considerava a atitude do padre totalmente incorreta, sem antes, mostrar a ele alguma orientação magisterial a respeito. Como estava com o livro de Alberto Beckhauser; Sacrosanctum Concilium, texto e comentário, mostrei ao meu interlocutor alguns artigos do Capítulo I: Princípios gerais para a reforma e incremento da Sagrada Liturgia, artigo 27 que trata da preferência pela celebração comunitária, em que menciona que todos devem participar plenamente da ação comum que é de Cristo e da Igreja (n. 28 e 29). Tais artigos abordam o Decoro da Celebração Litúrgica. Destaquei o trecho que afirma “faça tudo e só aquilo que pela natureza da coisa ou pelas normas litúrgicas lhe compete” e “os que servem ao altar, leitores, comentaristas e (...) exercem também um verdadeiro ministério litúrgico” e também o artigo 30 que trata da participação ativa dos fiéis, destacando que “cuide-se de incentivar as aclamações dos fieis, as respostas, a salmodia, as antífonas, os cânticos, bem como as ações, gestos e atitudes.” Ninguém faz tudo sozinho, nem deve. Há que permitir que o sacerdócio comum dos fieis se manifeste na ativa participação.

Ele, surpreso, me questionou: Então, ele não poderia ter feito tudo sozinho? Respondi-lhe, cautelosamente: Poder, na verdade, pode pois ele é quem estava na presidência. No entanto, ele deveria a bem de uma celebração mais participada pela comunidade distribuir a leitura, inclusive, para que todos pudessem se sentir ativos na celebração. Aliás, expliquei-lhe que o nosso professor de Liturgia da Pontifícia Universidade Católica ensinou que nós também como fiéis, somos povo de Deus e também celebramos, a nossa participação é ativa. Para não pairar dúvidas, mostrei-lhe e solicitei que lesse o que Walter Kasper afirma em seu livro “O sacramento da unidade”. O trecho diz: é importante que na celebração da eucaristia as tarefas sejam distribuídas o máximo possível. Aos serviços possíveis para os leigos pertencem (...) sobretudo o serviço da leitura e do canto...Todos eles exercem um serviço verdadeiramente litúrgico. O meu amigo, depois disso, se satisfez.

Em cada colocação, exposição ou explicação percebe-se que a Liturgia é pastoral por vocação. Não pode perder o sentido pastoral. Essa perspectiva se evidencia no artigo 43. Toda a Liturgia, incluindo-se a celebração eucarística se realiza mediante sinais sensíveis que alimentam a fé, fortalecendo-a, a escolha das formas e elementos propostos pela Igreja deve ser bem feita, considerando-se, inclusive, as circunstâncias pessoais e locais, a um melhor proveito espiritual da comunidade de fieis. Os fieis devem ser ouvidos e sua participação sempre valorizada.

Mostrei-lhe também que não devem os cristãos assistirem ao mistério de fé, como “estranhos ou expectadores mudos, mas participem da ação sagrada, consciente, piedosa e ativamente” conforme prescrito nos artigos n48, 49 e 50, exprimindo sempre a importância de se fazer tudo para facilitar o quanto mais a participação dos fieis. É sintomático e revelador o emprego da palavra “participação” que volta e meia aparece, podendo-se considerar mais de uma centena de vezes – não há como ignorar o desejo manifesto de estar dentro e se colocar ativamente com o ato que se celebra. Não devemos ser meros expectadores, nem simplesmente ouvintes que se reúnem para assistir à missa como se fosse um espetáculo, um show que apreciamos, vibramos, nos empolgamos, mas depois nada acontece de mudança em nossa vida.

Sem querer ser repetitivo, destaquei que a participação deve ser plena – de corpo e mente, envolvendo todos os sentidos, pensamentos e também as emoções; deve ser consciente – conhecendo-se o sentido do que se celebra e os significados de cada palavra pronunciada ou gesto feito; deve ser ativa – sujeito da ação que se celebra inserindo-se no mistério e não ser apenas destinatário; deve também produzir frutos que sejam de santificação não só para si, mas também aos outros, além de servir à glorificação de Deus. Meu amigo, prestando atenção às palavras que usava com entusiasmo, concordou e nem teria coragem de discordar tamanha a ênfase que apliquei, comentando: Ah! Mas não tem muita importância isso que o padre fez, pois é somente um ato celebrativo em que o mais importante é a consagração e a distribuição da comunhão eucarística, não é mesmo? Evidentemente, depois de caprichar na explicação sobre a importância da participação de cada um dos fieis, se eu não estudasse Teologia, provavelmente, deixasse pra lá e até concordasse com ele, para encerrar o assunto. No entanto, a consciência me fez, utilizar o livro que parece ter efeito bem maior, mostrar-lhe a frase que antecede o artigo 6: A obra da salvação continuada pela Igreja realiza-se na Liturgia. Como essa frase grudou em mim, fazendo-me penitenciar-me de alguns pensamentos pretéritos construídos na ignorância, portanto, perdoáveis; na hora, pude localizá-la e partilhar. Concluindo: O amigo, quis anotar o nome do livro e, para não deixar cair no esquecimento, imprimi o texto do documento conciliar e lhe presenteei, mostrando-lhe, rapidamente, o conteúdo que disciplina toda a sagrada liturgia.

Disse-lhe mais sobre a Sacrosanctum Concilium eis que ele quis saber o motivo do documento sobre a Liturgia ter o título que se refere ao do Concílio como um todo. Expliquei-lhe que há uma disciplina intitulada Diplomática (quase que confundo com Dalmática) que define como devem ser os títulos dos documentos oficiais e que, o nome decorre das palavras iniciais do documento que, no caso, são exatamente Sacrosanctum Concilium que aparecem no Proêmio (que, tive que explicar também é o mesmo que preâmbulo ou prefácio). Aproveitei para esclarecer que foi o primeiro documento aprovado do Concílio Vaticano II, dentre tantos outros que foram produzidos, recebendo uma votação quase unânime: 2147 votos favoráveis de um total de 2151 votos. Como o interlocutor é um contador e eu sempre trabalhei com conceitos contábeis fi-lo ver que a diferença de 4 votos considerando-se o total, poderia ser considerada imaterial, portanto, desprezível diante das circunstâncias. Ele concordou.

Transmiti-lhe também que essa aprovação fora possível, pois houve subsídios importantes elaborados pelo Movimento Litúrgico que surgira um século antes. Circulavam boletins pastorais, missais “explicados”, celebrações dialogadas, ou seja, havia todo um trabalho que procurava tornar a liturgia acessível a um grande número de pessoas. Esse movimento tinha D. Prosper Guéranguer, como líder. Houve também um documento pontifício intitulado Mediator Dei, do Papa Pio XII, em 1947 que amadurecera a reflexão teológica sobre a Liturgia. A última grande reforma litúrgica, afirmara eu, com base na pesquisa empreendida a propósito do trabalho acadêmico havia ocorrido em 1570 que instituira a missa tridentina sob o papado de Pio V. Afinal de contas, no Concílio de Trento que ocorrera antes tentou-se, mas ficou apenas na intenção uma reforma litúrgica, tamanha a dificuldade que suscita assunto de tal magnitude que afeta toda a Igreja. A curiosidade é de se destacar que a data da aprovação da Sacrosanctum Concilium como o mais completo e decisivo documento acerca da Sagrada Liturgia foi exatamente no dia 04 de dezembro de 1963, dia em que se comemorava o IV centenário do Concílio de Trento. Coisas da Igreja, ponderei ao amigo. Portanto, disse eu, quem sabe daqui a quatrocentos anos, a gente tenha tenha um posicionamento que não seja tão excludente como o que prevalece hoje na Igreja de afastar o sacramento da Eucaristia daqueles que contraíram segundas núpcias e desejam participar ativamente da comunidade católica e não desejam professar outra fé. Aliás, o sínodo dos bispos cujo tema é Família deverá abordar esse assunto e algum resultado prático deva surgir. Afinal de contas, vivemos hoje, um momento “glorioso” do catolicismo ante a figura papal que tem encantado o mundo e, principalmente, os não católicos. E o papa, conforme comentou, o Cardeal emérito de São Paulo, D. Cláudio Humes, num encontro que teve com um grupo de candidatos ao diaconato permanente, deu a entender que a Igreja precisa de ação. Assembleias, reuniões, concílios e documentos existiram e existem, inclusive a sua carta pastoral Evangelium Gaudium, mas é necessário que a Igreja saia e vá às periferias geográficas e existenciais em missão, tentando resgatar os que estão afastados e esquecidos; além de acolher com as portas abertas a todos quantos adentram as nossas igrejas. É desejável que o pastor tenha o cheiro das suas ovelhas. É necessário esse contato de proximidade com as ovelhas. É necessário que os clérigos analisem tudo aquilo que os afastam da missão e da valorização da vida, dimensões que ocupam os primeiros lugares do seu documento e procure eliminá-los, afastá-los, a fim de que o pastoreio não seja prejudicado.

Confesso, meio envergonhado, que apesar de tanto tempo participando da comunidade eclesial, inclusive ministrando formação em algumas pastorais, pouco sei sobre a liturgia ou, melhor, pouco me interessei por liturgia, pois me ocupara mais de outras questões, relegando-a a um plano inferior. Sempre é tempo de aprender. E eis que chegando à terceira idade, descubro-me aprendiz novato, engatinhando os primeiros degraus da Sagrada Liturgia, lendo o que deveria conhecer há muito tempo eis que quando publicado o documento conciliar, tinha apenas 9 anos e só agora, usando uma gíria que bem expressa o momento, quando já me encontro no “bico do corvo”, é que, por força da exigência do mestre da disciplina Liturgia, leio a Sacrosanctum Concilium para elaborar uma resenha. Santa exigência que me “obrigou” à atenta leitura que me tira um pouco da cegueira total em que me encontrara. E assim, outros documentos também tive que ler. Lendo aprendi. Aprendendo percebi o valor. Percebendo o valor, obrigo-me a partilhar com os que ainda permanecem na completa ignorância e dela desejam escapar. Algumas vezes, sofro ao perceber a indiferença. Outras vezes, alegro-me em acender uma luzinha na noite de alguns.

De caráter bastante prático e elucidativo visando à participação mais efetiva ou mais ativa de todo o povo de Deus além de melhor compreensão buscando uma linguagem mais simplificada e compreensível, possibilitando o uso do idioma local em vez do idioma oficial que, diga-se de passagem, apesar da inegável importância histórica e cultural, é considerada “língua morta”. Um pensamento que li, não me lembro, o autor foi: Como buscar uma igreja viva com o uso de uma língua morta? Foi, seguramente, a mais espetacular reforma do Vaticano II, ou, pelo menos a mais impactante ou a mais visível dado o alcance que a todos atingiu na sua prática cultual. Além do aspecto linguístico que impactou violentamente, a postura do celebrante que em vez de estar à frente da assembleia e de frente para o altar (o entendimento generalizado é de que o padre ficava de costas para o povo), mudou para encarar a assembleia de frente e com ela dialogar durante toda a celebração. Não é de estranhar a resistência de alguns grupos apegados à tradição que tanto fizeram e reivindicaram insistentemente que conseguiram um documento motu próprio Summorum pontificum do Papa Bento XVI permitindo-lhes a celebração a que se atribuiu o adjetivo tridentino (língua latina). É o excessivo rigor e apego ao passado (apesar das explicações inclusive oficiais de que não foi esse o sentido do motu próprio, mas para preservação da comunhão universal, eis que o rito anterior não fora proibido), ignorando que à Igreja incumbe o diálogo com a contemporaneidade o que exige um reposicionamento mais aberto e atual. O “aggiornamento” pretendido com a abertura das janelas do Vaticano, nesse aspecto, evaporou pelos ares, dissolvendo-se totalmente ou, então, está sob o tapete de algumas “seitas” e “grupelhos” católicos mais alinhados com o que existe de mais retrógrado e atrasado no mundo político, aproximando-se de um fundamentalismo intransigente, inconsequente, posto que radical e exclusivista! É evidente que não devemos esquecer que há toda uma tradição do rito precedente que vigorou até quando se deu o XXI Concílio Ecumênico Vaticano II. De qualquer forma, mesmo reconhecendo o valor histórico este não deve se sobrepor, em meu juízo, ao que é mais consentâneo com uma celebração mais partilhada, comunitária e clara.

A sacrosanctum concilium é um documento programático, porém a intenção é doutrinal, percebe-se pela leitura atenta. Foi colocado o mistério pascal (n. 5-13) bem no centro do documento: anunciar a salvação a todos é a missão maior da Igreja e essa salvação é atualizada a cada dia quando se celebram os sacramentos, e especialmente a Santa Missa ocasião em que se recorda e se vivencia a morte e a ressurreição do Cristo. A liturgia é a “fonte” e o “cume” da vida da Igreja (n. 10). Como em quase tudo que é importante na nossa Santa Igreja se dá no mistério, assim também, na liturgia, conforme prescreve a Sacrosanctum Concilium Cristo é presente de várias maneiras, a iniciar pela presença naquele que preside, obviamente no pão e vinho consagrados, na Palavra de Deus proclamada, mas também no povo reunido que reza em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo (n.7). Essa presença no seio do povo, para mim, sempre foi óbvia, pois é circunstância bíblica: onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome lá estarei presente. Não se deve descuidar jamais, por isso, da ativa participação dos fiéis por ser essencial e imprescindível (n.48).

Interessante é perceber que houve restauração da oração dos fieis (n.53). Quer dizer que ela tinha sido suprimida da celebração.

O planejamento previsto no artigo 51 para que as partes mais importantes da Bíblia sejam todas proclamadas em alguns anos é algo que demonstra o cuidado com o povo que, ao participar das Santas Missas recebam esse grande tesouro que instruídas pelos bispos, presbíteros e diáconos mostram claramente o brilho nele contido e inflame o espírito participativo missionários de todos os ouvintes e participantes.

Pois é, assim o Sacrosanctum Concilium, dispõe nos seus sete capítulos, orientações sobre toda a Sagrada Liturgia, incluindo-se “o mistério eucarístico”, “outros sacramentos e sacramentais”, “Ofício Divino”, “Ano Litúrgico”, “A música sacra”, “A arte sacra e alfaias litúrgicas”, além de um apêndice correspondente “ à declaração conciliar sobre a reforma do calendário”. É uma instrução completa que orienta sobre tudo: os tempos litúrgicos, a utilização de imagens e figuras nas Igrejas, o modo de entoar cânticos, as revisões dos sacramentos, incluindo-se a adequação da nomenclatura como aconteceu com a extrema unção que caiu em desuso ante a unção dos enfermos, a explicação sobre a liturgia das horas, os ofícios todos, os objetos e elementos usados nas celebrações, a formação do clero em todos os aspectos, chegando a definir o uso das insígnias pontificais evitando-se a banalização. Não é documento “fechado”, permite e estimula sempre a participação local.

Mal comparando, ao terminar a leitura da Sacrosanctum Concilium, considerando a relevância que o Professor atribuiu ao aspecto do banquete, da ceia pascal, presente na celebração eucarística, me veio à mente que o documento conciliar representou um manual completo. É como se houvesse uma comissão encarregada elaborar as instruções para que o mestre de cerimônias, os operários e os convivas pudessem preparar um grande banquete para recepcionar o soberano mais importante que possa existir e por todos querido e admirado. E o manual não só definiu com clareza, a arrumação da mesa, a disposição dos copos e talheres, as toalhas, a decoração, a música, o traje comum , a indumentária propícia, a bebida, a comida, as cores; as palavras de saudação, de petição, de louvor, de agradecimento, de alegria, de esperança dirigidas ao rei que se postaria bem no centro do grande salão onde todos os convivas o receberiam com louvor e glória. Definiu também o espírito com que todos os participantes deveriam receber o Rei por se tratar de alguém extraordinário cujos gestos e atitudes poderiam ser por todos imitados, cujas palavras de ensino e mandamento a todos confortaria ou instruiria à vivência mais profunda da caridade que é o amor posto em ação. A festa e o banquete seriam oferecidos e o Rei se faria presente em cada detalhe, em cada alma e coração dos participantes, na pessoa do mestre de cerimônias e nos seus ajudantes e, misteriosamente, no alimento principal do banquete. Lembra-se de festa de casamento em que todos os convidados (dos noivos) estão lá felizes e sorridentes, bebendo, comendo e dançando ao som das músicas mais animadas? Pois é, os noivos estão presentes em todos os momentos, são eles que contrataram e pagaram pela festa, alegram-se com a presença dos convidados, desejam que todos se satisfaçam e sejam felizes e, ainda depois de tudo, mesmo não precisando, acabam indo de mesa em mesa, cumprimentando e agradecendo a cada um. No banquete eucarístico que encerra em si o mistério do sacrifício, Cristo se faz onipresente, faz-se O todo presente em tudo e em todos. Não há parte alguma da celebração em que há ausência daquele que pagou com a sua vida o resgate da vida de cada um de nós! E, na comparação com a festa de casamento, há quem diga também que nela, bem presente também está o espírito de sacrifício que cada um dos noivos oferece, doando-se ao outro para fazê-lo feliz e assim se dispondo, acaba por sentir-se igualmente feliz! É também mistério sacramental, pode-se dizer do matrimônio.

Manifesto grande surpresa, quando da leitura do penúltimo artigo, o 129, do documento estudado que, ao que me consta não foi aplicado ou não se observa na plenitude o que ali se encontra previsto: “durante o curso filosófico e teológico, sejam também instruídos na história da arte sacra e de sua evolução (...) aos artistas na realização de suas obras”. Pode ser que haja alguma disciplina específica nos últimos semestres do Curso de Teologia na PUC-São Paulo, Campus Santana, e que o que presumi seja equívoco em virtude de ignorância.

Não poderia deixar de citar algo digno de aplauso: o artigo 19. Refere-se aos pastores atribuindo a cada um o ser “fiel dispensador dos mistérios de Deus” terminando o artigo com uma advertência seriíssima a respeito do proceder. Não devem guiar o rebanho só com palavras, mas também com o exemplo. Enfim, é a tal da coerência entre a ortodoxia e a ortopraxia. Não há meio termo: os bispos, os padres e os diáconos, como pastores, cada qual em sua instância, devem dar o exemplo de vida, com gestos e atitudes coerentes com as palavras que pregam.

Após a leitura da Sacrosanctum Concilium, seguramente, sou um pouco menos ignorante da relevância da SAGRADA LITURGIA e mais exigente comigo mesmo. Amém!

Professor: Pe. Márcio Leitão

IRINEU UEBARA
Enviado por IRINEU UEBARA em 11/10/2014
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