Resenha do livro Como se, de Cláudia Chigres



São poucos escritores que conseguem chamar a atenção de seu leitor exigente que está à procura de uma leitura agradável, sem tendência ao tédio ou sem desistência. Se uma obra for excelente com um tipo de gênero literário, imagina-se quando se agrupam diversos gêneros em um livro só que, embora tenham temas diferentes, se interlaçam de modo agradável.
É assim que o livro Como se – publicado em dezembro de 2014 - é apresentado: um conjunto de textos em prosa e poesia, até mesmo um pouco teatral como em Gênese. Talvez isso “seja a sua singularidade ou, ao contrário, a sua mais absoluta generalidade”. É através dessa dicotomia que o livro vai se desdobrando e dá ao leitor a imagem que tanto procura através das palavras. A cada parágrafo lido, o leitor consegue verificar a cena, dar nuance a imaginação – o que torna a leitura ainda mais agradável.
O livro é dividido em dois blocos, cujos nomes são do próprio livro (Como e Se). A meu ver, cada bloco mostra um parecer sobre os hábitos humanos, descritos de modo detalhado - por mais simples que seja o ato - como em:
Abrir a boca. Enfiar o alimento. Trinca-lo entre os dentes. Dilatar e comprimir maxilar com a boca fechada. Dilatar e comprimir o maxilar novamente. Revolver a massa dura novamente.
Por meio desse processo criativo intenso, podemos ver como a escrita vai se desenvolvendo sem nenhuma dificuldade e com tamanha perspicácia que desemboca em um mundo de imaginações, além da intensidade fonética que dá ritmo melhor à leitura, como em O colecionador de sons.
Cada prosa e poesia do livro originam uma leitura diferente de acordo com as características dos personagens e da situação, ainda mais com os extras ao final do livro – uma espécie de continuação ou de notas/partes que fossem (des)necessárias ao leitor e isso poderia ser um tipo de como se o leitor precisasse saber dessa parte retirada.
O livro em si traz ao leitor o questionamento sobre a individualidade de cada um: os personagens de cada conto apresentam seus problemas e seus vícios, mas cada um tem suas qualidades. São esses hábitos – o “como” – que a autora descreve em cada texto: são perspectivas que ela sustenta durante o livro todo – é um tipo de como se uma generalidade sustentasse a singularidade. É essa criação literária que torna a obra bela, em toda sua:

Geo-grafia

Mínima
Palavra

Tímida
Anatomia
Ricardo Miranda Filho
Enviado por Ricardo Miranda Filho em 17/03/2015
Reeditado em 17/03/2015
Código do texto: T5172901
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