Rio, 16/04/15
       Naquela intempestiva tarde quando caiam folhas de quaresmeira aos pés de uma jovem diante de um jazigo perpétuo, via-se ela aos prantos enquanto se recordava dos momentos mais felizes de sua vida.
       "Na igreja as portas se abriam e ao som de Bach a noiva entrou devagar acompanhada do pai que a levava até o altar. O padre falava sobre a união de dois jovens em plena flor da idade tão decididods enquanto o buquê da noiva aos poucos se desprendeu causando espando na mãe e em todos que ali se achava. Em passos lentos Dona Sueli se aproximou e pegou o buquê temendo por algo que fosse acontecer quando lhe vieram na memória as seguintes palavras(Não a leve na igreja) E assim, continuou o matrimõnio quando ao fim de toda a realização deste os noivos se beijaram e voltaram ao som do (Concerto para uma só voz). Na saída da porta da igreja quando todos lhe atiraram o arroz e os convidados lhes desejavam felicidades o tiro, partido não se sabe de onde atingiu Marcos Luis em cheio. Foi caindo devagar e já no chão ela gritou, saiu correndo desembestada e começou a quebrar tudo que via pela frente. Num estado lastimável de loucura plena que causava dó."
         Agora estava ali diante do túmulo após ter ficado durante anos numa clínica para tratamentos psiquiátricos. Pôs o buquê de rosas vermelhas como usou no dia do seu casamento. Olhava para ele e as lembranças não saiam de sua cabeça. Um senhor se aproximou dela. Sempre a via no mesmo lugar levando rosas para aquele mesmo defunto:
       _Por que choras moça bonita?
       _ Saudades.
       _ Deve ser guardada no peito e não aqui se debulhando diariamente. Saiba_ Dizia ele com voz suave e meia rouca: _ Que nada o trará de volta.
      _ Sei disso, se faço é tão somente porque... _ O fitou incomodada: _ Nem o conheço por que se intromete?
      _Meu nome é José Maria da Posse agora quanto ao seu deve ser a senhora Alencastro Guimarães. _ Disse fitando a lápide com escritos dourados.
      _ Sim e o senhor não tem nada a ver com isso.
      _Ouça senhora quero apenas lhe ajudar. Quero que saiba que a vida passa depressa demais e se...
      _ O senhor também é como os outros que não querem que eu venha ver meu esposo. Pois saiba o senhor que estão enganados se pensam que vão me separar dele.
     Saiu corrrendo desesperada desapercebida que o seu pai a observava da porta da loja de restaurção em objetos ornamentários para cemitérios. Dali ele pensava aflito" Nunca devia ter permitido esse casamento. Agora vejo minha única filha desse jeito"
    Ao chegar em casa a moça viu a criada estendendo a roupa no varal enquanto escutava o rádio. Lolita suspirava com a canção do rei. Dona Sueli preparava o jantar. Pegou na geladeira a garrafa de água e no armário o copo sentando na cadeira da mesa da cozinha. Pensativa no sujeito que veio lhe falar. Dona Sueli abaixou o fogo, tapou as panelas e se aproximou:
     _ Nem precisa me dizer de onde voce veio.
     _ Oras mamãe, se sabe porque então...
     _ Até quando Luísa carla voce vai viver enfiada nesse emaranhado de tristezas?
     _ Mãe eu só preciso saber quem matou o Marcos Luis.
     _ Acontece filha, que o processo foi arquivado justamente, porque não havia provas suficientes para ser homologado.
     _ Não me conformo.
     _ Bala perdida filha.
     _Mamãe, é impossível se pensar que possa simplezmente ter sido essa a causa.
     _ Do que você está falando querida?
     _ O Senhor Alencastro Guimarães não queria que a gente se casasse.
     _ Luísa Carla, filha! Você está levantando um falso. E como católicos que somos isso não é correto.
     _ Já parou para pensar que ele pode ter panejado isso para min.
     _ Filha, essas suas visões estão deixando você transtornada.
     O telefone tocou:
     _ Alô.
     Silêncio:
     _ Alô.
     _ Nenhuma palavra
     _ Alô... Alõ... Alô!
     O som da valsa ao fundo deixou-a nervosa:
     _Mamãe ouvi o som da marcha nupcial
     _ Como filha? Quem poderia brincar com voce desse jeito;
     _E não é de hoje que isso acontece.
     Preparou um copo de água com açúcar:
     _ Bebe filha bebe.
     _E eu estava agorinha no cemitério. Será que alguém quer me assustar?
     No avião o senhor Alencastro Guimarães descia amparado por seus seguranças. No automóvel ele viu colocarem sua cadeira eletrônica dentro do carro. Fechava os olhos quando se via diante desta realidade. O mordomo percebeu sua angustia:
      _ Para quem o senhor ligava?
      _ Para ela Ataliba.
      _Por que levar adiante essedesejo de vingança senhor?
      _ Por causa dela meu filho morreu e olha como eu fiquei. Lembra que foi ela quem previu toda essa tragédia?
      _ Aquela moça sofreu tanto senhor.
      _ Não a defenda na minha frente. Ela vai ter o que merece.
      _ Acidentes acontecem e o senhor não pode responsabilizá-la por isso. E depois o seu motorista vinha em alta velocidade.
      _ O senhor ficará viúvo e sofrerá um grave acidente que deixará sequelas. _" Recordava da reunião em sua casa: _Exatamente assim que ela falou" E aconteceu.
       Dona Sueli tentava acalmar a filha quando tocou a campainha. A criada foi atender. E se deparou com bonita morena dos cabelos longos:
       _Por favor minha tia está?
       _ Quem deseja?
       _ Luciana D"avila de Castro, a sobrinha dela.
       Percebeu a mala e cuia:
       _ Queira entrar, por favor, café, água ou suco?
       _ Um café. E minha tia
       _ Está com Luísa carla que acabou desmaiando ao receber um buqu~e de rosas e um cartão.
       Dona Sueli olhava o cartão
       "Cabelos cor do mel
        Pele alva de algodão 
        Olhos cor de avelã
        Lábios que tocam meu coração"
        Havia ligado para o Dr Castilho informando o estado deplorável em que se encontrava. Logo depois o médico chegou para atendê-la:
        _ Como vai Lolita?
        _ Bem doutor é por aqui.
        Ele olhou para Luciana com certo ar de menosprezo. Dona Sueli foi na sala para recebê-la

       
      
      
Mazi
Enviado por Mazi em 16/04/2015
Reeditado em 17/04/2015
Código do texto: T5209489
Classificação de conteúdo: seguro