O IDEAL SOCIAL DE JULIO DNIS “As Pupilas do Senhor Reitor”

As Pupilas do Senhor Reitor, romance do escritor português Júlio Dinis foi lançado ao público em formato de folhetim em 1866 e, posteriormente, editado e publicado como livro em 1867. A história dos amores e dos desencontros das órfãs Clara e Guida educadas por um velho pároco, no cenário da vida campestre portuguesa do século XIX. Cenário este, povoado por personagens cuja bondade só é maculada pelo moralismo quase ingénuo de “comadres intriguistas” que contribuem para o conflito amoroso. “As Pupilas do Senhor Reitor” encontram-se não só entre as obras de maior sucesso do autor, como é também um dos romance mais vendidos dos séculos XIX e XX em Portugal. Julio Dnis defendia a tese de que a vida simples e natural torna as pessoas alegres e felizes.

Como um bom observador de seu contexto social ele escreve e descreve idéias,desenvolvendo toda uma problemática pequeno burguesa ( classe média), com propósito de pregar uma moralização de costumes pela vida rural e pela influencia de um clero convertido.

Dnis pretendia um ideal social tanto que em sua obra descreve as realidades com muita feição, e os pormenores de cada personagem numa reconstrução baseada em seu idealismo. A tradição e retratada na obra com o trabalho camponês e a herança desse trabalho de pai para filho, nos mostra o mundo do trabalho rural, a agricultura de subsistência, uma realidade dos pequenos proprietários, cujo trabalho tinha de ser feito pelos familiares. As cantigas também fazem parte da tradição do povo, notamos isso no capitulo 3 onde Daniel canta para margarida, e no capitulo 7, onde Pedro encontra clara lavando roupa e cantando, ora , era esse o passatempo das lavandeiras a beira do rio. Não podemos deixar de citar aqui os engraçados comentários aldeãos das mexeriqueiras das calçadas, as maledicências das beatas com seus princípios cristãos. Em todo grupo social haverá de sempre existir tais estereótipos, do simples aos mais complexos que titulamos com temas polêmicos sociais, porem, esses são os mais predominantes em uma pequena aldeia, sendo tudo muito simples e conservador de um caráter religioso.

O amor é tratado com pouca importância, ainda que retratados com cuidados os poucos aspectos de um romance. Pois, até então a razão é mais predominante que a emoção, e o que o que mais valia era o conhecimento. Ele é mais realista nesse romance do que romântico. Os trechos em que Pedro é descrito pelo autor como um rapaz diferente dos outros, que se afogam em lagrimas e momentos melancólicos que não acrescenta senão perde, tempo! Faz uma critica aos amantes Wertherianos. (p. 42,43)

Aborda a imagem feminina com muita dedicação, pois a mulher para ele é uma fonte inesgotável de valores inquestionáveis para a sociedade. De grande importância, a mulher juliniana em suas obras é sempre a flor magnífica de perfume inebriante, supremo encanto da vida que apesar da sua fragilidade física consegue por dedicação e caridade servir respectivamente de apoio moral no próprio lar. As duas irmãs Margarida e Clara são citadas na obra com tanto empenho que hás deu uma curta biografia numa descrição de suas personagens, (nas paginas 41, 45.) Há sem duvida alguma a presença da idealização de mulher, vemos isso quando ele descreve Clara lavando roupa enquanto Pedro a observava, nesse mesmo ensejo da obra ele insere a ciência na descrição psicológica dos personagens. (p. 45) descrição dos instintos da mulher. Julio Dnis retrata uma imagem de mulher boa e angelical, uma imagem que na obra “Amor de Salvação” de Camilo castelo Branco é demonstrado as faces e o poder feminino, onde ele descreve a mulher com aspectos de bondade, o que encontramos em Clara.

Por K. Hellen

DINIS, Júlio. As Pupilas do Senhor Reitor. 8ª ed., São Paulo: Editora Ática, 1987. (Série Bom Livro)

Khellen
Enviado por Khellen em 10/06/2015
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