Recomeçar

O amor deles por Calebe foi responsável por muitos erros na família Albuquerque, agora eles decidem começar a vida em uma pequena cidade desconhecida, e finalmente viver uma vida tranquila, mas eles vão descobrir que não se pode apenas esquecer o passado.

A chegada de uma garota a cidade, vai ensina-los que antes de tudo, devemos resolver os problemas e não apenas coloca-los debaixo do tapete.

Se preparem a calma e tranquila Mar Azul, vai ficar bastante agitada.

CAPITULO 1

Seria uma segunda feira qualquer se não fosse o primeiro dia da família Albuquerque em Mar Azul, esse é o nome de uma pequena cidade que foi escolhida pela família que em dois anos se mudaram três vezes de cidade, na esperança de Calebe se tornar um rapaz responsável como eles sempre sonharam.

Tudo já estava empacotado e no caminhão da mudança, Lidia da uma última olhada na sua antiga casa e pega a última caixa com seus desenhos

- Espero que essa seja a ultima vez que essa família se mude de cidade, pensou Lidia. A tristeza de deixar tudo para trás novamente era escondida pelo belo sorriso e seus lindos cabelos pretos sobre o ombro.

-Eu já disse que você está linda hoje. – Carlos elogia com um beijo no rosto dela.

-Já perdi as contas, mas não me importo, pode dizer quantas vezes quiser. –repondeu.

Era um manhã de domingo nublada e tudo estava pronto para a viagem os dois tomaram a decisão de se mudar novamente, tentando se livras dos erros cometidos por Calebe naquela cidade, não tinha outra saída , o jeito era iniciar a vida numa cidade em que não conheciam ninguém. Foi preciso fechar a loja de artes de Lidia e Carlos pediu transferência para a filial em Mar Azul, Calebe no fundo sabia que estava magoando seus pais e precisa mudar de atitude, mas não demonstrava remorso pelos seus erros. Assim como sua mãe Calebe escondia seu arrependimento no rosto de um jovem rebelde e egoísta. Antes de descer a escada da casa que agora estava vendida para um casal de idosos, ele deu uma última olhada e escutou quando o seu pai gritou:

-Calebe você já está pronto? – pergunta Carlos enquanto pega a chave do carro que estava em cima da estante. – Não ouvir a resposta Calebe. – Carlos grita mais uma vez

-Já estou indo – responde descendo a escada.

Seria exatamente 5 horas de viajem até chegar em Mar Azul, no caminho Carlos e Lidia conversavam sobre a nova cidade e o que sabiam sobre o lugar, Calebe não deu uma palavra, mas ajudou a pensar na sua nova vida e o que poderia mudar e evitar, não sabia por onde começar, mas sabia que precisa se esforçar embora eles aparentasse animação na nova mudança, no fundo ele sabia que seus pais estavam cansado em resolver as grandes besteira que ele aprontava. Depois de cinco hora de viajem uma placa dizia “Sejam Bem Vindo a Mar Azul”, a casa que eles compraram era bem menor que a última mas tinha 3 quartos, uma espaçosa cozinha, uma sala e uma varanda, depois que tudo foi colocado dentro da casa, agora tinha que arrumar tudo, Lidia passou a noite tentando organizar tudo, quando Calebe acordou pela manhã o café da manhã estava pronto e Carlos já estava pronto para leva-lo para a nova escola, Calebe comeu e pegou sua bolsa.

-Até mais tarde garotos. – disse Lidia

Carlos foi por um caminho mais longe para mostrar um pouco da cidade a Calebe, tentou puxar assunto, mas ele estava em silencio desde que tinha chegado.

-E então o que você está achando da sua nova casa filho? – pergunta Carlos tentando quebrar o silêncio.

-Ainda é difícil dizer, não conheço ninguém. – responde.

-Espero que a gente passe mais tempo nessa cidade, do que na última onde moramos. – Carlos fala olhando fixamente para Calebe, enquanto estacionava em frente à escola.

-Eu sei o que o senhor quer dizer pai, não se preocupe vou me comportar. – Calebe fala com tom de ironia.

-Não seja irônico filho. – disse Carlos. – Não cometa os mesmos erro, poupe sua mãe de preocupações, ela não merece ter que guardar tudo numa caixa novamente.

-Até logo pai. – respondeu Calebe encerrando a conversa.

Calebe tinha consciência de que precisava mudar suas atitudes e que não poderia machucar mais o seus pais, a nova escola poderia ser um começo.

Ao entrar na Escola Estadual de Mar Azul a única da cidade, ele encontrou muitos gente cada uma parecia ter seus grupos e pareciam ser boas pessoas, Calebe foi direto para a diretoria, bateu na porta e entrou.

- Oi gostaria de falar com o diretor Dan. – disse ele.

-Sim meu jovem, entre ele foi resolver um pequeno problema mas já está voltando. – respondeu uma simpática senhora chamada Berlinda. – Então você é o novo aluno? Está gostando de Mar Azul?

- Ainda é cedo pra dizer, praticamente acabei de chegar. – respondeu.

-Tenho certeza que você vai gostar. – disse Berlinda com um sorriso encantador.

Berlinda tinha 35 anos e tinha se formado naquela escola e logo após foi oferecido um emprego como auxiliar administrativo do Diretor Dan, desde então passou a trabalhar na escola. Desde pequena sonhou em ser cantora, mas devido as circunstâncias seu sonho não se realizou, logo após a formatura seu pai foi demitido da empresa e ela tinha que ajudar com as despesas, não podia deixar os seus pais passar necessidade, foi quando surgiu a vaga de emprego na escola, fez a seleção e conseguiu o emprego.

Se passaram 20 minutos e entra na sala um homem negro de 1,90 bem vestido e aparentava ser simpático. Berlinda apresenta Calebe:

- Dan aqui está o novo aluno. – Calebe que estava sentado olhando o Facebook no celular.

-Oh, seja bem vindo meu jovem. – disse Dan apertando a mão de Calebe. – Gosta de tecnologia? Eu também amo, mas vou logo dizendo que por aqui temos algumas regras.

-Oh Dan, não assuste o garoto. – fala Berlinda olhando por cima do monitor.

-É brincadeira! Meu nome é Dan Jackson e o seu meu jovem?

- Meu nome é Calebe Aburquerque. – responde, colocando o celular no bolso.

- Seja Bem vindo Calebe! Esse nome é bíblico? – pergunta.

-Não sei, pode ser que sim. – respondeu Calebe.

-Vamos, vou levar você para conhecer a sua sala e seus novos amigos. Está curioso para conhece-los?

Calebe balança a cabeça.Naquele momento por algum motivo deu aquele frio na barriga de Calebe. E ele foi seguindo o diretor pelo corredor que no momento estava vazio já que todos estavam em aula.

A vida nos da à oportunidade de escolher qual caminho queremos seguir, quando escolhemos o caminho errado às vezes temos a oportunidade de mudar e seguir um caminho diferente, se formos esperto faremos tudo diferente, pois todo dia é dia de melhorar, uma vez que não somos perfeitos e que nunca seremos bom suficiente. A pergunta que fica no ar é a seguinte: Estamos mudando porque nos arrependemos ou porque as pessoas tem colocado expectativa em nós e temos medo de decepcionar essas pessoas? Tudo isso passava na cabeça de Calebe mais ainda era cedo para ele saber as respostas.

Quando ele entrou na sala todos olhavam para eles com varias interrogações nos seus olhares, era uma sala de trinta alunos e quem estava dando aula era a professora de literatura Lane Brito, o diretor apresentou Calebe a professora e aos alunos. Ele foi conduzido até ao seu lugar e Lane continuou explicando o assunto.

-Ufa! Não foi tão ruim. – pensou. – Definitivamente eu preciso parar de me mudar.

Se existe uma cidade no mapa que gosta de festas essa cidade se chama Mar Azul o nome da cidade foi dado pelos seus primeiros habitantes a razão desse nome se dar ao fato que o grande mar que existe na cidade é de uma imensidão azul, muitos turista passam suas férias e até lua de mel nessa cidade, tem um ar fresco e é com aproximadamente 7.000 habitantes, praticamente todo mundo se conhece exceto a nova família que chegou e é o comentário da cidade.

- Oi novato meu nome é Camile. – disse Camile estendendo a mão

-Oi – respondeu Calebe, impressionado com a beleza da garota.

-Você é tímido assim, ou é porque ainda não conhece ninguém. – pergunta Camile com um sorriso radiante.

-Eu acho que é porque sou tímido mesmo. – respondeu Calebe olhando fixamente para Camile.

-Hoje vamos da uma festa na praia, você está convidado. – Camile pisca o olho.

- Vou aparecer por lá – Calebe, sabia que não era um bom momento para participar de festas.

-Vou esperar por você! – disse Camile com um belo sorriso.

-Porque você está me convidando? Você não me conhece. – questiona.

-Eu deveria ter medo de você? – pergunta

-Não sei. – respondeu.

-Já que não tenho uma resposta prefiro pagar pra ver, hoje a noite Calebe estarei esperando por você e não se preocupe faço questão de apresentar você ao pessoal.

Enquanto eles conversavam Erick observava de longe e resolver ir até eles.

-Algum problema aqui? – pergunta

-Deixa de ser paranoico, só estou convidando o novato para a festa de hoje. – disse Camile.

-Se tiver a fim está convidado cara.

-Beleza! – Calebe responde.

Todo mundo falava nessa festa e Calebe estava tentado a ir, mas talvez aquele não fosse um bom momento ele não deveria esquecer de ficar longe de problemas pelo seus pais.

-Por Camile eu sou capaz de ir a essa festa. – pensou.

Camile namorava com Erick, o relacionamento deles era muito estranho, isso era o que toda escola dizia, mas eles eram muito popular e onde eles estavam todos queriam estar também. Calebe participou de todas as aulas e na volta pra casa viu de longe Camile entrando no carro de Erick, ele tentou disfarça que estava olhando e foi para casa no caminho encontrou Jonatas Maldonado.

-E aí cara sou Calebe, vi você na aula de Calculo. – disse Calebe estendendo a mão.

-Eu sei, você é o novato. – respondeu sem demonstrar interesse.

-Você sempre vai andando? – Calebe tenta puxar conversa.

-Você está ficando maluco? – pergunta Jonatas.

-Porque as pessoas daqui tem um hábito estranho de responder as perguntas fazendo outra? E porque você acha que estou ficando maluco?

-Fique longe de Camile Calebe isso se você quiser continuar nessa cidade.

-Não estou entendendo.

-Eu vi você olhando para ela no final da aula.

Calebe parou no meio da rua, mas Jonatas continuou andando, tudo aquilo estava muito estranho, mas ele sabia que todo aviso deveria ser levado em consideração e naquele momento ele teve a certeza que não deveria ir à festa de jeito nenhum.

-Que droga não posso arrumar problema pra mim. - pensou

Calebe lembrou que há exatamente um ano atrás estava na Estadual de Nova Lima e tudo estava muito bem até ele se envolver com as pessoas erradas e começar a fazer coisas que não era permitido. A história não podia se repetir novamente, se recomeçar era a sua prioridade então ele deveria se afastar de problemas.

Existem momentos na vida que temos que sacrificar algumas coisas para deixar outras pessoas felizes, a vida é muito curta para ignorarmos as oportunidades que temos, se a nova chance é para melhorar então devemos tentar mesmo que isso seja um conflito interno. Calebe resolveu conhecer um pouco a cidade, quando chegou encontrou sua mãe fazendo a arrumação na casa, estava quase tudo em seu lugar e Lidia terminava de colocar na parede os quadros que trazia muita historia.

-Esse é o mais bonito mãe. – disse Calebe apontando para o quadro que foi colocado na parede principal da sala, a arte era cheia de detalhes e trazia um mensagem de esperança.

-Esse é um quadro especial filho. – respondeu Lidia. – Como foi o primeiro dia na escola, você gostou? – pergunta.

-Foi legal. – respondeu. – As pessoas parecem ser legais.

-Fico feliz que tenha gostado agora me dê uma ajuda aqui. – disse Lidia que tentava esconder a tristeza de estar em um novo lugar e ter que começar tudo de novo.

As vezes conseguimos abrir feridas nas pessoas que demoram a cicatrizar, no seu coração Calebe sentia muito por ter deixado sua mãe naquele estado, mas era muito orgulhoso para pedi desculpas, em vez disso tentava ajudar de sua forma, assim como toda ferida aberta precisa de um tempo para se curar, as pessoas levam tempo para voltarem o que era e ele entendia que precisa da esse tempo a sua mãe.

Quando comentamos erros não é só nos que sofremos as consequências, mas todos aqueles que estão perto da gente, às vezes a vida é injusta, só precisamos aprender com os erros e percas e encontrar uma maneira de acertar.

Durante a tarde inteira Calebe e Lidia trabalharam juntos na arrumação da casa, tudo estava ficando perfeito, os dois se divertiram muito e relembraram muitos momentos bons, a noite chegou que eles nem perceberam, Lidia não tinha preparado o jantar e tiveram que pedi pizza, quando Carlos chegou do trabalho encontrou tudo arrumado e ficou impressionado, enquanto comiam pizza falaram como tinha sido o dia, enquanto conversavam Calebe lembrou do convite que Camila tinha feito, uma parte dele mandava ele ir outra dizia que era melhor ele ficar com sua família.

-Você já está quase desmaiando filho. – disse Lidia

-É mesmo, estou com muito sono. – respondeu Calebe. – Boa noite!

-Boa noite filho. – Carlos e Lidia.

Carlos e Lidia resolveram da uma volta na noite estrelada de Mar Azul.

-Você sabe que eu te amo muito. –disse Carlos

-Eu também te amo. – respondeu com um forte abraço.

-Como foi o dia dele na escola hoje, ele disse alguma coisa? – pergunta Carlos

-Sim, ele disse que as pessoas daqui são legais. – respondeu

-Temos que ficar de olho nele e manter ele longe de problemas, não quero ter que fazer as malas novamente, já estou cansado disso. – disse Carlos em voz baixa

-Se você está cansado, imagine como eu estou? Eu deixei novamente tudo que eu construir para trás. – disse Laura com os olhos cheios de lágrimas. – Quantas vezes teremos que nos sacrificar pelo Calebe?

-Eu sei meu amor que você teve muitas percas, mas aqui iremos recomeçar e você vai recuperar tudo novamente, eu prometo. – disse Carlos enquanto beija Laura.

-Eu estou cansada Carlos, precisamos dormir, amanhã é um grande dia. – diz Laura. – Vamos entrar.

-Vamos entrar sim, mas ainda é cedo para pensar em dormir, e ainda não inauguramos a nossa cama. – disse Carlos. – Posso fazer uma daquelas massagens que você gosta.

- Hum, senhor Carlos, to começando a perder o sono. – disse Lidia subindo as escadas correndo. – Encontro você lá em cima.

Os dois tinham enfrentado muitas coisas juntos e tudo serviu para fortalecer a união deles, estão tão apaixonado quanto no dia que se conheceram na Faculdade, Carlos estudava Contabilidade e Lidia Artes. Começaram a conversar nos intervalos e o que era somente uma amizade foi se tornando paixão, a principio os pais de Carlos não gostava de Lidia e por muitas vezes tentou acabar com o relacionamento deles, após dois anos de namoro eles noivaram e marcaram a data do casamento, os pais de Carlos viram que não tinha jeito e que o amor deles eram verdadeiros e resolveram aceitar a escolha do filho. Dias antes do casamento os pais de Carlos decidiram viver viajando pelo mundo e deu de presente a casa onde eles moravam.

-Para nos é muito importante deixar essa casa para vocês. – disse Carol. – Eu e Calebe vivemos toda nossa vida aqui, essa casa tem muita história e parte dela Carlos conhece.

-Eu e sua mãe deseja toda a felicidade para você filho, sempre que precisar é só nos chamar. – disse Calebe.

As lembranças ainda estavam tão nítidas para Carlos e Lidia eles sempre choravam ao lembrar de um casal que sempre trazia alegria, mesmo em momentos ruins.

CAPITULO 2

Salomão escreveu o coração do homem pode fazer planos, mas a resposta certa dos lábios vem do Senhor. Tinha se passado três anos e Laura estava grávida de oito meses quando o telefone tocou, essa com certeza foi a pior ligação que Carlos atendeu.

-Gostaria de falar com Carlos Albuquerque. – fala uma voz desconhecida.

-É ele. – responde Carlos

– Aqui é da emergência, seus pais sofreram um acidente na estrada 52, peço que venha imediatamente eles estão no Hospital Esperança.

-Carlo o que aconteceu, quem era no telefone. – Lidia pergunta assustada.

-Meus pais sofreram um acidente.

Carlos estava paralisado com a noticia.

-Oh meu Deus, precisamos ir pegue o seu casaco eu dirijo. – disse Lidia, tentando se manter forte.

Sabe quando o mundo literalmente se desmorona? Foi o que aconteceu com Carlos.Se existisse uma máquina do tempo com certeza todas as pessoas do mundo usaria, porque todo mundo tem alguma coisa para mudar do passado, mas infelizmente só podemos ver em filmes e a vida não é um seriado americano, tudo o que acontece é real e trás consequências, dores, tristezas, danos irreversíveis, mas se tem uma coisa que todos deveriam ter é esperança, não a vemos somente esperamos, não tão fácil na pratica, mas se todos pudessem ter um pouco as coisas seriam diferentes. De uma hora pra outra o dia ficou nublado para a família Albuquerque, estavam todos esperando os médicos terminar a cirurgia para saber a gravidade da situação e se tinham esperança de uma melhora, tudo aconteceu muito rápido, os planos dos pais de Carlos era passar o final do ano juntos, o bêbê estava preste a nascer e Carol fazia questão de estar por perto quando seu neto nascesse.

Após longas horas de espera finalmente o médico trás noticias sobre a cirurgia.

-Você é o filho do casal que sofreu um acidente. – pergunta o médico e Carlos faz um sinal com a cabeça. - tudo foi muito delicado os dois tiveram ferimentos graves tentamos fazer o possível mas infelizmente só conseguimos salvar a sua mãe, o seu pai não resistiu aos ferimento eu sinto muito.

-Meu pai morreu? Não. Onde ele está?

-Carlos calma meu amor. – Lidia tenta acalma-lo.

-Lidia meu pai morreu, isso não está acontecendo, eu preciso vê-lo.

Lidia não sabia o que fazer naquela hora.

-Onde ele está nos leve lá doutor por favor.

-Quero ver ele, me leve lá doutor. – disse Carlos com os olhos cheio de lagrimas.

O corpo estava sobre uma mesa, ele parecia está dormindo, Lidia não conseguiu se conter e os dois se abraçaram e choraram.

- Me deixe sozinho com ele um pouco por favor. – disse Carlos

-Claro, estarei lá fora se precisar.

Carlos queria muito que tudo fosse apenas um sonho, e passou vários minutos olhando para o corpo que estava sobre a mesa, Lidia ligou para seus pais e contou a noticia, no momento ela tinha que se manter forte para ajudar seu esposo, pois não estava sendo fácil.

-Pai o senhor precisa acordar. – sussurou Carlos. – O senhor não pode ir assim, nem nos despedimos, por favor pai. Eu tinha tantas perguntas pra fazer, eu vou ser pai e não sei como vou fazer isso, quem vai me dar conselhos? O senhor não pode fazer isso, não comigo. Levante pai. Eu não aceito isso, eu sei que o senhor é forte. Meu Deus como isso pode acontecer, eles só vieram ver o neto nascer, eram pessoas boas. – as lágrimas dos olhos de Carlos descia sobre seu rosto.

Da janela da porta Lidia via a dor de seu marido.

- Doutor como está a mãe dele. – pergunta Lidia

-O estado dela é muito grave, segundo informações o carro capotou por diversas vezes e ela ficou presa nas ferragens, se ela sobreviver talvez não volte a andar. – respondeu. – Se vocês crer em Deus, essa é a hora de orar. Quando ele sair, leve ele para casa e volte amanhã à mãe dele ainda não pode receber nenhuma visita.

- Ta certo. – respondeu.

Como da mais uma noticia ruim a Carlos? Lidia não sabia quais palavras usar, ela encontrou forças e entrou na sala

-Eu sinto muito meu amor. –disse Lidia

-Porque Lidia está acontecendo isso comigo. –disse Carlos. – Meu pai se foi, isso não é justo.

-Sei o quanto você está sofrendo, mas no momento você precisa descansar, aconteceram muitas coisas.

A vida tinha dado muitos presentes não só a ele, mas a todos que estavam ao seu redor e por isso ele achou que a previsão do tempo sempre seria dia de sol, mas tem uma hora que as nuvens ficam pesadas e escuras, é sinal que o inverno está vindo e que mesmo que tenhamos vencido muitas batalhas sempre iremos descobrir que tem uma guerra apenas começando que também vai precisar ser vencida e talvez não precisemos pegar em armas, fusíveis ou canhões, mas teremos que descobrir em lidar conosco mesmo, com nossas próprias emoções, com nossos próprios medos.

Ao amanhecer Lidia foi resolver tudo para o velório do seu sogro, Carlos não estava em condições de organizar.

-Não se preocupe meu amor, já está tudo organizado.

-Eu nem acredito que estou indo enterrar meu pai Lidia.

-Eu sinto muito. – disse Lidia sem saber o que dizer.

Uma semana se passou, todos estavam abalados com toda situação Carol ainda estava em coma e não apresentava melhoras, todos os dias eles passavam no hospital, Carlos passava horas conversando com sua mãe esperando que ela acordasse. Lidia estava perto de ter o bebê e a chegada da criança poderia mudar a vida da família. Já fazia dois meses que a situação de Carol não apresentava melhoras, em uma tarde de domingo o telefone toca e Lidia atende.

-Carlos, sua mãe acordou. – disse Laura com um belo sorriso no rosto.

Finalmente Laura conseguia ver esperança no rosto de Carlos. Sem demora foram diretamente para o hospital, ao chegarem lá os enfermeiros os levou para a sala onde ela estava.

-Mãe, como a senhora está. – disse Carlos enquanto olhava para o rosto pálido de sua mãe com os olhos cheios de lágrimas. – Eu pensei que ia perder a senhora.

-Está tudo bem meu filho. – responde Carol.

- Mãe eu sinto muito que tudo isso tenha acontecido, mas vai ficar tudo bem. – diz Carlos.

-Carol é bom ver a senhora novamente. – disse Laura.

-É muito bom ver vocês novamente, e meu neto não quer sair dessa barriga?

-Eu acho que ele estava esperado a sua vó acordar. – responde.

-Então agora você pode nascer. – disse Carla. – Não se preocupe meu filho eu já sei de tudo. – seus olhos enchem de lágrimas.

-Do que a senhora está falando mãe. – Carlos tenta mudar de assunto.

-Todos os dias que você veio aqui e conversava comigo, eu ouvia Carlos, o grande amor de minha vida se foi e queria ter ido com ele também, mas se Deus me deu uma nova oportunidade eu não vou recusar, essas coisas não costuma acontecer duas vezes. – disse Carol enquanto passava suas delicadas mãos no rosto de Carlos.

-Eu sinto muito mãe.

-Eu sei meu filho, seu pai quer que você seja forte e seja um bom pai para o seu filho, ele sempre estará no nosso coração, agora é hora de você colocar em prática tudo que ele ensinou.

-Eu não se estou pronto mãe.

-Você é mais forte do que pensa Carlos. Concorda comigo Laura? – pergunta.

-Sim, ficaremos bem, todos nos ficaremos bem. – respondeu.

-Agora me ajude a levantar eu já passei muito tempo deitada.

-A senhora precisa ficar assim mãe, ainda está muito ressente. – diz Carlos

-Eu estou cansada de ficar deitada preciso levantar, me ajude. – Carol insiste. – Porque não consigo sentir minhas pernas?

-Mãe eu sinto muito, vai ficar tudo bem já conversamos e a senhora vai morar com a gente. – Carlos tenta disfarçar a tristeza.

-Eu não vou voltar a andar?

-Eu sinto muito mãe.

Como entender o propósito de uma nova oportunidade se todas as noticias a principio é ruim se não dizer péssima, será mesmo que foi uma chance de recomeçar ou apenas um castigo ? Talvez as respostas não venham imediatamente, mas com o tempo com certeza entenderemos. Algumas lembranças deveríamos apagar de nossa história, mas isso é impossível porque existe coisas que é impossível esquecer, o que temos que fazer é segui em frente, aprender com as perdas e nos tornamos pessoas melhores. Porque só saberemos se somos fortes ou não quando somos testados, o resultado final vai depender de muitas coisas, mas sempre vai está em nossas mãos.

Carlos nunca superou tudo o que ele passou, não gostava de demonstrar a profunda tristeza que guardava em seu coração, Lidia o conhecia bastante para saber que desde a morte de seus pais ele nunca mais foi o mesmo.

-Viajando nas memórias mais uma vez meu amor. – pergunta Lidia

-Se eu for contar quantas vezes tivemos que recomeçar, eu juro que perdia as contas. –Carlos fala enquanto olha pela janela crianças brincando.

-Enquanto tiver oportunidade, nunca é tarde para tentar mudar e concertar os erros Carlos, não é fácil para ninguém, mas temos que superar. – responde

-Quantas vezes teremos que recomeçar? Porque tudo tem que ser tão difícil pra gente? – indaga Carlos.

-Existem coisas na vida que nunca teremos a respostas e que teremos que aprender a conviver sem elas. Um dia sua mãe estava na varada de nossa casa e ela disse:

“Existe coisas na vida Lidia que não valorizamos e depois nos arrependemos, sabe porque?” E eu respondi: Não! E ela olhou nos meus olhos e disse: Porque somos tão pequenos que não conseguimos enxergar as coisas grandes que a vida coloca diante de nossos olhos.

Carlos da um meio sorriso.

-Minha mãe sempre foi uma mulher muito forte, até conseguiu enganar a morte uma vez. Ela sempre tinha uma frase de efeito que mudava nossa opinião a respeito de qualquer coisa. – disse Carlos com os olhos cheio de lágrimas.

-Carol foi uma das mulheres mais forte que já conheci, aprendi muito com ela é uma pena que tenha partido tão cedo, a morte nunca foi o fim pra ela Carlos ela tinha esperança, fé, ela acreditava que um dia todos nos, nós encontrariam se fizéssemos a escolha certa.

-Eu não sei se consigo Lidia. – declara Carlos

-Deixe o tempo responder por você meu amor, eu sei de uma coisa a força deles dois, está ai dentro de você, só está faltando você acreditar.

-Eles se foram tão cedo Lidia, eu tenho você e o Calebe e eu amo os dois com toda minha alma, mas quando eu lembro que a vida foi tão injusta comigo e que tirou os dois de mim tão cedo eu me sinto vulnerável e com raiva.

-Eu sei que não é fácil, mas estamos aqui e tenho certeza que eles ensinou você a enfrentar seus medos e eles não ficariam feliz em saber que as lembranças deles está fazendo você ficar triste. O desejo de seus pais é que a lembrança deles trouxesse esperança.

-É você está certa, a propósito a noite ontem foi ótima.

-Me lembrei do nosso tempo de namoro, tudo parecia ser tão romântico, um verdadeiro contos de fadas.

-Eu prometo que vou fazer você a mulher mais feliz do mundo, eu vou encontrar o meu caminho eu prometo. – disse Carlos abraçando-a

-Eu sou a mulher mais feliz do mundo meu amor. – respondeu.

Carlos levava o sangue da família Albuquerque nas veias, uma família conhecida pela sua garra, coragem, força, mas de todos os parentes nenhum sofreu tanto como Carlos, perder o Pai em um acidente de carro e dois anos depois ver sua mãe falecer em seus braços, o que na verdade impedia-o de avançar era o medo, medo de perder o que restou, medo de fracassar, medo de prosseguir. É normal ter medo, todo mundo tem medo de alguma coisa, o que não podemos deixar é que esse medo seja maior que nossa coragem ou vontade de alcançar as conquistas e superar os limites de subir mais um degrau da vida. A nossa história com certeza já está toda escrita e com certeza vem carregada de momentos bons e momentos ruins, mas os dois momentos tem grandes lições para nos ensinar só precisamos está disponível para entender e aprender.

Max Lucado disse: Devo dizer uma coisa sobre o medo.

Ele é o único oponente real da vida.

Só o medo pode derrotar a vida.

Ele é um adversário inteligente, traiçoeiro, e como eu sei disso!

Ele não tem decência, não respeita nenhuma lei ou convenção, não mostra a menor misericórdia.

O medo procura o seu ponto mais fraco, que encontra sem erro nem dificuldade.

Começa na sua mente, sempre. Em um momento você está se sentindo calmo, com sangue frio, feliz.

Então o medo, disfarçado na pele de uma leve dúvida, entra na sua mente como um espião. A dúvida encontra a descrença e a descrença tenta expulsá-la. Mas a descrença é um soldado raso mal armado. A dúvida a derrota sem maiores problemas. Você fica ansioso. A razão vem à batalha por você. Você está reafirmado. A razão está completamente equipada com a última tecnologia em armas. Mas, para a sua surpresa, apesar de ter uma tática superior e várias vitórias inegáveis, a razão perde. Você se sente enfraquecendo, hesitando. Sua ansiedade se torna pavor...

Rapidamente você toma decisões precipitadas. Você dispensa seus últimos aliados: a esperança e a confiança. Pronto, você se derrotou. O medo que nada mais é do que uma impressão triunfou sobre você.

CAPITULO 3

Às 07:00Hs da manhã o despertador tocou, Calebe tinha dormido muito bem aquela noite, de seu quarto sentiu o cheiro do seu café da manhã preferido, ovos mexido com queijo, se olhou no espelho e foi direto para o banheiro, pegou sua bolsa e desceu direto para a cozinha.

-Bom dia mãe!

-Bom dia filho! – respondeu Lidia

-Onde está o papai? – perguntou

-Seu pai saiu mais cedo para resolver algumas coisas, hoje quem vai levar você a escola sou eu. – responde Lidia com uma piscada de olhos.

-Mãe eu posso ir de ônibus. – respondeu Calebe

-Faço questão filho, é bom que conheço sua escola e dou uma volta na cidade,desde que chegamos ainda não sair de casa. – Lidia insiste enquanto procura a chave do carro.

-Ta certo, só hoje! Mas eu posso ir de ônibus sem problemas, afinal estou no último ano no colegial, não precisa vocês me levar e me buscar todos os dias.

Como sempre o dia estava radiante em Mar Azul um sol quente e uma brisa soprava, esse era o clima da cidade. Calebe olhava para sua mãe e via que ela se mostrava forte e feliz, porém no fundo ele sabia que ela estava triste e que só aparentava está bem para todos se sentir confortável.

A viajem tinha sido rápida e logo chegaram na escola, Lidia estacionou bem em frente ao portão principal.

-Pronto chegamos filho. – disse Lidia.

Calebe olhou nos olhos de sua mãe e sentiu-se culpado por tudo que estava acontecendo.

-Mãe, vai ficar tudo bem.

-Eu sei que vai filho.- respondeu ela dando um suspiro. – Tenha uma boa aula.

-Obrigado pela carona mãe. – brincou Calebe

-Eu amo você filho, sabe disso né.

-Eu te amo. – respondeu.

Logo quando entrou na escola Calebe viu Camile sentada no pátio e mudou de caminho para não se encontrar com ela, mas não adiantou.

-Calebe está tão apressado por quê? – Gritou Camile do pátio.

O coração de Calebe disparou quando ouviu a voz dela.

-Estou atrasado para aula. – respondeu de longe.

-Engraçado somos da mesma turma e não estou tão apressada assim, venha até aqui por favor. – disse.

Calebe sabia que tinha que manter distancia dela e ficar longe de problemas com Erick.

-Posso saber por que você não quer falar comigo? – perguntou Camile.

-Não é isso... – gaguejou

-Vai ter uma festa no final de semana, dessa vez você não tem desculpas. – disse Camile.

To sabendo o Erick me convidou. – respondeu

- Não sabia que vocês estavam tão próximos. – disse Camile esperando uma reação.

-Não sabia que você e ele namoravam. – respondeu sem olhar para Camile. – Era segredo?

-Porque, você está com raiva? – perguntou.

-Porque eu deveria? – Calebe pergunta sem olhar nos olhos dela.

-Você pode olhar pra mim? – disse ela pegando no seu queixo e levantando sua cabeça em direção ao seu rosto.

-Você sempre responde uma pergunta fazendo outra? Tenho que ir pra aula Camile, mas eu acho que não devemos ficar conversando sozinhos se Erick ficar sabendo pode da problema, é melhor mantermos distancia um do outro.

-Você está com medo dele?

-Não! – respondeu. Só quero ficar longe de problemas.

Camile não entendeu o comportamento de Calebe, mas sabia que alguém já tinha falado alguma coisa, o relacionamento dela e Erick estava abalado já fazia tempo e ela gostava de Calebe, mas também sabia que tudo isso poderia coloca-lo em uma grande enrascada.

-Não podemos nem ser amigos?

-Eu acho melhor não Camile. – respondeu. –Não é que eu não goste de você, é que eu sou novo por aqui e não quero me meter em problemas.

-Eu entendo, mas você vai estar na festa? – Camile insiste.

-Não sei, até mais. - disse Calebe dando passo largos em direção a sala de aula.

Calebe ainda não entendia o porque de está tão chateado com toda a situação, desde o primeiro dia que ele a viu seu coração acelerou, ela era linda, inteligente tudo o que ele gostava em uma garota, mas se a mudança era justamente porque ele fez a escolha errada na outra cidade, ele sabia que não podia cometer o mesmo erro.

O comentário daquela sexta na escola era sobre a festa do final de semana que acontecia uma vez no ano e chamavam de ‘Festa dos Sufista’ era dois dias de muita música e bebida, Calebe estava tentado a ir, mas não sabia se era uma boa ideia, naquele dia pensou muito em sua mãe e em Camile, mas sabia que tinha que fazer a coisa certa, ficar longe de problemas era o primeiro item de sua lista. Lidia resolveu passear pela cidade e conhecer as pessoas, caminhando sobre o calçadão da praia lembrava como as coisas tinha mudado desde que se casou e quantos sonhos ela teve que abrir mão, encontrou uma jovem que cantava na calçada e varias pessoas que parava para escutar a bela voz que aquela jovem tinha, todos aplaudiram no final da apresentação e contribuíram enquanto ela passava com o seu chapéu.

-Parabéns, você canta muito bem! – disse Lidia

-Muito obrigado! – respondeu.

-Prazer meu nome é Lidia, sou nova por aqui. – disse Lidia colocando cinquenta reais dentro do chapéu.

-Seja bem vinda Lidia, meu nome é Mia, com certeza essa foi a contribuição mais generosa de hoje, obrigado. – disse Mia com um sorriso radiante no rosto.

-O mínimo que posso fazer é mostrar a cidade a senhora. – disse Mia. – O que a senhora me diz?

-Seria ótimo, ficaria muito honrada em andar com a artista famosa de Mar Azul.

-Famosa? Sou não! – derrepente Mia olha para o infinito do mar. – Esse é o meu trabalho, apenas a saída que encontrei.

-Um dia vou pedi um autografo a você Mia, você só precisa acreditar em você. – disse Lidia. – E não precisa me chamar de senhora, pode me chamar pelo nome.

- A senhora não é um anjo é? – Mia pergunta desconfiada.

Lidia da uma gargalhada.

-Não, sou apenas uma estranha no paraíso. – respondeu.

- Lidia como a senhora veio parar nesse fim de mundo? – pergunta Mia enquanto guardava o seu violão.

Lidia sorriu.

-Boa pergunta Mia. – respondeu.

-Estou pronta,vamos! – disse Mia.

Para Lidia tudo aquilo estava sendo ótimo desde a chegada a Mar Azul ela ainda não tinha conhecido ninguém, está com Mia fazia com que ela se sentisse em casa e feliz. Foram aos pontos mais importantes e Mia contou a historia de cada lugar.Terminaram a caminhada na rua mais movimentada da cidade, tinha muita gente vendendo diversos produtos, Lidia começou a lembrar de sua loja de artes e contou a Mia o quanto tinha ficado triste em ter que fechar seu pequeno negocio.

-Mudanças requer sacrifícios Lidia. – disse Mia apontando para uma placa que estava na frente de uma loja. – Mas isso não quer dizer que você não pode começar de novo.

Lidia olhou para Mia e olhou para a placa que dizia “Aluga-se.

-Que tal abrir uma loja na rua mais movimentada da cidade? Eu ainda não vi seu trabalho, mas tenho certeza que vai fazer muito sucesso. – disse Mia

- Não sei se quero fazer tudo de novo.

-Temos que correr atrás dos nossos sonhos e eu sei que esse sonho deixa você feliz, da pra sentir na maneira que você fala de tudo. – Mia tenta convencer Lidia.

-Eu vou pensar eu prometo. Me fale de você agora.

-Eu não tenho história. – responde.

-Todo mundo tem história Mia e eu sei que o mundo ainda vai ouvir muito sobre você. – disse Lidia, parando em frente a um restaurante.

Lidia viu Mia parar no ar e viajar nos pensamentos.

-Você mora sozinha?

-Não, moro com minha mãe e minha irmã. – respondeu.

-Adoraria conhecer as duas . – disse Lidia.

-Eu agora tenho que ir.- Mia corta a conversa.

-Mais já Mia, você andou pela cidade toda comigo, o mínimo que posso fazer é pagar um almoço pra você.

-Foi um prazer ajuda-la. Mas eu tenho que ir.

-Se você não pode mesmo, fica pra uma outra vez então.

Mia se despediu e caminhou em passos apressado, como se estivesse atrasada. O pouco que Lidia ficou com a garota cantora foi suficiente para ela entender que Mia escondia alguma coisa que não gostava de falar, mas naquele dia algo tinha acontecido com Lidia e ela estava disposta a ajuda-la só não sabia por onde começar. Quando Carlos e Calebe chegou, Lidia já estava terminando de preparar o jantar.

-Os dois direto para o banho, o jantar está quase pronto. – disse Lidia.

-Sim senhora. – respondeu Calebe subindo as escadas.

-Eu já disse que você fica linda de avental? – disse Carlos

Lidia rir e da um beijo nele.

-São os seus olhos meu amor. – respondeu. – Agora vá tomar um banho que preparei um jantar especial hoje.

Todos sentaram e foram servido pela Lidia.

-Espero que vocês gostem. – disse ela.

-Mãe está perfeito! – elogiou.

-Está mesmo! – Carlos concorda.

Depois que todos comeram, Calebe se encarregou de tirar os pratos da mesa.

-Pai qual o significado do meu nome?

- Seu nome tem origem hebraica e é um nome bíblico, significa fiel como um cão, o pai de eu avô deu a ele esse nome depois que escutou a história desse homem na igreja, a história diz que esse homem chamado Calebe foi espiar a terra de Jericó e quando chegaram lá se assustaram com os gigantes e a prosperidade da terra, quando foram entregar o relatório dez deles começaram a falar que não tinha como ele entrar naquela terra, porém Calebe e Josué foram otimistas e confiantes e disseram que a terra já era deles. Quem usa esse nome demonstrará respeito, honra e honestidade com os outros e foi assim que seu avô foi, uma homem justo e muito otimista, e agora você está usando esse nome filho, honre a memória de seu avô, se ele estivesse vivo gostaria que fosse tivesse o seu nome.

- Por que o senhor nunca me contou essa história? – questiona. – Outro dia o diretor perguntou se meu nome era bíblico e eu não soube responder.

-Não sei filho, acho que acabei esquecendo ou tentando não lembrar.

Carlos sentia muito a faltas de seus pais, eles eram muito próximo e tudo tinha acontecido tão rápido que ele carregava a saudade viva dentro do seu coração.

-Então quer dizer que vovô era cristão? –pergunta.

-Sim sua avó e seu avô eram. - respondeu pensativo.

Calebe tinha mais perguntas e nem mesmo ele tinha entendido o porquê dessa curiosidade repentina, mas sabia que devia encerrar aquela conversa.

- E a senhora mãe, como foi o dia? – Calebe tenta mudar de assunto.

-Foi ótimo! – respondeu entusiasmada.

Calebe pensava na festa e em Camile, esse era o ponto crucial de tudo, ele teria que fazer a escolha certa e no fundo sabia que devia evitar festas, sem contar que teria que sair escondido, ele tinha certeza que seus pais não concordariam com essa ideia.

Em fração de segundo conseguimos destruir tudo que construímos com tanto trabalho, às vezes temos esse poder de estragar tudo e ver toda trabalho virar poeira. Se temos o poder de escolher deveríamos fazer a escolha certa mais na maioria das vezes fazemos tudo errado e nossos erros tem consequências devastadoras, as vezes nos mesmo mudamos o clima de nossa vida e transformamos a brisa suave em um verdadeiro furacão. Mas se temos a oportunidade de fazer o que é certo porque não tentar? E Calebe tinha tomado sua decisão.

-Eu vou a essa festa. – pensou.

Há um ano Calebe juntamente com seus amigos da escola foram a uma festa da turma do último ano numa chácara, tinha muita bebida drogas e mulheres. Calebe deixou seus pais dormir e saiu pela janela do seu quarto e encontrou com Lucas e Pedro na praça da cidade.

-Hoje quero beber muito. – disse Lucas. – Meus pais assinaram hoje o divórcio e agora querem que eu escolha com qual dos dois eu tenho que fica.

-Você está bem com tudo isso? – Calebe pergunta.

-Não sei brother, mas quero esquecer tudo isso, por isso que vou beber.

-Pega leve cara, não vai esquecer que o efeito do álcool vai passar e os teus problemas vão está esperando por você. – disse Pedro.

-Não vem com teus conselhos há essa hora Pedro, da um tempo. – disse Lucas

-Mas é isso mesmo cara.

-Vocês não estão em condições de me dar conselhos hoje, os dois saíram escondidos de casa. – disse Lucas. – Vamos curtir a festa e esquecer tudo isso, beleza?

Quando eles chegaram encontraram varias viaturas da polícia na frente da chácara.

-Que droga é essa. – disse Lucas. – Temos que sair daqui cara, da volta Pedro.

Eles conseguiram da a volta sem chamar a atenção.

-Graças a Deus ninguém viu a gente. – disse Calebe. – Já imaginou se a gente tivesse ido preso?

-Eu estava frito. – disse Pedro enquanto procurava o CD.

-O que você está procurando? – pergunta Lucas.

Sem perceber aparece no meio da estrada uma garota e Pedro não ver.

-Pedro cuidado. – grita Calebe.

- O que foi isso? – pergunta Lucas.

-Que droga eu acho que atropelei alguém. – responde Pedro.

-Para o carro. – diz Calebe.

-Não podemos Calebe. Responde.

-Pedro está certo. – concorda Lucas.

-Vocês estão ficando louco, temos que parar eu acho que era uma garota, não podemos deixar ela lá.

Naquele momento eles não sabiam o que fazer, e discutiram por 10 min.

-Que droga Calebe, a gente vai preso. – disse Lucas. – Somo menor de idade e não temos habilitação.

-Temos que ver se ela está bem. – respondeu.

-Ela com certeza não está bem.

Pedro deu a volta e parou o carro a um metro de distância do corpo que estava no estrada e não se movia.

-Será que ela está morta. – disse Pedro assustado.

-Espero que não. – respondeu Calebe.

- Oi você está bem? – pergunta Calebe. – Você pode me ouvir, como é o seu nome?

-Meu nome é Sara. – susurra. – Eu não consigo me mexer, me ajude por favor.

-E agora Calebe o que vamos fazer? – Pergunta Pedro.

-Vamos deixar ela ai e da um fora daqui. – Lucas fala desesperado. – Se a policia passar aqui estamos ferrado.

-Por favor não me deixe aqui, estou com frio. – susurra.

-Não podemos deixar ela aqui.

-E qual é a sua ideia Calebe? – pergunta Pedro.

-Vou ligar pra o meu pai, não podemos chamar a policia e ela está bêbada, podemos inventar uma história e levar ela para o hospital.

-Então liga logo e vamos sair daqui, os policiais não estão muito longe daqui. – disse Lucas.

Era exatamente 2:00 horas da manhã quando insistentemente o celular tocava.

-Alô quem é. – atende uma voz roca.

-Pai sou eu. – disse Calebe

-Calebe, porque você está ligando pra mim essa hora, onde você está. – pergunta.

-Pai preciso que o senhor se acalme, estamos precisando de ajuda.

-Quem está aí com você e onde você está?

-Estou com o Lucas e Pedro aqui na Estrada 49 e tem uma menina aqui, estamos precisando de ajuda.

-Fique aí que já estou indo. – disse Carlos e desligou o telefone.

-Agora estamos oficialmente ferrados. – comentou Lucas.

Carlos chegou em dez minutos no local encontrou uma garota deitada no chão e um olhar de desespero nos olhos dos três garotos.

-Ela está bem? – Carlos pergunta. – Como é o seu nome? – pergunta.

-O nome dela é sara. – Pedro responde. – Seu Carlos não tivemos culpa, ela entrou na frente do carro... – Pedro tenta explicar.

-Nenhum de vocês deveria está aqui. – Carlos ignora a explicação de Pedro.

-Pai...

-Calebe vá pra casa agora, depois conversaremos.

-O que você vai fazer com ela Carlos? – pergunta Lucas

-Já disse para os três ir pra casa. – Carlos fala em voz alta.

-Eu disse que estávamos ferrados. – sussurra Lucas.

Carlos olha para toda aquela situação e tenta acordar daquele pesadelo, mas percebe que é a pura realidade, mas ele tinha que pensar rápido no que fazer, sara chorava muito e implorava que ele a ajudasse, então Carlos lembrou de um amigo seu que era enfermeiro e colocou ela dentro do carro e no caminho tentou ligar para confirmar se ele estava de plantão aquela madrugada, mas não conseguiu falar com ele.

-Fique acordada Sara, estou levando você ao hospital. – disse Carlos. –Espero que Cristian esteja de plantão. – pensou.

Quando chegaram ao hospital, Carlou foi procurar Cristian e descobriu que ele estava de plantão e o ver na recepção da emergência.

-Cristian preciso de ajuda. – Carlos falava rápido e tentava manter uma aparência calma.

-Carlos o que você faz aqui essa hora? – pergunta Cristian.

-É uma longa história. – responde. – Preciso de sua ajuda.

-O que aconteceu?

-Eu estou com uma garota no meu carro e ela foi atropelada e precisa de cuidados médicos urgentes.

-Como? Você atropelou uma garota?

-Não foi Cristian, também não da pra explicar agora, preciso de sua ajuda, ninguém pode saber que foi eu que trouxe essa menina, porque se ela morrer eu não tenho como provar que não foi eu e vai dá um maior rolo, você precisa confiar em mim.

-Certo! Eu tenho uma ideia. Vamos entrar por trás do hospital com ela.

Carlos foi com o carro por trás do hospital e Cristian estava esperando com uma maca, ele colocou ela sobre a maca e levou direto para emergência.

-Preciso de ajuda com essa garota. – Cristian entra gritando

-O que aconteceu? – pergunta o medico.

-Eu acho que ela sofreu um acidente. – respondeu Cristian.

-Como ela chegou aqui?

-Não faço ideia.

-Veja se ela tem algum documento e localize a família dela. – disse o médico.

Carlos estava mais aliviado, tinha recebido uma ligação de Cristian e ele disse que ela estava muito bêbada e que ficaria bem, já tinha entrado em contato com os seus pais e já estavam a caminho. Naquela madrugada Carlos decidiu sair da cidade seria a melhor opção para Calebe.

Ao amanhecer Carlos não deu uma palavra do que tinha acontecido e Calebe não teve coragem de perguntar.

Calebe não parava de pensar em Camile e na festa da praia, mas lembrava tudo o que tinha acontecido e não queria cometer o mesmo erro, pelos seus pais, principalmente por sua mãe que tinha sofrido bastante com a ultima mudança.

-Eu volto rápido. – pensou.

Dessa vez ele saiu pela janela do quarto, quando Calebe estava abrindo a porta da frente à luz acende.

-Posso saber pra onde você vai a essa hora da noite? – pergunta Carlos.

Calebe olha assustado para o seu pai e não consegue falar nenhuma palavra.

-Sabe Calebe por incrível que pareça eu estava aqui sentado lembrando do que aconteceu a um ano atrás e esperando você descer pela janela do seu quarto, mas não imaginava que você sairia pela porta da frente.

Calebe não conseguia falar nenhuma palavra.

-Eu acho que você já esqueceu o que a gente tinha combinado. – disse Carlos com um tom diferente de voz. – Pensei que você tinha remorso e menos egoísta, pensei que você pensava em sua mãe, por exemplo, e o quanto ela está sofrendo.

Calebe queria falar mais as palavras não conseguiam sair de sua boca.

-Você nunca me perguntou o que aconteceu com garota que você e seus amigos atropelaram naquela madrugada, mas você nunca se interessou nem ao menos perguntar se ela tinha sobrevivido. Sinceramente Calebe seu avô estaria decepcionado com o homem que você está se tornando, eu cansei de resolver as bagunças que você faz, a nossa família tem se sacrificado por você a vida toda, e você não tem mudado, se você quiser ir para essa festa pode ir, mas o que acontecer será responsabilidade sua, porque eu não vou consertar mais os seus erros, pra mim já chega.

CAPITULO 4

As palavras de Carlos foram como uma flecha no coração de Calebe, ele nunca tinha visto o seu pai falar daquela maneira, mas naquela noite ele tinha entendido que seu pai estava cansado e decepcionado com tudo que tinha acontecido nos últimos anos e que ele queria que tudo o que tinha acontecido servisse de lição, mas parece que ele não havia aprendido. Sem falar nenhuma palavra Calebe voltou para o quarto com o olhos cheios de lágrimas.

-Meu pai está certo, eu sou um monstro. – sussurrou. – Eu nunca vou mudar meu Deus, eu estou perdido e não sei como encontrar o caminho de voltar, todos estão decepcionados comigo e eu não sei como consertar.

Calebe não parava de lembrar das palavras de seu pai e Camile não saia de sua mente, durante toda noite não conseguiu dormir, quando o dia amanheceu decidiu fazer uma caminhada pelo bairro, tudo que tinha ouvido fez ele repensar em tudo que tinha acontecido e a forma que estava levando sua vida, ele sabia que seu pai estava coberto de razão, durante toda a vida seus pais se esforçaram para dar o melhor mas ele não parecia se importar, o vento estava frio aquela manhã de domingo e quando já estava voltando para casa encontrou Berlinda no caminho indo a igreja.

-Belinda, como vai? – pergunta Calabe

-Muito bem obrigado! – responde. – Fazendo uma caminhada?

-Estava precisando pensar um pouco na vida. – respondeu com um meio sorriso. – Não sabia que a senhora era cristã.

Belinda sorriu.

-Você está convidado para ir ao culto comigo.

-Não muito obrigado pelo convite. – disse ele.

-Eu tenho o poder de identificar quando uma pessoa não está bem Calebe, posso saber o que está deixando você triste?

-Não precisa se preocupar comigo, eu estou bem obrigado. – respondeu.

-Então ta certo, foi um prazer revê-lo. – disse Belinda com um belo sorriso no rosto. – Calebe tudo pode se resolver, mesmo que para nós mesmo seja impossível, só depende de nossas escolhas.

-Ta certo! Tenha um ótimo dia!

-Você também Calebe.

Berlinda não sabia de nada que estava acontecendo na vida dele, mas tinha falado as palavras certas, quando Carlos acordou Lidia preparava o café da manhã.

-Bom dia meu amor. –disse Lidia com um beijo.

-Espero que seja um bom dia. – respondeu. – Não consegui dormir durante a noite.

-O que aconteceu?

-Tenho que falar uma coisa com você, onde está Calebe?

-Não sei, deve está no quarto. – respondeu enquanto colocava café na xícara. – Você vai falar ou continuar com o suspense Carlos?

-Ontem Calebe saiu escondido para a festa na praia.

-Eu não acredito, como você sabe?

-Porque eu estava esperando ele tomar essa decisão na sala. E eu tive que falar algumas coisas pra ele, pra ver se fazia ele mudar de ideia.

-E aí?

-Me arrependi depois de ter dito tudo o que eu disse, mas funcionou eu acho

-O que você disse a ele?

Carlos falou tudo que tinha acontecido na noite anterior para Lidia.

-Eu quero que nosso filho mude as suas atitudes, só isso. Ele é um menino bom, mas eu também já estou cansada de sacrificar tudo por ele, está na hora de Calebe crescer e decidi qual rumo vai tomar na sua vida.

Calebe escuta toda conversa e vai direto para o seu quarto, durante todo o dia ficou a pensar em tudo que estava acontecendo na sua vida e o quanto ele precisava mudar, ainda não sabia por onde começar, mas sabia que precisava tomar uma atitude.

O final de semana não tinha sido um dos melhores para Calebe, na segunda acordou as 07:00h tomou banho, vestiu a roupa e foi direto para escola. Ele tentava evitar os pais ainda pensava muito em tudo o que aconteceu e no que os seus pais falaram. Quando chegou na escola ele viu Camile no pátio da escola e tentou outro caminho para que ela não visse, mas não deu certo.

-Calebe, Calebe. – grita Camile

Calebe se faz que não estava escutando, mas não resiste em olhar para ela. E vai até ela.

-Oi!

-Cadê você na festa? – pergunta.

-Aconteceram algumas coisas não deu pra eu ir. – explica.

-Você não perdeu nada, a não ser o fato de me fazer companhia.

-Erick estava lá com você.

-Nos acabamos.

Calebe olha fixamente para ela e não sabia se ficava feliz ou se falava alguma coisa para ela ficar alegre.

-Mas foi até bom, nosso relacionamento já estava acabado a muito tempo.

-Eu sinto muito. – disse Calebe.

-Não sinta! Você tinha que está lá comigo, ele ficou com uma garota ridícula que apareceu por lá na minha frente e eu fiquei com cara de idiota na frente de todo muito.

-Eu realmente sinto muito.

-Eu sei que você senti muito Calebe, mas não precisa ficar triste eu estou bem, pela primeira vez me sinto livre.

-Quem foi essa garota?

-Não sei mais fiquei sabendo que ela vai estudar aqui. Olha ela ali.

Calebe olha para entrada principal da escola e não acredita no que estava vendo.

-Não pode ser. – pensou. -Tenho que ir Camile. – Calebe fica desorientado com o que tinha visto.

-Você está bem?

-Estou. Depois a gente se fala. – respondeu.

Calebe não acreditava no que ele tinha visto por um momento sua mente tinha feito um filme de lembranças que parecia um filme de terror, passou pelo corredor e sem ver bateu em Belinda que estava com vários papeis em sua mão.

-Desculpe Belinda. – disse Calebe.

-Sem problema, só me ajuda a apanhar esses papeis. – disse Belinda. – Você está bem? Parece que você está fugindo de um fantasma.

-É quase isso. – resmungou.

-Calebe, você está bem? – Belinda insiste ao ver o desespero nos olhos dele.

-Sim só estou atrasado para aula. – respondeu. – Tenho que ir.

-Esses jovens são cheios de segredos. – disse Belinda.

Durante a aula Calebe não prestou atenção em nada que o professor de Álgebra ensinou, quando tocou o sinal para o intervalo ele decidiu ir para casa, fez o possível para que ninguém o visse mas esbarrou numa garota loira de 1,70 olhos azuis e sem olhar para o rosto da garota pediu desculpas e continuou caminhando.

-Já está indo Calebe. – disse ela

Calebe para no meio do corredor e seu coração dizia para ele não olhar para trás, mas era inevitável, a voz era conhecida.

-Finalmente encontrei você.

-O que você está fazendo aqui Sara? – disse Calebe curioso pela resposta.

-Não dá para colocar o passado no fundo do porão para sempre gato. – respondeu. – Temos muita coisa para resolvermos, e eu vim morar em Mar Azul para a gente resolver.

-Do que você está falando? – Calebe não entende o que ela estava querendo dizer.

-Calma Calebe, vamos nos encontrar em breve. – respondeu com um olha de quem estava planejando algo de muito ruim.

Quando Calebe olha no final do corredor ver Camile.

-Seja bem vinda, tenho que ir.

-A saída é por ali Callebe. – disse ela com sarcasmo.

-Eu esqueci que tenho que resolver uma coisa antes. – respondeu e foi até Camile.

-Foi aquela garota que ficou com Erick na festa? – Calebe pergunta.

-Foi. – respondeu. – Porque você estava conversando com ela?

-Tenho que ir, depois a gente se fala.

No centro da cidade Mia cantava mais uma de suas belas canções, após a sua apresentação Lidia foi ao seu encontro, tinha passado a noite pensando em como poderia ajudar aquela garota e teve uma ideia.

-Mia, que música linda. – disse Lidia dando um abraço forte nela.

-Obrigado! Como à senhora está?

-Melhor agora, e venho com uma boa noticia pra você.

-Hum, amo boas noticias.

-Eu quero produzir um álbum com você. – disse Lidia esperando a reação de Mia.

-Um álbum?

-Sim Mia, você tem um potencial incrível e com certeza seria muito bom ter um álbum com suas músicas.

-Não sei se seria uma boa ideia Lidia, eu acho melhor não. Mas mesmo assim obrigada!

-Eu vou deixar você pensar e depois me dar a resposta.

Mia conseguia ver o entusiasmo de Lidia com a ideia de gravar o álbum, só não entendia o porque, não fazia muito tempo que elas se conheciam e ela não tinha falado para Lidia que o seu sonho era ter um álbum.

-Lidia porque a senhora está fazendo tudo isso por mim? – pergunta Mia curiosa pela resposta.

-Porque eu sei que você merece e eu acredito em você. – respondeu.

-Mas e sua loja de artes?

-Não se preocupe eu estou preste a pintar o melhor quadro de toda minha vida.

-É? – Mia não entendeu o que ela queria dizer.

-Se você fizer a escolha certa vai entender do que estou falando.

A vida as vezes nos surpreende e não entendemos o porque de tudo aquilo está acontecendo, mas temos que entender que o vento o sopra contrario mas não é para sempre, vai chegar um momento que ele vai soprar a nosso favor, agora devemos ter a sabedoria para saber quando chegar o nosso momento, quando chegar a nossa hora de levantar e alcançar lugares altos. Saber abraçar as oportunidades que não costumas vim duas vezes é uma virtude que poucos tem.

-Lidia, se a senhora realmente acredita em mim, eu aceito. – disse Mia com os olhos cheios de lágrimas.

-Fico muito feliz com sua decisão Mia, mas a pergunta é você acredita em si mesma?

A primeira vez que Mia cantou ela tinha 4 anos era um domingo de natal e estava ela, seus pais e sua irmã mais nova tinha um ano, a igreja estava lotada, quando subiu no púlpito da igreja e olhou para a multidão percebeu que era aquilo que ela queria fazer pelo resto de sua vida, naquele dia as pessoas choravam com a canção que ela mesmo compôs e no final todos aplaudiram de pé.

-Sim, eu acredito em mim, esse sempre foi o meu sonho. – respondeu.

-Então chegou a hora de você realizar Mia. – disse Lidia com um abraço forte.

Lidia estava certa que aquela tinha sido a decisão certa, por um lado ela gostava muito de desenhar e abrir uma loja de artes era um sonho dela que tinha se tornado realidade, mas Mia tinha algo que conquistou o coração dela.

Enquanto Mia comemorava a novidade, Calebe caminhava preocupado com a chegada de Sara a cidade, o que ele menos precisava naquele momento era desenterrar o passado.

-Eu não posso acreditar que essa garota está aqui. – pensava Calebe enquanto caminhava em passos largos pela rua. – O que eu vou fazer? Tenho que fazer alguma coisa.

Calebe estava tão distraído no seus pensamentos que não ouviu Camile gritar pelo seu nome, até que ela o alcançou.

-Você está surdo?

-Não, por quê?

- Porque eu estava gritando feito uma louca e você ou não estava ouvindo ou estava me ignorando.

-Eu não ouvir me desculpe.

-Você está bem? Porque você está com uma cara péssima.

-Estou bem, porque você veio atrás de mim?

-Porque alguma coisa está acontecendo e você não que me contar. Mas eu vou levar você para um lugar.

-Você deveria está na escola, e a gente nem deveria está conversando.

-Deixa de ser bobo e vem comigo. – disse ela pegando em sua mão.

Dava para ver no rosto de Calebe o quanto ele estava preocupado com alguma coisa, mas Camile estava disposta a conquistar a confiança dele, ela o levou para um lugar bem reservado perto da praia.

-Como você descobriu esse lugar? – pergunta Calebe admirando a paisagem, tinha muitas pedras e dava pra ver os peixes nadando dentro da água.

-Eu moro em Mar Azul desde criança, conheço cada ponto dessa cidade, e todas as vezes que preciso pensar venho até esse lugar e fico sentada bem aqui nessa pedra. – respondeu.

-Obrigado por fazer isso por mim Camile, eu precisava tomar um ar fresco mesmo. – disse ele olhando para o horizonte.

-Fico feliz que esteja ajudando e com certeza eu tinha que levar você para algum canto se não, só Deus sabe o que você faria a si mesmo.

Eles rir e fica por instante em silêncio somente escutando e sentindo o vento soprar sobre seus rostos.

-Eu não sou o cara ideal para você Camile. – Calebe quebra o silêncio.

-Como você pode saber? Você não sabe nada sobre mim.

-Eu não sou como o Erick e se eu contar a minha historia talvez você nunca mais olhe para mim.

-Erick? Fala serio Calebe a gente nunca se amou, não sei nem dizer o que foi que a gente fez, mas pode ter certeza a melhor coisa do mundo foi a gente ter acabado.

-Desde o primeiro dia que eu vi você eu senti algo diferente dentro de mim que não conseguia explicar.

-Eu sou um tipo de garota que acredita em amor a primeira vista.

-Você nem me conhece direito Camile. – disse Calebe esperando uma resposta.

-Tenho certeza que você não é pior do que os garotos que eu conheço.

Calebe tinha um passado que o assustava, a chegada de Sara a cidade com certeza mudaria muita coisa, o que ela estava tramando ele gostaria muito de descobrir mas aquele momento ali em um lugar tranquilo e romântico era tudo o que ele precisava para esquecer todos os problemas e abrir o coração para a garota que ele não parava de pensar.

-Porque você está fazendo isso por mim? Algumas pessoas me disse que era pra eu ficar longe de você, mas você não é como eles dizem.

-As pessoas falam demais Calebe, e se eu to matando aula para salvar você de você mesmo é porque eu posso está sentindo alguma coisa muito especial por você.

O que mais Calebe queria fazer naquele momento era da um beijar os lábios rosados só não sabia se aquele era o momento certo e preferiu não estragar tudo.

-Me fala de você, como é ser a garota mais popular da escola?

-Um saco, mas às vezes é divertido. – respondeu com aquele sorriso que fazia o coração dele disparar. – Calebe o que aconteceu com você hoje na escola, derrepente você mudou completamente e ficou parecendo que viu o diabo.

Naquele momento a lembrança veio a tona.

-Sabe a garota que você disse que ficou com o Erick na festa, eu a conheço.

-Conhece? De onde?

-Ela morava na minha antiga cidade e agora parece que ela me encontrou e foi uma grande surpresa.

-Mas vai ficar tudo bem né?

Camile entendeu que ela era mais do que uma velha amiga e que Calebe estava escondendo algo que não era muito bom e que o deixava muito preocupado.

-Eu acho melhor a gente ir. – disse Calebe. – Em pagamento pela maravilhosa companhia eu pago o almoço.

-Não vou recusar estou morrendo de fome. – disse Camile entusiasmada com a ideia.

-Mas uma vez muito obrigado Camile.

A vontade de dar um beijo nela é substituída por um forte abraço, o que eles não sabiam era que tinha alguém por trás das pedras observando os dois. Os dois almoçaram e ainda caminharam pela praia, por alguns momentos Calebe se esqueceu de tudo que tinha acontecido durante aquele dia, ele estava se sentido bem e em ótima companhia.

EM BREVE O CAPITULO 5

Rinaldo Ribeiro
Enviado por Rinaldo Ribeiro em 20/06/2016
Reeditado em 16/10/2016
Código do texto: T5672543
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