Angela Kleiman - Oficina de Leitura: Teoria e prática

Na abertura de seu livro oficina de leitura: Teoria e Prática, Angela Kleiman que é graduada em Letras pela Universidade do Chile e possui Mestrado em Linguística conta um pouco sobre os cursos que lecionou da leitura da língua materna para professores, trazendo a preocupação dos professores sobre o fato de seus alunos não lerem, porém usam práticas elaboradas por outros professores, mas isso não quer dizer que elas funcionem, mas sim porque os mesmo não conhecem um outro modo de ensinar leitura em sala, e que não é apenas papel do professor de português mas sim de História, Geografia, Matemática, que devem trabalhar em sala a leitura, e mostra como a leitura é importante de ser trabalhada.

Iniciando o livro, no capítulo “leitura e aprendizagem”, a autora começa a fazer uma apresentação sobre os próximos capítulos, trazendo uma reflexão de como é passado o ensino de leitura na sala e o mesmo deve ser repensado, com novas práticas e exemplos para que os professores se desapeguem do método tradicional de ensinar leitura, falando brevemente sobre a leitura em sala de aula e como o professor deve estar preparado que ao ler um texto a depender da cultura e conhecimento pessoal de seu aluno ele concordará ou não com as informações ali contidas para deixar isso mais claro, Kleiman, traz o exemplo da bula:

Quase no fim da aula, um jovem adolescente, catador de laranjas, tornou-se porta-voz de vários outros, alunos e explicitou sua oposição à premissa defendendo remédios naturais e chamando os médicos de exploradores dos pobres; vários alunos ali, se uniram a ele contando casos de sucessos de remédios alternativos e de cura mediante benzedores,indicando com isso sua descrença absoluta na farmacêutica e na medicina (KLEIMAN,2002,P.11).

No capítulo 2, “A concepção escolar da leitura”, que foi dividido em três partes, inicia com um questionamento “Porque meu aluno não lê?” essa mesma pergunta é feita por professores a todo o tempo ao ver que seus alunos não leem textos exigidos para à aula, a própria autora diz no livro que há um descaso com a leitura por parte dos alunos, onde os mesmos não querem ler, pois não extraem o significado da palavra e não conseguem dar significado as palavras e acabam por fim achando chato e cansativo, veem apenas como obrigação, e acabam por fim a decodificar as palavras ,o que de fato não é ler , como diz Konder, em seu texto o “Aprendizado Permanente da Leitura” , “Ler não é mera decifração de letras e palavras , não é uma operação mecânica.” (KONDER,2005.P.10), é preciso que haja dedicação por parte do aluno e professor, Kleiman traz uma fala de Bellenger onde ele diz que para ler é preciso ter prazer, amor pela leitura e que a falta disso é que faz os alunos perderem a vontade da leitura até mesmo pela forma que os textos são passados e sala, é preciso que a comunidade escolar esteja aberta a mudanças , onde a própria autora diz:

A atividade árida e tortuosa da decifração de palavras que é chamada de leitura em sala de aula não tem nada a ver com a atividade prazerosa descrita por Bellenger. E , de fato, não é leitura ,por mais que seja legitimada pela tradição escolar (KLEIMAN, 2002, p.06).

O que é ensinado na escola não está relacionado a prazer ou vontade de realmente ler, mas sim um modelo seguido há tempos e acabam limitando o conhecimento da leitura e compreensão dos textos, é importante desde cedo levar o gosto da leitura para seus alunos, inspirá-los a ler para que no futuro esses alunos se tornem leitores críticos, para isso ocorrer é preciso que o professor se torne um mediador das leituras em sala onde ele crie uma dinâmica diferenciada ajudando assim, o aluno a dar um significado, exigindo do professor estratégias diferenciadas de leitura fugindo do comum, Verbena Cordeiro em seu texto “De caso com a leitura”, faz exatamente isso, conta sua experiência de uma metodologia diferenciada e como funcionou pois a partir daí seus alunos começaram a se conectar com cada texto e criar para cada palavra significados, aquele texto passou a ter na vida de cada um sentido, eles começaram então a realmente ler.

E, assim, à medida que as experiências com o texto literário foram se estabelecendo como rotina, as demandas e os desejos começaram a aflorar em cada fala, agora mais conectada com a sensibilidade e a consciência do lugar da literatura em suas vidas pessoais e profissionais. Foi então que me surgiu a ideia de instalar um certo clima em sala de aula instigando os alunos a terem um caso com a leitura (CORDEIRO, 2008, p.77).

E é exatamente isso que Kleiman aborda o professor ser um diferencial, com outras dinâmicas para inspirar seus alunos sem esquecer da bagagem que cada um tem, a leitura de mundo de cada aluno e a importância dela na hora de se ler um texto.

Seguindo a adiante O capitulo 3 “Como Lemos: Uma concepção não escolar do processo”, aborda sobre como é preciso o aluno ter outras fontes de aprendizado não se limitando ao espaço escolar, e é necessário que o professores perceba as dificuldades de aprendizagem, e a partir dessas observações ele tente mudar suas práticas de ensino, pois para se formar um leitor nas idades iniciais, onde ele está mais vulnerável para adquirir métodos de leitura, é válido que sejam trabalhados livros infantis com uma abordagem de questionar o aluno, um olhar mais atento são práticas importantes para ajudar a criança nesse processo de decodificação e significação das palavras, a autora traz no texto sobre a forma que nossos olhos se mexem ao lermos, quando um texto é fácil lemos rápido mas quando difícil demoramos e ficamos cansados , lembrando a fala de Jouve em seu texto “A leitura” ,onde ele diz:

Com efeito, nenhuma leitura é possível sem um funcionamento do aparelho visual e de diferentes funções do cérebro. Ler é, anteriormente a qualquer analise do conteúdo uma operação de percepção de identificação e de memorização dos signos (JOUVE, 2002, p.17).

Kleiman, traz exemplos trabalhando a percepção e memória, sendo que cada um tem sua percepção e compreensão pessoal de um mesmo texto ,onde as vezes um texto está relacionado com a realidade de uma pessoa especifica, logo para ela aquele texto terá mais importância e significado do que para outro é preciso que o aluno tenha capacidade de fazer uma leitura corrente pois ao ler sílaba por sílaba ele irá esquecer o que leu no inicio e não terá uma compreensão sendo que ainda há uma diferença de entendimento do que é lido para o que é falado , então um aluno ao ler texto em voz alta se não lhe for ensinado a parte gramatical ele terá dificuldades para entender um texto. Partindo para o capitulo 4 “o ensino da leitura: a relação entre o modelo e aprendizagem”, iniciando sobre as praticas de leitura do livro didático, onde é cobrado do aluno não leitura mas sim as partes gramaticais, onde quando há um texto as perguntas são sempre o que o autor quis dizer, mas nunca o que o aluno entendeu, isso é tido como o mais importante ,então é preciso que o professor não se limite as atividades propostas do livro, mas esteja aberto a expandir as leituras em sala, e que a leitura do professor não seja imposta como a única correta, mas que ele saiba aceitar as ideias que os alunos tiveram ao fazer a leitura e que o professor esteja presente como auxiliador para ajudar os alunos a fazerem leituras em voz alta, o professor tem que saber manipular as estratégias de leitura, onde para o leitor não exista apenas uma forma de se analisar o texto, ele se torna co-autor das leituras que faz . É preciso que o leitor interaja com o texto criando relação, nas suas primeiras leituras ele ler algo que o inspire, que ele se identifique é fundamental para despertar o prazer e interesse pela leitura no futuro, então para isso é preciso um professor leitor para formar alunos leitores, e a própria autora traz exemplo de atividades que podem ser usadas pelos professores, para as leituras de sala.

Chegando ao capitulo 5 “A interface de estratégias e habilidades”, tratando sobre a capacidade de um bom leitor e que o mesmo é capaz de reconstruir uma história com os mesmos personagens e a mesma história só que em seu contexto se tornando um co-autor, mesmo porque o autor ao escrever um texto não pode limita-lo a apenas sua compreensão ele tem que estar aberto a outras interpretações e o fato de um leitor reconstruir a história de sua maneira para poder compreender o faz um leitor critico onde ele demonstra sua habilidade e capacidade, sendo que ao ler o mesmo enriquece seu vocábulo não se restringindo ao professor ou a seu ambiente, ele por si só tem a determinação para adquirir suas habilidades, buscam outro método onde deixa claro Kleiman o foco do livro é a leitura e não a parte gramatical apenas, para ser um bom leitor e entender com mais facilidade o texto é preciso que o mesmo saiba identificar as palavras – chave presentes no texto, entretanto se não o fizer fica mais difícil entender qual a ideia que o texto quer passar, a autora ainda traz exemplos para deixar claro a importância do leitor procurar saber o significado das palavras ou de uma palavra desconhecida.

Por fim, capitulo 6 “ A construção do sentido do texto”, esse capitulo inicia falando sobre a estrutura do texto que é esquecida por muitos, e até mesmo da parte mais gramatical que é importante pois assim com um texto bem estruturado facilita o trabalho do leitor na hora de responder perguntas que ficam no ar depois do texto lido, na hora de se construir um texto é preciso ir além, pesquisar e fazer uso da parte linguística que foi ensinada e sala juntamente com as capacidades leitoras do aluno, onde Kleiman coloca várias fotografias para ajudar o leitor na compreensão do que está sendo passado, nesse capitulo fica claro como a leitura precisa da habilidade leitora para saber ler, e voltar no texto para responder perguntas que não ficaram explicitas como também é necessário toda a parte linguística e mais teórica, é uma via de mão dupla, sem falar das diferentes formas de se produzir um texto aquelas que são ensinadas na escola nas aulas de português.

Kleiman, neste livro faz uma abordagem direta sobre a leitura, a sua importância e a forma que vem sendo trabalhada em sala, onde a mesma sugere que os professores ousem buscar outras formas de ensinar leitura para inspirar e fazer com que seus alunos tenham gosto pela leitura, ensina que para ensinar leitura é preciso lembrar do contexto que o aluno está inserido pois um texto voltado para sua realidade vale ressaltar que não é só um papel do professor mas sim do aluno também estar aberto para o mundo da leitura

Jen Figueiredo
Enviado por Jen Figueiredo em 10/08/2016
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