O que é Etica. Álvaro L. M. Valls ( resenha )

VALLS, Álvaro L. M. O que é ética. Editora Brasiliense, 1994 – Coleção Primeiros Passos – Nº 177.

Álvaro L. M nasceu em 1947, em Porto Alegre, onde trabalhou como professor na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Fez graduação em Filosofia na Faculdade Madianeira, em São Paulo. Em 1973 entrou para o Departamento de Filosofia da UFRGS, onde se tornou professor adjunto. Fez pós-graduação na Alemanha, em Heldelberg, tendo dedicado o trabalho de mestrado a Adorno e o de doutorado ao conceito de história em Kierkegaard. Já publicou vários artigos sobre temas filosóficos e educacionais.

O livro O que é ética, é dividido em oito capítulos, nos quais são abordadas algumas vertentes éticas. O autor usa os pensamentos dos principais filósofos para fundamentar o conceito geral de ética.

No primeiro capítulo, o autor descrever os problemas da ética. Os problemas éticos são classificados em gerais e fundamentais. Um desses problemas é a forma como os costumes mudam de acordo com a época, o tipo de sociedade, o contexto histórico os critérios usados para julgar se um comportamento é ou não ético. Algumas formulações de uma teoria ética foram feitas por grandes filósofos para explicar as variações de costumes. Sócrates e Kant defendiam uma ética universal que fosse sustentada na igualdade entre homens.

No segundo capitulo, o autor aborda a ética na Grécia antiga, onde as ideias de Sócrates, Platão e Aristóteles passaram a ser a base na análise do agir do homem. Platão, sistematizador das ideias de Sócrates, sustentava a noção de felicidade como a busca constante dos homens, através da prática de uma vida virtuosa visando um Bem Supremo. Aristóteles também se preocupava com a questão do Ser e do Bem, mas de forma diferente, ele defendia uma variedade de Bens necessários para a felicidade. A felicidade então seria conquistada pelo esforço da vontade humana em se construir hábitos virtuosos deliberados pela liberdade da razão.

No terceiro capítulo, o tema abordado e o da ética e religião. Na Grécia antiga a lei da natureza era o que regia a lei moral. Na religião judaica essa ideia foi superada. A ideia de o homem se aperfeiçoar buscando atender à vontade de Deus e cultivar um amor perfeito foi tomada como padrão de conduta moral. Na Idade Média, o pensamento filosófico foi dividido em duas tendências: a busca por uma ética laica, racional e novas sínteses entre pensamento ético-filosófico e a doutrina da revolução.

O autor destaca Feurbach, que foi responsável por tentar traduzir a verdade da religião numa antropologia filosófica que estivesse ao alcance de todos os homens instruídos. Ele influenciou, entre outros, Marx, que aderiu a essa perspectiva adotando uma visão de mundo que deveria substituir a religião. No mundo moderno e contemporâneo outras tendências tentam desligar totalmente a religião e suas contribuições: racionalismo, utilitarismo, o positivismo e o “formalismo Kantiniano”.

Em seguida, são analisados os ideais éticos. O critério para avaliar a moral é sistematizado de acordo com o contexto e o pensamento ético de cada período. As aspirações éticas gregas estavam voltadas para o Bem, a felicidade seria alcançada através de uma vida virtuosa em harmonia com a natureza. No cristianismo o padrão ético seria uma vida espiritual. Essas ideias foram radicalmente modificadas com o Renascimento e o Iluminismo, o ideal ético passou a ser a liberdade individual. Já em Hegel o foco das ideias de ética recai sobre a noção de estado. O pensamento social e dialético na vida social mais justa. E na reflexão do século XX a ideia é de que a sociedade não se comporta de forma imoral, mas sim amoral.

O quinto capítulo aborda uma discussão sobre a liberdade a partir das visões do determinisismo. O autor fala que em Hegel a questão da liberdade é amplamente discutida, chegando à conclusão que ela se desenvolva na consciência e nas estruturas. A teoria de Hegel não pode ser ignorada, mas ela recebe criticas interessantes de Karl Marx e kierkegaard, a critica do social no primeiro e da individualidade no segundo complementam a discussão. O Estado moderno neste contexto está ligado à questão da liberdade. Neste sentido para Marx existe uma luta constante com a natureza uma tentativa de dominação da mesma, há um ideal em cima da técnica e não da ética a que esta sendo reestudado pelos pensadores contemporâneos. E kirkeegard contribui com o conceito de angustia e busca trabalhar com os aspectos psicológicos.

Comportamento Moral – O bem e o Mal é o tema do sexto capítulo. Esses dois elementos vistos como partes de um mesmo estudo a ética esta ligada a ideia de bom a tentativa de evitar o mal, sendo assim a maior preocupação não deveria ser a especulação sobre os ideais éticos e sim se o homem, neste novo contexto de modernidade e inovação, ainda é capaz de agir moralmente, distinguindo o bem e o mal. Para Kierkegaard uma pessoa ética é aquela que age sempre a partir das alternativas de bem e do mal, e quem vive optando entre uma ou outra, não vive eticamente.

E no capítulo seguinte, Álvaro Valls cita os aspectos da ética hoje. A ideia de ética em relação á família, aos novos estilos de vida, questões de fidelidade, de amor, requer uma reformulação doutrinária dos estudos. A liberdade do individuo é vista como algo de deve ser ligado à liberdade de um estado livre e de direito. Logo após, o autor fornece uma indicação de leitura para aprofundar os conhecimentos sobre cada tema abordado, já que estes são apenas uma introdução.

Com tudo isso, o autor mostra uma introdução aos principais assuntos éticos, de uma visão geral, mostra que a ética deve ser conceituada de acordo com a cultura da sociedade, o período e a visão usada, ele faz uma alerta sobre essa questão de contemporaneidade. Nos últimos tempos, o individualismo passou a dominar, e a sociedade capitalista mudou a forma de viver, fazendo com que o homem perca cada vez mais a sua liberdade, e viva sob um ideal ético totalmente voltado para a ideologia do Estado e se questiona e nesta sociedade ainda existe uma ética pela qual as pessoas possam tomar como padrão de comportamento.

Este livro por ser introdutório é indicado para o pessoal iniciante da área de filosofia e estudiosos de outras áreas e todas as pessoas que se interessam pelo assunto, já que a ética envolve todos os campos.

Mah Fergom
Enviado por Mah Fergom em 16/08/2016
Reeditado em 16/08/2016
Código do texto: T5730591
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