Resenha: O monge e o executivo.

Resenha Crítica.

1 - REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

HUNTER, James C. O monge e o executivo: uma história sobre a essência da liderança. Rio de Janeiro: Sextante, 2009.

2 - APRESENTAÇÃO DO AUTOR DA OBRA

JAMES C. HUNTER é consultor-chefe da J. D. Associados, uma empresa de consultoria de relações de trabalho e treinamento. Com mais de 20 anos de experiência, Hunter é muito solicitado como instrutor e palestrante, principalmente nas áreas de liderança funcional e organização de grupos comunitários. Outras obras:

HUNTER, James C. Como se tornar um líder servidor. Rio de Janeiro: Sextante, 2006.

HUNTER, James C. O De volta ao mosteiro: o monge e o executivo falam de liderança e trabalho em equipe. Rio de Janeiro: Sextante, 2014

3- RESUMO DA OBRA

O livro é constituído de sete capítulos, através dos quais o autor conta a história de John Daily, gerente- geral de uma fábrica que, em sua busca pelo aprimoramento de sua liderança, passa uma semana em um mosteiro, extraindo lições valiosas com Leonard Hoffman, ex-executivo de uma das maiores empresas dos Estados Unidos, o qual, abandonando seu cargo e bens materiais, tornou-se frade do mosteiro, e agora é conhecido como irmão Simeão.

O capitulo inicial mostra a diferença entre poder e autoridade. Define o poder como “a faculdade de forçar ou coagir alguém a fazer sua vontade, por causa da sua posição ou força, mesmo que a pessoa preferisse não o fazer.”; a autoridade como “a habilidade de levar as pessoas a fazerem de boa vontade o que você quer por causa de sua influência pessoal”. A partir das diferenças entre ambos, afirma que quem está investido no poder não está investido, necessariamente, de autoridade e vice versa. Fala, ainda, sobre a importância de liderar com autoridade, uma vez que com tal qualidade é possível levar as pessoas a fazerem de boa vontade o que se deseja.

O segundo capítulo explica sobre os paradigmas, mostrando que eles “são padrões psicológicos, modelos ou mapas que usamos para navegar na vida”. Quando usados adequadamente são valiosos e podem até salvar uma vida. No entanto, quando os tomamos como verdades absolutas, sem aceitarmos qualquer possibilidade de mudança, eles podem ser perigosos, na medida em que, agarrando-se a um paradigma ultrapassado, pode deixar a pessoa paralisada. Por isso é importante que desafiemos continuamente os paradigmas a respeito de nós mesmos, do mundo em torno de nós, de nossas organizações e das outras pessoas.

Ressalta, ainda, a importância de não confundir necessidade com vontade. Nem toda vontade constitui uma necessidade. Somente a necessidade do subordinado deve ser satisfeita. Para facilitar esse entendimento ele remete à pirâmide do Psicólogo Maslow sobre as necessidades humanas que são, da base ao topo, as seguintes: Fisiológicas; Segurança e Proteção;Pertencimento e amor; Auto estima e, por último, auto realização.

O terceiro capítulo diz que um grande exemplo de liderança servidora é Jesus Cristo, na medida em que ele mudou e influenciou o mundo sem usar poder, apenas autoridade. Ademais, ensinava que a autoridade e a liderança são construídas sobre o serviço. Relata, também, exemplos de grandes líderes que conquistaram seus direitos, utilizando-se de sua autoridade e da liderança servidora. São eles, Mahatma Gandhi e Martin Luther King. O primeiro obteve a independência da Índia perante o Império Britânico sem recorrer a armas, violência ou poder, utilizando-se apenas de sua influencia e autoridade; o segundo, influenciado pelo primeiro, conquistou os direitos civis para os negros, também, sem utilizar-se do poder ou violência, apena com sua autoridade e influencia.

O quarto capítulo define o amor através de quatro espécies: Eros, storgé, philos e ágape. O Eros é baseado na atração sexual; storgé, na afeição para com a família; philos, na fraternidade ou amor recíproco e condicional, ou seja, “você me faz bem e eu faço bem a você.”; e, finalmente, ágape, no amor incondicional, amor da escolha deliberada, isto é, baseado pelo comportamento e escolha e não pelo sentimento. Partindo dessas definições, recomenda-se que a espécie de amor que o líder deve ter para com seus liderados é o ágape, na medida em que requer do líder, não um sentimento que foge de seu campo de vontade, mas um comportamento, qual seja, identificar as reais necessidades dos subordinados e, através do serviço e sacrifício, satisfazê-las, a fim de alcançar a autoridade de um verdadeiro líder.

O capítulo cinco mostra a importância de estabelecer e manter um ambiente saudável no local de trabalho, no sentido de haver atenção, respeito e polidez no trato com pares e subordinados. Estabelece uma metáfora de plantar um jardim, segundo a qual, para que haja crescimento das plantas, flores e frutos, deve-se criar condições necessárias para que o crescimento se dê. Em analogia as relações interpessoais entre lideres e liderados, o líder deve criar um ambiente saudável para que seus liderados tenham condições de desenvolver-se, utilizando todo seu potencial.

Trata, também, sobre a importância de se elogiar em público e criticar no privado, estabelecendo uma relação de confiança com seus subordinados. Além disso, mostra que, embora na prática estabeleçam-se, na maioria das empresas e instituições, relações de poder, onde chefes, utilizando-se de seus cargos oprimem seus subordinados, deve-se trabalhar constantemente para que o ideal seja alcançado, qual seja, liderar com autoridade, criando um ambiente saudável, tratando os liderados de forma respeitosa, identificando e satisfazendo suas necessidades e, por conseguinte, influenciando-os a alcançarem, de boa vontade, os objetivos do grupo, instituição ou empresa.

O capítulo seis mostra a importância do comportamento e resposta adequados frente aos estímulos externos e sentimentos, uma vez que é o comportamento, em última instância, que trará resultados efetivos. Escolher, portanto, o comportamento e reação adequados frente as diversas demanda que a vida e situações oferecem é característica fundamental de um bom líder. Responsabilidade, então, seria a habilidade de escolher a resposta adequada. Dessa forma, o líder responsável é aquele possuidor dessa habilidade na escolha da resposta adequada, qual seja, aquela que beneficie a si e a seus liderados. Sobre esse tema, conclui dizendo que “todos tem que fazer escolhas a respeito de seus comportamentos e aceitar a responsabilidade por essas escolhas.”

O capítulo sete mostra que exercer a liderança servidora, com base na autoridade, tem como recompensa o desenvolvimento das qualidades de líder e uma missão na vida, conferindo-lhe, por conseqüência, maior propósito e significado. Fala, também, sobre a regra de ouro, segundo a qual se encontra em todas as grandes religiões do mundo e diz que devemos tratar os outros como gostaríamos de ser tratados.

4 –CONCLUSÃO DO RESENHISTA

De um modo geral, o autor propõe um novo modelo de liderança. Diferente do modelo de liderança que vigora na maioria das instituições, o qual é baseado no poder, ele propõe um modelo baseado na autoridade. A liderança baseada na autoridade é aquela cujo líder possui “habilidade de levar as pessoas a fazerem de boa vontade o que você quer por causa de sua influência pessoal”.

Essa autoridade é conquistada quando o líder se dispõe a amar seus liderados, no sentido estrito da palavra, ou seja, amor ágape. O amor ágape é aquele baseado nos comportamentos e não nas emoções. Os comportamentos que o líder deve ter perante seus liderados são: Paciência, bondade, humildade, respeito, abnegação perdão, honestidade, compromisso, serviço e sacrifício. Com esse comportamento, o líder conseguirá atender as necessidades de seus liderados, quais sejam necessidades de incentivo, apreciação, atenção, entre outros. Atendendo tais necessidades, o líder alcança o respeito e admiração de seus liderados e, por conseqüência, influência e autoridade. Essa é, portanto, consoante o autor, o novo modelo de liderança que o líder deve seguir, indicados e praticados desde os tempos remotos por grandes líderes. Esse modelo de liderança é denominado Liderança servidora.

A obra tem por objetivo resgatar um modelo de liderança ensinado e vivenciado por grandes lideres que, através de suas vidas, influenciaram a humanidade. Oferece esse modelo como forma de quebra do velho paradigma de liderar pelo uso do poder. A obra é, portanto, indicada a todo aquele que almeja torna-se melhor líder em sua área de atuação, seja em um ambiente militar, empresarial, seja, inclusive, no ambiente familiar.

Elizeu Júnior
Enviado por Elizeu Júnior em 26/09/2016
Reeditado em 19/11/2016
Código do texto: T5773337
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