A Língua de Eulália

BAGNO, Marcos. A Língua de Eulália: Novela Sociolinguistica. 15 Ed. São Paulo: Contexto, 2006.

O presente livro “A Língua de Eulália”, trata do português, especificamente a lingüística de forma mais dinâmica, fazendo bom uso da linguagem, com 21 capítulos e 243 páginas. Em seu título está a palavra novela, que denota a história que ocorre e a palavra sociolingüística, por tratar de questões que têm a ver com a relação entre a língua que é falada e a organização da sociedade em que vivemos.

A história se inicia quando a professora Irene que já é aposentada, que se dedica a projetos de alfabetização e escreve livros na área da lingüística, que é a personagem principal do livro, recebe em sua casa nas férias de julho, sua sobrinha Vera, estudante de Letras e duas amigas dela da faculdade, Sílvia estudante de psicologia e Emília estudante de pedagogia, em seu sítio no interior de São Paulo, em Atibaia.

Ao chegarem ao sítio de deparam com Eulália amiga de Irene, uma pessoa simples e de pouco estudo, e que sua maneira de falar para as meninas é engraçada. Eulália usa termos como véio, trabáio, cuié, broco. Com isso, Irene começa á mostrar às meninas que cada cultura tem seu jeito próprio de falar, modos herdados de antepassados, ou mesmo dificuldade na língua (órgão) ao pronunciar certas palavras.

A professora aposentada começa explicar as variedades da língua portuguesa, que são classificadas por:

-Diferenças Semânticas: o significado das palavras;

- Diferenças Sintáticas: a organização das frases;

- Diferenças fonéticas: a pronúncia.

Como é citado na obra “Todo mundo fala de um modo que tem explicações na história da língua ou na história de quem fala esta língua. E falar DIFERENTE, como eu venho insistindo o tempo todo, não quer dizer falar ERRADO”.

Irene durante toda a obra tenta introduzir uma perspectiva de conhecimento em que o preconceito lingüístico não exista, pois certas palavras que são consideradas erradas por alguns gramáticos, têm sua origem em outras línguas, como o latim e no caso da região nordeste do Brasil a influência dos franceses e holandeses que tentaram uma colonização em séculos passados, isso é mostrado quando a professora cita a cultura de cada povo, que sofre influencia direta dos seus colonizadores.

Professora Irene decidida se reúne com as três estudantes todos os dias e faz das férias em um curso de ampliação de conhecimentos e saberes lingüísticos, com as multiplicidades lingüísticas que existem, que o quer é erro no português não padrão (PNP) possui uma explicação lógica. No livro, é mostrada a comparação do português padrão com o não padrão para provar ao leitor que há semelhanças e diferenças, e quais são elas.

Cria- se uma reflexão sobre como os gramáticos atuais veem a língua, e que não levam em conta os fatores históricos, sociais e culturais da língua, eliminando sua complexidade. È ressaltado o PP (Português Padrão) e o PNP (Português não Padrão) que nunca entrarão em consenso, e que sempre haverá distância entre a tendência conservadora do PP e a inovadora do PNP.

Irene sugere na obra lida que o ambiente escolar seja um espaço onde proporcione variedades lingüísticas para que as pessoas tenham noção de que há um leque de variedades. Não existe um PP e um PNP, mas uma língua única, com a norma-padrão e todas suas variações, sendo que o processo de transformação da língua nunca para, tanto no PP quanto no PNP.

Senhorita Alencar
Enviado por Senhorita Alencar em 28/03/2018
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