A origem: quatro visões cristãs sobre criação, evolução e design inteligente.

Resenha já! Sem enrolação e sem repetir o que diz na contracapa, o livro “A Origem”, publicado pela Thomas Nelson Brasil, reúne expoentes notáveis das quatro principais teorias da origem do universo - na capa do livro você pode conferir os autores e teorias. O livro já parte do pressuposto cristão de um Deus Criador - nisso todas as teorias estão de acordo -, porém a questão central do livro é: como Deus criou? É a partir desta pergunta que o livro vai se desenrolar.

Aqui a resenha é crítica, visto que nosso objetivo primordial é a "construção de conhecimento". Observamos que o livro está um pouco aquém se colocarmos na mesma prateleira de obras acadêmicas –ele realmente não é acadêmico! A obra utiliza termos carregados de conceitos e termos excessivamente teológicos e de cunho pejorativo, como “eu exorto”, “anticristã”, “nossos oponentes”. Os termos citados como exemplo foram extraídos do artigo do Ken Ham (teoria criacionista de terra jovem).

Ao que se observa, ele (Ken Ham) foi o que utilizou mais argumentos teológicos em favor de sua teoria “científica”. Para o mesmo, a autoridade das escrituras está literalmente ligada com a forma que se lê Gênesis capítulos de 1-11. Ele exagera tanto na sua apologética “ortodoxa”, que o Hugo Ross (teoria criacionista de terra antiga), defensor de uma teoria bem próxima a dele, argumenta: “Ele [Ken Ham] sugere que a discordância de sua opinião nega a autoridade bíblica. Ao fazer tal declaração, ele (inadvertidamente) iguala a sua interpretação particular de Gênesis com a ‘Palavra de Deus’.” Esses argumentos bibliólatras são comuns no meio evangélico, mas para obras acadêmicas jamais deveriam ser aceitas, pois rompe com o dialogo respeitoso.

O organizador (editor) J.B Stump é bem coerente quando faz a definição da polêmica teoria do evolucionismo teísta, atribuindo aos seus adeptos a aceitação dos “credos cristãos tradicionais”. Esse esclarecimento, já de início, tornará a leitura mais palatável para aqueles que não estão familiarizados com o assunto e podem se assustar com a ideia de um cristão genuíno crer na teoria da evolução. Ele afirma ser adepto desta teoria, mas isso não fez ele puxar sardinha para ambos os lados.

A última teoria é o Design Inteligente acusada veementemente de “pseudociência” ou de “criacionismo em um smoking barato”. Normalmente os seus adeptos (defendida por S. C. Meyer) em particular são aqueles que acreditam que o direcionamento divino no processo evolutivo é “detectável” - aqui é o princípio fundamental da teoria.

Portanto, avalio o livro com nota 5, pois comprei na expectativa de ser um livro acadêmico (talvez eu tenha me equivocado em exigir uma abordagem que não foi a proposta pelo autor e editora, acredito que o equívoco foi meu) e acebei me frustrando com debates parecidos com o do “programa vejam só". Agora, se for avaliar numa perspectiva teológica, confessional, para utilização na comunidade de fé e entre os crentes, o livro tira fácil um nota 7,7.

Bibliografia:

Ken Ham, Hugh Ross, Deborah B. Haarsma, Stephen C. Meyer e J. B. Stump. A origem: quatro visões cristãs sobre criação, evolução e design inteligente. Rio de Janeiro: Thomas Nelson, 2019. 304 p.

Arthur Carletto
Enviado por Arthur Carletto em 12/05/2023
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