Poesiaprosaevida

Apresentação

A linguagem desabrida não deve chocar ninguém. É a das personagens e do ambiente retratados. Em Gil Vicente encontramos coisas muito piores. Com expressões por vezes rudes, que não retratam os anseios dos amores vividos pelo povo, e outras até pitorescas, procuramos conciliar um diálogo eminentemente teatral, vivo e saboroso, recheada de grandes autores para embelezar o nosso trabalho, popular sem ser vulgar e paradoxalmente literário, nada tendo de precioso ou alentejoulado.

Do entrelaçamento dos próprios contextos dos muitos tipos de textos, os quais, por seu turno, inscrevem-se nos mais diferentes suportes (Livros, jornais, revistas, fotos, cartazes, tiras, obras de arte, anúncios, peça de teatro, etc.) que circulam na comunidade, surgem propostas para exploração do texto através da gramática.

Assim a gramática aparece, como um elemento a mais para auxiliar na leitura, apreensão, compreensão, interpretação, produção e domínio textual da nossa peça, observando-se sempre a natureza dos textos, a variedades de autores em que circulam os diferentes níveis e registros da linguagem, a natureza dos processos de interlocução e de interação, bem como os graus de “dialogismo” que serão instituídos no decorrer dos nossos trabalhos.

Desta forma, porém, a aproximações de um texto brasileiro com formas e temas dos grandes gêneros da história do teatro não é apontado como defeito, pois não houve cópia, imitação servil ou mera transposição, mas autêntica recriação em termos brasileiros, tanto pela ambientação como pela estruturação, sendo uma obra inédita em suas características, nova e, portanto, absolutamente original.

De tudo o que ficou dito, o leitor concluirá que é um programa da humanidade, com suas fraquezas, amores, paixões, tristeza, alegria, etc., mas também com suas razões de consolo e esperança, que a trama evoca.

Da mesma maneira porque hoje não há padrões regulares na moda, nem nas convenções, assim também na literatura florescem lado a lado as manifestações mais díspares, para isso pensamos em fazer esse ensaio em que envolvem personagens inanimados e vivos para nos responder problemas da vida através dos grandes autores de língua portuguesa.

Trecho de uma fala entre a poesia, poeta, dor, amor, amada, o coração, pensamento e a vida procuram relatar nesses atos as dificuldades da vida de um poeta que ama, é amado, sofre e é sofrido pela vida.

O Poeta, na sua azáfama se acha o boêmio, esquece que o grande boêmio da história é a poesia.

ATO I

(todos refletindo a vida...)

O POETA

(com olhar pensativo e distante: diz)

Sou um guardador de pensamentos e os meus pensamentos são todas as sensações. Penso com olhos e com os ouvidos, e com as mãos e os pés e com o nariz e a boca. Por isso quando num dia de calor, penso em tomar as minhas, e fecho os meus olhos e sinto e sei que na verdade não sou feliz. (Trecho tirado de uma poesia de Fernando Pessoa – como Alberto Caeiro).

A POESIA

(a poesia se acha o tal)

Eu sou tão apaixonado pela boêmia, aliás, eu sou a própria boêmia. Eu sinto, vejo, choro, imagino, crio, fantasio, finjo, enfim eu sou o que sou.

O POETA

(retruca com veemência)

Que nada. Eu sou fingidor, finjo tão completamente, que chego a fingir que é dor, a dor que deveras sinto. (Fernando Pessoa).

A DOR

(apaziguando os ânimos)

Espera aí, turma. STOP, a vida não parou. (Carlos Drummond Andrade).

A VIDA

(humildemente)

Não, meu coração não é maior que o mundo. É muito menor. Nele não cabem nem as minhas dores. Por isso gosto tanto de me contar. Por isso me dispo, por isso me grito, por isso freqüento os jornais, me exponho cruamente nas livrarias: preciso de todos. (Carlos Drummond Andrade).

O CORAÇÃO

(procura chamar a atenção para si.)

Como vocês já sabem sou coração da vida e nele cabem: O amor, O perdão, A tristeza, A alegria, A felicidade, As brigas, Os xingamentos, que nós vivemos e depois esquecemos nessa vida. (Carlos Drummond Andrade).

O AMOR

(se gabando)

Eu, porém direi o seguinte se não fosse o papai aqui, que graça que a vida tinha.(Carlos Drummond Andrade).

A POESIA

(reconhece a importância do amor)

Realmente! Para me seria um desastre. Não diria. De tudo ao meu amor serei atento/Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto/Que mesmo em face do maior encanto/Dele se encante mais meu pensamento. (Vinicius de Moraes).

O PENSAMENTO

(sem modesta nenhuma o pensamento, toma para si às idéias).

Tudo isso são meus pensamentos, minhas idéias, que meus olhos se voltam para minha amada, dizendo assim: “Ó minha amada que os olhos teus são cais noturnos cheios de adeus, são docas mansas trilhando luzes que brilham longe, longe nos breus...” (Vinicius de Moraes).

O POETA

(sem falsa modesta)

Tudo isso “Eu canto porque o instante existe e a minha vida está completa. Não sou alegre nem sou triste: Sou poeta.” (Cecília Meirelles).

A POESIA

(argumenta)

Senhor Poeta. Qual é a diferença entre ser poeta e ser historiador?

O POETA

(responde)

Uma coisa é escrever como poeta, outra como historiador: o poeta pode contar ou cantar coisas não como foram mas como deveriam ter sido, enquanto o historiador deve relatá-las não como deveriam ter sido mas como foram, sem acrescentar ou subtrair da verdade o que quer que seja. (Dom Quixote de La Mancha – Cervantes).

A POESIA

(relembra)

É, isto lembra uma tristeza, e a lembrança é que entristece, dou à saudade a riqueza, de emoção que a hora tece. (Fernando Pessoa).

O CORAÇÃO

(com um olhar crítico)

Espera aí... Esses são meus sentimentos. Conheço algumas pessoas que até tem esses sentimentos e estão envelhecendo mal. Desconfortavelmente. Com uma infelicidade crua na alma. Estão ficando velhas, mas não estão ficando sábias. Um rancor cobre-lhes a pele, a escrita e o gesto. São críticos, aliás, estão ficando cítricos sem nenhuma doçura nas palavras. Estão amargas. Com fel nos olhos. (Afonso Romano Sant’anna).

O AMOR

(com sabedoria)

É Coração. As aparências enganam aos que odeiam e aos que amam porque o amor e o ódio se irmanam na fogueira das paixões, os corações pegam fogo e depois não há nada que os apague. (Tunai/Sérgio Natureza).

O PENSAMENTO

(olha para todos e reclama)

Que dia! Puxa! Que vida comprida, pra que tanta vida pra gente viver... Que dia ... (Chico Buarque de Holanda).

A VIDA

(fitando duramente o pensamento, responde?)

Você que inventou a tristeza, ora, tenha a fineza de desinventar... (Chico Buarque de Holanda).

Nesse trecho como diz o meu amigo “Fernando Pessoa” Tudo vale a pena se a alma não é pequena.

ATO II

(vivendo e se deixando levar pela vida: fez-se grande alma)

O POETA

(com olhar de saudade)

Perdi-me dentro de mim, porque eu era labirinto, e hoje, quando me sinto, é com saudades de mim. (Mário de Sá Carneiro).

A VIDA

(melancólica)

E eu que sou feita de nadas: De grandes serras paradas à espera de movimento,... De casas de moradia caiadas e com sinais de ninhos que outrora havia nos beirais. (Miguel Torga).

A PAIXÃO

(amargurado)

Meu coração sente-se muito triste. Enquanto o cinzento das ruas arrepiadas dialoga o lamento com o vento... (Mário de Andrade).

A AMADA

(com alegria)

O teu amor na treva é um astro, no silêncio uma oração. (Castro Alves).

A MULHER

(com tesão)

O vento beija meus cabelos, as ondas lambem minhas pernas, o sol abraça o meu corpo, meu coração canta feliz. (Lulu Santos e Nelson Mota).

A AMADA

(com desejo)

Ando tão à flor da pele que qualquer beijo de novela me faz chorar... Faz-me morrer. (Zeca Baleiro).

A PAIXÃO

(se achando livre)

Eu sei que a vida vale à pena mesmo que o pão seja caro e a liberdade, pequena. (Ferreira Gullar).

O POETA

(concordando)

Tudo vale à pena se a alma não é pequena. (Fernando Pessoa).

A MULHER

(se derretendo)

E te amar assim muito e amiúde é que um dia em teu corpo de repente hei de morrer de amar mais do que pude. (Vinícius de Morais).

A VIDA

(cheia de coragem)

Responde duma vez, Mulher, toma coragem. Você gosta mesmo do moço?... (Chico Buarque de Holanda).

A AMADA

(se achando maravilhosamente bem)

Eu, pelo contrário, estou me sentindo muito bem. Sinto-me como se minha alma quisesse cantar. (Ariano Suassuna).

O POETA

(com tristeza)

Ó, minha amada, minha doce virgem, eu não te profanei, e dormes pura: No sono do mistério, qual na vida. Podes sonhar apenas na ventura. (Álvares de Azevedo).

A PAIXÃO

(apaixonadamente)

É Poeta. Assim como um voraz devasso beija e suga o seio murcho que lhe oferta está vadia... (Charles Baudelaine/Flores do Mal/RJ: Nova Fronteira, 1985. p. 100-1 – Tradução: Ivan Junqueira).

A MULHER

(chamando a atenção para sermos iguais)

Os seres são desiguais, mas, para chegarmos à unidade, cada um tem de contribuir com uma porção de amor. (Alfredo BOSI).

A VIDA

(concordando diz que o amor é base para tudo)

E eu vos direi: “Amai para entendê-las! Pois só quem ama pode ter ouvido, capaz de ouvir e entender as estrelas.” (Olavo Bilac).

O POETA

(como grande amante que é o poeta fala dos seus amores)

É Comadre (Paixão, Vida e Mulher). É tão fácil falar que ama, mas como poucos, eu amei a palavra liberdade e por ela briguei. (Oswald de Andrade).

A AMADA

(perturbada com o que disse o poeta, fala que o medo atrapalha a convivência)

É um dos problemas maior do amor, é o medo. E um dos efeitos do medo é perturbar os sentidos e fazer com que as coisas pareçam ser o que não são. (Miguel de Cervantes).

Nesse trecho o eu-lírico também questiona a própria existência do amor e confessa não existir sem a presença da mulher amada.

ATO III

O AUTOR

(com toda autoridade fala do amor como soubesse de tudo)

Todas as cartas de amor são ridículas/ Não seriam cartas de amor se não fossem ridículas. As cartas de amor, se há amor, tem de ser Ridículas. (Fernando Pessoa).

O AMOR

(sente-se ofendido)

Assim como o poeta só é grande se sofrer/Assim como viver/Sem ter amor não é viver/Não há você sem mim/Eu não existo sem você. (Vinícius de Morais e Antonio Carlos Jobim).

O POETA

(com olhar de sonhador)

... Amor secreto era a melhor coisa de sua vida. Tinha gosto de romance, um romance secreto que ele escrevia com a imaginação, com desejo, já que a vida se recusava a dar-lhe um romance de verdade. (Olhai os lírios do campo – Érico Veríssimo).

O AUTOR

(fazendo um gesto de concordância)

Não há como negar. Não há quem não queira ser o te do Eu te amo. (Márcia Guerreiro – Estado de São Paulo).

O NARRADOR

(resignando-se diz)

Não sei não. O amor é um grande laço um passo para uma armadilha. (Djavan).

O AMOR

(com olhar tristonho)

Um grande amor tem sempre um triste fim. (Noel Rosa e Heitor dos Prazeres).

O POETA

(com altivez)

É verdade! Já dizia Gonçalves Dias – “Se se morre de amor!... Isso é amor, e desse amor se morre!” (Gonçalves Dias).

O AUTOR

(com ares de conhecedor das estórias)

Porém, muita gente não teria amado se não tivesse lido livros de amor... (La Rochefoucauld).

O NARRADOR

(com o olhar de quem conhece algum caso)

Era um triste amor de verdade,... Um amor sem sorriso nem esperanças. (A Escrava Isaura – Bernardo Guimarães).

Nesse trecho falam dos desencontros, vontades, desejos do amor que pode com o tempo amar ou matar dependendo da instância desse amor.

ATO IV

(onde os sentimentos se entrelaçam)

O AMOR

(com olhar de saudade sentida)

... O tempo, esse devorador das coisas. (Ovídio).

A MULHER

(como senhora dos amores: altiva)

Uma vida não basta ser vivida: também precisa ser sonhada. (Mário Quintana).

A PAIXÃO

(com o olhar sonhador, compara a música com o amor)

A música é como o pão – elementar e santa... (Tristão da Cunha).

A VIDA

(comparando tudo com o amor sentido e sofrido)

A mão que toca um violão se for preciso faz a guerra mata o mundo, fere a terra a voz que canta uma canção se for preciso canta hino louva a morte. (Marcos e Paulo Sérgio Valle).

A POESIA

(achando-se a grande senhora do amor)

Quando não tinha nada, eu quis quando tudo era ausência, esperei quando tive coragem, liguei... Quando vi você, me apaixonei. (Chico César).

A AMADA

(com olhar amargurado pela vida sofrida)

Eu não tinha este coração que nem se mostra. (Cecília Meireles).

A PAIXÃO

(com muita melancolia)

O tempo seca a saudade, seca as lembranças e as lágrimas. (Cecília Meireles).

A MULHER

(concordando com um gesto de cabeça)

Deste lado tem meu corpo tem o sonho... Tem meu amor tão lento... (Murilo Mendes).

O AMOR

(mais uma vez o amor mostra-se senhor da verdade)

É preciso amar... Como se não houvesse amanhã porque se você parar para pensar, na verdade não há. (Murilo Mendes).

A VIDA

(com ressalva)

Tudo vale a pena se a alma não é pequena. (Fernando Pessoa).

A POESIA

(olhando para a mulher, ele profetiza)

Jurar amor, chorar pranto de sangue, não creias, não, mulher: ele te engana! (Joaquim Manoel de Macedo).

A PAIXÃO

(com ânsia e desejo)

Considerei, por fim, que assim é o amor, oh! Minha amada; de tudo que ele suscita e esplende e estremece e delira em mim... (Rubem Braga).

A AMADA

(ainda muito deprimida)

Amor é primo da morte, e da morte vencedor, por mais que matem (e matam) a cada instante de amor. (Carlos Drummond de Andrade).

A MULHER

(com raiva, olhando para todos)

Pois com entranhas de mãe quereis de eu ser comido, roubem todo o meu sentido, para vós. (José de Anchieta).

O AMOR

(julga que a vida é possível)

Mas a vida, a vida, a vida, a vida só é possível reinventada. (Cecília Meireles).

A VIDA

(mostra que sem ela não há amor)

Quero vivê-lo em cada vão momento e em louvor hei de espalhar meu canto e rir meu riso e derramar meu pranto ao seu pesar ou seu contentamento. (Vinícius de Moraes).

A PAIXÃO

(coloca que para bem vivê-la tem que perdoar)

E o amor sempre nessa toada: briga perdoa perdoa briga. (Vinícius de Moraes).

A POESIA

(olhando para vida argumenta)

Se você gritasse se você gemesse... Que ama, protesta? (Carlos Drummond de Andrade).

A AMADA

(pensando em voz alta)

(Pensando) Se nasce o amor morre nasce morre nasce morre renasce remorre renasce... (Haroldo Campos).

A MULHER

(com muita indiferença)

Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante... Se hoje eu te odeio amanhã lhe tenho amor. (Raul Seixas).

A PAIXÃO

(olhando-o)

Pergunta ao Amor. Conhece-te a ti mesmo. (Sócrates).

O AMOR

(com ressalva)

Só sei que nada sei. (Sócrates).

Nesse trecho retratam desesperança da esperança incompleta e muita vezes sonhadas por muitos no ínterim da vida.

ATO V

O POETA

(com desesperança...)

Esperar é reconhecer-se incompleto. (Guimarães Rosa).

O AUTOR

(com esperança)

Quem sabe faz à hora não espera acontecer. (Geraldo Vandré).

A POESIA

(Com certeza de ter conseguido a esperança)

Quem espera sempre alcança. Três vezes salve a esperança... (Gilberto Gil/Torquato Neto).

O NARRADOR

(com olhar sonhador)

E quem vem de outro sonho feliz da cidade aprende depressa a chamar-te de realidade porque és o avesso do avesso, do avesso, do avesso... (Caetano Veloso).

O PENSAMENTO

(libertando o seu pensar)

É novo tempo, é bom pensar é tempo, amor, de libertar o sentimento e a terra preservar. (Preto Jóia, Flavinho, Darcy do Nascimento, Guga).

O POETA

(revendo seus sonhos)

Nos sonhos que fui sonhando as visões se clareando até que um dia acordou então não pude seguir. (Geraldo Vandré e Théo de Barros).

O NARRADOR

(acreditando na esperança)

Sei que quem espera não alcança, mas a esperança não acabará. (Jorge King/Serginho Tonelada/Fernando Partideiro).

A POESIA

(vivendo o sonho de viver o amor)

Quero lhe contar como eu vivi e tudo o que aconteceu comigo viver é melhor que sonhar e eu sei que o amor é uma coisa boa. (Belchior).

O PENSAMENTO

(sonhando com um mundo melhor)

E sonham com melhores tempos idos contemplam essa vida numa cela esperam nova possibilidade de verem esse mundo se acabar. (Zé Ramalho).

O AUTOR

(Sentindo uma nova mudança para seus sonhos)

Você não sente e não vê mas eu não posso deixar de dizer meu amigo que uma nova mudança em breve vai acontecer o que há algum tempo era novo, jovem, hoje é antigo e precisamos todos rejuvenescer. (Belchior).

O NARRADOR

(com olhar de desesperança..)

Não penses que estou fazendo o elogio do puro espírito contemplativo e da renúncia, ou que ache que o povo deva viver narcotizado pela esperança da felicidade na outra vida. (Érico Veríssimo).

O POETA

(achando que morrer não é o fim da esperança, e sim...)

O nosso destino é morrer. Mas também é nascer. O resto é aflição ou frivolidade do espírito. (Paulo Mendes Campos).

A POESIA

(Achando que a esperança esta na religião)

Feliz a inteligência vulgar e rude, que segue os caminhos da vida com os olhos fitos na luz e na esperança postas pela religião além da morte, sem que um momento vacile, sem que um momento a luz se apague ou a esperança se desvaneça! (Alexandre Herculano).

Nesse trecho cada personagem procura definir o verdadeiro amor. E que esse amor seja eterno enquanto dure.

ATO VI

A POESIA

(com o ar de quem viveu o amor)

Eu aproveitei a felicidade deste mundo; eu vivi e amei. (Schiller).

O POETA

(fazendo ar de quem realmente conhece tudo sobre o amor)

O amor é mais do que uma paixão, é uma loucura; é um momento em que se possui ou aquele em que se perde o objeto que se ama. (José de Alencar).

O PENSAMENTO

(pensa que somente o amor é verdadeiro)

De todas as paixões e de todas as virtudes, a que mais se contenta consigo própria é o amor. (Francisco Xavier de Oliveira).

A AMADA

(Sabe que todo amor acaba em um abraço)

Quantas injustiças podem ser esquecidas no abraço de um amigo. (Rousseau).

O AMOR

(com olhar tristonho)

Como são tristes essas vidas sem amor, essas sombras que nunca amaram nada, essas almas que nunca deram flor... (Raul Leoni).

A PAIXÃO

(pensando nos casais)

Há espaço na menor cabana para um feliz par de namorados. (Schiller).

A VIDA

(com trejeito de poeta)

No Banquete da vida, a amizade é o pão e o amor é o vinho. (Mantegazza).

A MULHER

(revendo a vida a mulher faz a seguinte reflexão)

A amizade às vezes termina em amor, mas o amor nunca em amizade. (Charles Caleb Colton).

O POETA

(com a alma repleta de amor)

Quando o amor ocupa uma alma deve ocupá-la inteiramente. (Francisco. Xavier de Oliveira).

A AMADA

(amando)

Deixa-te amar! Oh! O amor é a vida. È tudo que se lamenta e que se inveja, quando se vê a juventude declinar. (Victor Hugo).

O PENSAMENTO

(com ar pensativo)

Não dês a amigos os conselhos mais agradáveis, mas os mais úteis. (Sólon).

A MULHER

(pensando que conhece os homens)

Não sei odiar os homens por mais que deles me desiluda. (Rui Barbosa).

A POESIA

(sempre poético)

O silêncio é o desafogo das grandes emoções, que nos abafam o espírito, enturvando-nos a razão. (Camilo Castelo Branco).

A PAIXÃO

(apaixonada)

Aquele que mais ama perdoa mais. (Amado Nervo).

O AMOR

(com lucidez)

O amor não tem outro desejo senão o de atingir a sua plenitude. (Gibran Khalil Gibran).

A AMADA

(com decepção do amor pela humanidade)

É sempre fácil amar os animais por amor deles mesmos e, às vezes, difícil amar a humanidade, a não ser por amor de Deus. (Madame de Blocqueville.

O POETA

(com olhar de professor)

De boa vontade aprendemos tudo que nos é ensinado por aqueles a quem amamos. (Erasmo).

A POESIA

(pensa que o amor é superior)

O amor tudo vence, e nós nos submetemos a ele. (Virgílio).

O PENSAMENTO

(com descrédito)

Dissimular erros no amigo não é amor, é lisonja; não é prudência, é traição ou, quando menos, pusilanimidade. (Pe Manuel Bernardes).

A AMADA

(pensa que amar é senti-se belo)

Não há mulheres feias nem mulheres bonitas: há apenas a mulher que amamos e que é bonita sempre. (Antero Fiqueredo).

A PAIXÃO

(se sentindo amando)

Os antigos sabiamente pintaram o amor-menino: porque não há amor tão robusto que chegue a ser velho. (Pe Antônio Vieira).

O AMOR

(com olhar de quem pensa ser amando)

Os antigos pintaram ao amor cego, talvez para mostrar que o amor, para ser constante, é preciso que seja incapaz de ver, e que a falta de luz lhe sirva de prisão. (Matias Aires).

A MULHER

(Refletindo)

O amor não se pode definir; e talvez que esta seja a sua melhor definição. (Matias Aires).

O POETA

(fazendo cara de quem conhece o amor)

Sempre que houver um vazio em tua vida, enche-o de amor. (Amado Nervo).

O PENSAMENTO

(acha que o amor é merecido)

Quem que o amor é falso ou enganoso, ligeiro, ingrato, vão, desconhecido, sem falta lhe terá bem merecido que lhe seja cruel ou rigoroso. (Camões).

A POESIA

(diz que o amor é forte)

O amor é uma fonte inexaurível de reflexões, profundas como a eternidade, elevadas como o céu, vastas como o universo. (Alfred de Vigny.

A AMADA

(se sentindo a tal diz)

O amor nada mais é que amar quem tu amas, não por necessidade, nem por utilidade. (Cícero).

A PAIXÃO

(com olhar de apaixonado)

No ódio e no amor fulgura a mesma chama. (Alphonsus de Guimaraens).

A MULHER

(fazendo ar de pensamento)

Nada se deve imputar aos dementes e aos namorados. (Machado de Assis).

O AMOR

(diz que o amor é vida)

Se o amor mata, do beijo do amor nasce à vida! (Jacinto Gutiérrez Coll).

O POETA

(com olhar de quem sabe tudo sobre o amor)

Amar é tudo quanto há de bom na vida. (George Sand).

Nesse trecho mostramos que o amor procura encontrar consigo, mas não consegue desassociá-lo da desumanidade cometida pelo narrador ao envolver o mesmo.

ATO VII

O POETA

O beijo amigo é a véspera do escarro, a mão que afaga é a mesma que apedreja. (Augusto dos Anjos)

O PENSAMENTO

Multipliquei-me, para me sentir, para me sentir, precisei sentir tudo, transbordei, não fiz senão extravasar-me, despi-me, entreguei-me. (Álvaro de Campos)

A MULHER

Vocês, que errando aprenderam, ouçam o que eu tenho a falar: se até hoje cometem seus erros, só as crianças não podem errar? (Pedro Bandeira)

A POESIA

Ia levando meu amor, para molhar teus olhos e fazer tudo bem. (Milton Nascimento e Marcio Borges)

O AMOR

Por falecer do oh! Amor, das mulheres da minh’ilha, minha caveira rirá ah! Ah! Ah! (Oswald de Andrade)

A AMADA

Ah, piedade é o que sinto então. Piedade é a minha forma de amor. (Clarice Lispector)

O PENSAMENTO

Mas responder não pude, à pergunta que fazia, ela, a vida, a respondeu com sua presença viva. (João Cabral de Melo Neto)

A AMADA

Nos primeiros dias foi bonzinho, quem não gosta de uma cabeça de homem no travesseiro? (O pássaro de cinco asas)

O POETA

Não sinto gozo nem tormento. Desmorono ou se edifico, se permaneço ou me desfaço. (Cecília Meirelles)

O AMOR

Eu possa me dizer do amor (que tive): que não seja imortal, posto que é chama. Mas que infinito enquanto dure. (Vinicius de Moraes)

A MULHER

E o amor sempre nessa toada: briga perdoa, perdoa briga. (Fernando Pessoa)

A POESIA

Não se deve xingar a vida, a gente vive, depois esquece. Só o amor voltar para brigar e perdoar. (Fernando Pessoa)

O POETA

Dizem que finjo ou minto tudo que escrevo. Não. Eu simplesmente sinto com a imaginação. Não uso o coração. (Fernando Pessoa)

O AMOR

Meu coração tem pouca alegria, e isto diz que é morte aquilo onde estou... (Fernando Pessoa)

O PENSAMENTO

São demais os perigos desta vida para quem tem paixão, principalmente quando uma lua surge de repente. (Vinicius de Moraes)

A AMADA

A vida só é possível reinventada. Mas a vida, a vida, a vida, a vida só é possível reinventada. (Cecília Meirelles)

O POETA

Tão cedo passa tudo quanto passa! Morre tão jovem ante os deuses quanto morre! Tudo é tão pouco! (Fernando Pessoa)

O AMOR

Quando eu morrer quero ficar, não contem aos meus inimigos, sepultado em minha cidade, saudade. (Mário Andrade)

Izan Lucena Lucena
Enviado por Izan Lucena Lucena em 15/07/2010
Código do texto: T2379080
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