Análise Linguística: Divas no Divã- Linnares, Chris- 2002- Editora Gente.

Direção: Dirce Helena Carvalho.

A Peça em questão, transferida para a linguagem audiovisual de um filme, retrata traços marcantes da personalidade da protagonista, que foram construídos ao longo do tempo, num contexto social particular, vivido e interpretado pela personagem que narra sua história.

A Linguagem, como instrumento de poder, que dita regras comportamentais e psicológicas de forma material e concreta na vida das pessoas, foi o foco principal do filme.

A Protagonista, uma mulher forte no presente, que construiu uma carreira importante, depara-se com momentos de completa incompreensão sobre a realidade em que vive, caracterizando-se por ser uma pessoa dominada pela linguagem exercida sobre ela no passado, e que influencia no presente.

As negativas recebidas na infância pela protagonista, no momento em que tentava descobrir seus talentos, receberam um valor conotativo diferente do que se propunha, interferindo na sua vida adulta, e criando problemas de auto-estima que se estenderam até os dias de hoje. No entanto foram recebidas como forma de alavancar o seu crescimento como pessoa.

A personagem traz à tona diversos tipos de linguagem, ora utilizados por ela mesma, ora utilizados por pessoas que participaram da sua vida no passado, ou que estão participando do seu contexto social no presente, construídos tanto pela língua padrão como a não padrão. Uso da Linguagem verbal e não-verbal. Predominância da “Linguagem feminina” (caracterizada pelas falas longas, cheias de detalhes linguísticos, com expressões corporais, e uso, também bastante acentuado de uma linguagem não verbal, religiosa, de televisão, científica, coloquial, Gírias e até Linguagem construída a partir de uma língua diferente da sua).

A ironia, marcada na entonação da linguagem de alguns personagens, inclusive da própria protagonista, e os outros tipos de linguagens percebidos na peça, dão a dimensão linguística contida nas falas. Constrói-se a partir daí, diversos níveis de interação com a temática do filme, facilitando inclusive, que a platéia entre em contato com muitas questões psicológicas próprias, algumas já resolvidas e outras não, construídas ao longo do tempo em seu contexto social.

A Peça mostra um exemplo da materialidade da língua, e de como ela muda no contexto social, histórico e psicológico de seus interlocutores a cada momento de suas vidas. A Linguagem, portanto, se forma a partir de: “Quem fala, de onde fala, em qual contexto social esta linguagem foi construída?”. Para então, compreender-se seu sentido de forma mais ampla.