No labirinto

Denso punhal é o pranto, na terra

Um muro, e no muro um labirinto...

Consola-nos talvez, o ramo da alvorada

Esculpido no dorso desnudo da beleza.

Sem asas para o lirismo louco da lua

Geme o pranto, e quer torna-se deus:

Tu bebes, monstro de sombra, a sangue aceso

Que sagra o lírio sobre a adaga do caos.

Branca é a alva que esculpe a matinada,

Alberga o infinito, a face de amor

E o olhar do desejo sabe altivo propor

Mas na treva sangra a adaga da desgraça

O cego crê em outra lei, que diz seu não

À gulosa carne e à águia do coração.