A arca aberta
Contempla o mundo a tua frente, arca aberta
É tua aspiração nas noites docementes segredada,
Não há sonho que não cante na alvorada,
É vasta a luz e a voz do azul sempre oferta.
Se a águia ousar, colherá vasta manhã!...
Esguio é o ouro, mas rica é a natureza
Do desejo: o olhar propõe o que a carne
Pensa, à emoção quase sempre propensa.
São albergue de doçura os afagos da Castelã
É brado de gozo o de amor, e a volúpia
Esculpe dia a dia a carne das novatas.
Para festa e não para privação nascidos
Os filhos conhecem o mundano Arno da terra
Que ao ódio é pranto e arrepender-se de fera.