Teu canto
Suponho que o teu canto ‘inda ouviria,
Minha pena te compondo, ponta a ponta,
E o meu corpo aromado de poesia,
Co'essa ausência tua a pôr-me tonta.
Ao silvar lá fora a voz do vento,
Nessa noite o teu verso aqui estaria.
Tão suave o sibilar do seu intento,
Fruindo o meu desejo em fantasia.
Evocaria em ti branda lembrança,
Em sonhos e palavras que decerto,
De mim eflúvios, numa rara dança,
Chegariam então de ti bem perto.
O doce canto que no ar me lança
É justo o teu que é presunçoso e certo.