Divino rito

Interlúnio de paz, albergue da calada

Harmonia, rosa ao capricho do infinito,

Paz de luas e de auroras constelada

Sobre o descanso do amor, divino rito.

Quão grato és a alma outrora devotada

No gume atroz do desespero aflito

Bálsamo do peregrino na invernada

Prece de luz entre ecos e labirinto.

A vida, que quer dar-nos nosso ideal

E traça obscura leis, régias aos passos

E oferece o pranto, a lágrima, o fanal

Canta em teu consolo idílicos abraços

Do amor sem conta que guia o universo

E ao poeta inspira a alta luz do verso.