Louca ânsia

Sombras da paixão, mesclas de fantasia

E carnais vitrines, que o momento irradia

A minha louca ânsia, compassada e erradia

Por vós arde de esperança e de dor sombria.

Musa do verão, oferecendo a forma esguia

Ao macho da vez, provedor e que anseia

Predar-te, mas nunca mimar-te; o dia

É uma taça ou bandeja; ardente ou fria.

Parque de carnal luxúria, altiva estátua,

Amiga do vivedor e predadora discreta

Inspira o amor na lira do poeta

Sobre ti passa a multidão da rua

E nua adormeces na estufa morena

Albergue de sensações, trigueira e terrena.