O turbilhão

É doce ouvir, enquanto a noite estua

O festivo burbur que nos evoca na rua:

Este é o turbilhão, em cujo prazer aceso

Mais de uma vez voou o poeta preso.

É o mundo que gira e à volúpia convida

Em cujo ergástulo gentil o amante tem guarida

E a dor encontra o bálsamo, sutil e lento

Que entretém de loucura o tardo pensamento.

Bastardo ou Lorde, Barão ou mendigo

Todos comem deste pão, vivem deste trigo

Sorriso ébrio por Vênus levado a sério...

Apossa-te, oh luz, das bocas do hemisfério:

Vibras na carne e transbordas na alma

Estuas de volúpico veneno, amas na calma.