O menestrel e o silêncio

Que consolo basta ao pranto aturdido

Do eu injustiçado? Poesia, esperança de amor,

Soem em meu sangue o fio incendido

Que comova os astros e os ponha a meu favor.

O tempo é um corcel cujo trotar indefinido

Esconde as perfídias do ódio, o verso-louvor

Da emoção acessa; labirinto dos sentidos

Leque de cavalgada azul e multicor.

Hoje a vítima e o chacal, o menestrel

E o silêncio da tumba, onde ecoou outrora

Uma canção de amor, clara, límpida, canora

E que continua vibrando no ar, no mundo

Sua expressão de bondade e enternecido mel

Além do monstro e do ódio de apelo imundo.