Neblina

A vida passa, os carros atravessam a avenida, pessoas...

o gato mia ressabiado, uma buzina, o barulho do chuveiro,

olho em volta de mim, a vida pulula, pulsa, faísca, ressoa

e algo dentro de mim está inerte, está frio, está alheio...

O olhar, ah! O olhar no vão da ponte que não poder ser

nem maior, nem menor para garantir a passagem segura,

esse mesmo olhar que faz um zoom na paisagem e lê

as palavras inscritas e circunscritas na linha escura.

Viajando pelas sombras da noite, pelas vestes do mar,

flutuando na neblina obscurecida pelo cansaço do sonho

em estado de criogenia não sente a brisa a lhe tocar.

Sente a solidão com suas garras dilacerando o coração...

há vida em volta de si e porque esse sentimento estranho?

Não consegue compreender e se veste de passageira ilusão.

Nísia Maria de Souza
Enviado por Nísia Maria de Souza em 03/06/2008
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