Neblina
A vida passa, os carros atravessam a avenida, pessoas...
o gato mia ressabiado, uma buzina, o barulho do chuveiro,
olho em volta de mim, a vida pulula, pulsa, faísca, ressoa
e algo dentro de mim está inerte, está frio, está alheio...
O olhar, ah! O olhar no vão da ponte que não poder ser
nem maior, nem menor para garantir a passagem segura,
esse mesmo olhar que faz um zoom na paisagem e lê
as palavras inscritas e circunscritas na linha escura.
Viajando pelas sombras da noite, pelas vestes do mar,
flutuando na neblina obscurecida pelo cansaço do sonho
em estado de criogenia não sente a brisa a lhe tocar.
Sente a solidão com suas garras dilacerando o coração...
há vida em volta de si e porque esse sentimento estranho?
Não consegue compreender e se veste de passageira ilusão.