O rítmo do ouro
Tudo canta, tudo gira no rítmo do ouro
Sua feroz cantiga material, e que engrenagens!
O mundo vibra escravo do metal louro
Não há livre nem beco nem paragens.
Ao pobre o açoite com cruel desdouro
Ao rico todos os gozos e estiagens
Rei da esfera, senhor dos destinos, teu agouro
Doma os amores, as razões e as carnagens.
O teu flagelo impinges ao mundo inteiro
Papel estúpido, sem alma e sem sangue,
Mas sobre os seres vivazes deus altaneiro
Traz-me uma bela de grato abrigo e langue
E sobre a pira ao gozo consagrada prepara
O prazer afeito a muitos, onde a dor desmaia.