Hoje... somente hoje!
Hoje eu tentei escrever um poema que falasse de amor
e se vestisse com a saudade, que cheirasse a primavera,
com o toque do veludo e que tivesse do absinto o sabor...
Ah! Seria bom também que tivesse as cores da aquarela.
E hoje, somente hoje eu tentei usar a lágrima como tinta,
num papel rosa que tivesse como plano de fundo a solidão,
usando a pena do rouxinol que, com seu sangue, a flor pinta
cravando um espinho dessa flor em seu pequeno coração!
Hoje, somente hoje eu queria a inspiração mais perfeita
compondo o verso imortal de uma poesia sem dores,
a poesia secreta que no coração do poeta se deleita.
Ah! Hoje... somente hoje eu queria construir um castelo
feito do néctar das flores do campo em profusão de cores,
exaurindo a alma em uma simbiose do amor mais belo!