Recomeço!

Em tudo na vida há o recomeço, do fim que não existe

e nesse movimento cíclico, dói sempre esse recomeço

das águas turvas do passado ele tenta emergir e insiste

em trazer de volta o penar e, com ele, seu elevado preço.

Feito as marolas do mar bravio que soluça e esbraveja

invadindo sem piedade as já frágeis ruas da existência,

tal tempestade que com rigor castiga na voz que troveja

e com o manto das brumas envolve sem maledicência.

Pior que o recomeço de furacões nos desvarios loucos

é a permanência dos mares não navegados da alma vã

com gemidos tristes, gritos nefandos e gorjeios roucos,

no estertor de uma vida que não finda seu sofrer eterno,

sentindo a magia do poema num frescor jovem, com afã

nessa ânsia de ter sobre si um jeito de amor mais terno.

Nísia Maria de Souza
Enviado por Nísia Maria de Souza em 16/06/2008
Reeditado em 16/06/2008
Código do texto: T1037668