Recomeço!
Em tudo na vida há o recomeço, do fim que não existe
e nesse movimento cíclico, dói sempre esse recomeço
das águas turvas do passado ele tenta emergir e insiste
em trazer de volta o penar e, com ele, seu elevado preço.
Feito as marolas do mar bravio que soluça e esbraveja
invadindo sem piedade as já frágeis ruas da existência,
tal tempestade que com rigor castiga na voz que troveja
e com o manto das brumas envolve sem maledicência.
Pior que o recomeço de furacões nos desvarios loucos
é a permanência dos mares não navegados da alma vã
com gemidos tristes, gritos nefandos e gorjeios roucos,
no estertor de uma vida que não finda seu sofrer eterno,
sentindo a magia do poema num frescor jovem, com afã
nessa ânsia de ter sobre si um jeito de amor mais terno.