Soneto do Amor Passado
Escutar o vento, que sorvo de vida, que bonança!
Num vai-e-vem sem fim
O carinho que me dá, dia a dia, suscita a lembrança
Do amor ingente que vivera em mim
Posto que meus olhos me fizessem triste
Com sua capa sombria, o crepitar do passado
O cheiro dela, como em rosa colhida, ainda existe
Ao azado momento de deixá-lo apagado
Sei que do vivido recordarás entre torvos ais
Este valete numa cama obscura, à noite, brilha tal constância
De querê-la além do que deveria e de, cessada a fronte d’água, desejá-la ainda mais
Derrama, ó Santo Graal, a última gota do vinho, que está lassa
Esperaste que o coração de moça acatasse o inaudível: que nesta vida tudo passa
Que seu erro foi amar demais!