Véus
Em teu deserto verde e tão florido,
A sede que é ancestral e me consome
Resseca em puros poros, é libido;
Só verte em gota, aumenta a minha fome.
Devassa e pura sou, eu não menti,
Arfei e suspirei no ventre teu.
Abri as minhas portas para ti
E a angústia minha assim se arrefeceu.
Desnudas-te pro meu deslumbramento...
São êxtases que nos proporcionamos,
Vazios num tempo incerto e consumado.
Tu, macho, nesse céu de encantamento,
Já teces, todo ardente, flor em ramos
Pra mim, tua fêmea em véus enluarados.