Soneto para os agapantos

Em que música andam; pérgolas, agapantos?

Turmalinas negras banham-se de penumbras!

O sol abrolha, cintila, cromatiza-se de encanto

sobre nódoas, fendas e angústias profundas.

O jaçanã dança na tamara, canta no flamboaiã

e a noite parda, sombria, esconde a distância

da alvorada clara, da coloração da manhã,

da névoa que talha e abruma a esperança.

Vejo o vagar da lua no abluir do girassol,

e meus pés sangrados de amoreiras vencidas,

andam na areia pintando trilhas de caracol.

O jangadeiro rasga o silêncio, rasga o mar,

e no rangir da saudade o sol rubro inclina,

candente, feito paixão que não quer passar.