AZAR (soneto)

AZAR

Tomando por cenário vivo esse que vejo

Nele a paixão se incendeia sem aviso

E se exerce um espetáculo a varejo

As cenas inflamam, e a paz do paraíso

Nesse tempo em que a liberdade era desejo

Parecia glorificar-se do improviso

A tal menina na alegria do gracejo

Casto, que, entretanto ultrajava-lhe o sorriso

Que a pouca idade dignava-se esplender

E o sabor do mel era como um céu estranho

Como o fel de agora engravida o entender

Não habita mais a incerteza de algum ganho

Mas a certeza de que o mal vem ofender

Por tanto inflar de triste sina um só engano

Miguel Eduardo Gonçalves
Enviado por Miguel Eduardo Gonçalves em 21/02/2006
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