Manifesto do subsolo

Hoje desejo esconder–me na terra,

para observar o sexo das minhocas,

sob a sombra de uma ou duas mandiocas,

para ver se minha alma desemperra.

Mudo sempre de lado nessa guerra.

Viver acima da crosta me equivoca,

pois deixa minha razão dorminhoca,

quando uma nova batalha se encerra.

Valorizei sempre as coisas inúteis.

Parentes morrem a cada geração,

mas só imortalizo as pessoas fúteis.

No subsolo me enterrei na vergonha.

Desejo que futura escavação

descubra meu cadáver e o exponha.