POR TRÁS DA VIDRAÇA EMBAÇADA!

Vejo por trás da vidraça embaçada da vida

a poeta engana-se (a si mesma) vã ilusão...

no seio da terra geme, cospe e se debate aflita

na periferia do seu eu se contorce sem compaixão.

Morre a poeta lentamente um pouco por dia

em sua incapacidade de ser feliz, na verdade

chora e seu choro não é lamento... é poesia

e a lâmina afiada do coração é a saudade...!

Morre poeta, morre em sua dor incompetente

tão frágil em sua vingança amarga se enlameia,

está coberta de lodo, lodo viscoso de sua torrente.

A água corre frouxa nos sulcos da face cansada

Não são lágrimas, são dores cristalizadas na areia

de sua praia inerme no sono profundo de sua enseada!

Nísia Maria de Souza
Enviado por Nísia Maria de Souza em 24/10/2008
Código do texto: T1244903
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